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Equilíbrio fiscal é muito relevante para condução da política monetária, reforça Campos Neto

24 nov 2020 - 20h07
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou nesta terça-feira a importância de o país se comprometer com a sustentabilidade das contas públicas, destacando que a adoção desta postura tem implicações para a política monetária, para a gestão da dívida pública e para a atração de investimentos estrangeiros.

Presidente do BC, Roberto Campos Neto
07/04/2020
REUTERS/Adriano Machado
Presidente do BC, Roberto Campos Neto 07/04/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Ao falar da mensagem oficial do BC para os juros básicos, ele destacou que o instrumento de forward guidance (orientação futura) está muito ligado à parte fiscal. Pelo forward guidance, o BC se comprometeu a não subir a Selic --hoje em 2% ao ano-- caso algumas condições sigam satisfeitas, entre elas a manutenção do regime fiscal.

"Batemos muito nessa tecla do fiscal, achamos que é muito importante a continuação dessa mensagem de que o equilíbrio fiscal é muito relevante para condução da nossa política monetária", afirmou ele durante evento promovido pelo InfoMoney.

Em relação à gestão da dívida, Campos Neto reconheceu que há em 2021 um nível de rolagem elevado, com vencimentos grandes de títulos para o próximo ano.

"Lembrando que uma parte grande é prefixado e que o mercado precisa estar em condições melhores de apetite a risco para absorver essa parte prefixada", frisou.

"Obviamente precisamos continuar trabalhando passando sempre a mensagem de disciplina fiscal, que é um dos principais pontos aqui hoje no tocante ao cenário macro", completou ele.

Por outro lado, Campos Neto minimizou o alarde que disse ter visto com suposta "grande crise de rolagem", pontuando que as medidas do BC para limitar a rolagem das compromissadas liberaram recursos para que investidores pudessem comprar LFTs com prêmio maior, o que fez o mercado se ajustar ao longo das últimas semanas.

ESTRANGEIROS NA BOLSA

De acordo com o presidente do BC, há "cabo de guerra muito grande" nas compras e vendas na bolsa brasileira entre investidores locais e estrangeiros, com compra feita por locais institucionais e venda liderada por estrangeiros.

Mais uma vez, ele destacou a importância da credibilidade fiscal para os investidores internacionais voltarem a fazer aportes no país.

"É importante que fluxo de estrangeiros em equity volte para o Brasil, a gente já viu um pouco nas últimas semanas de entrada, e eu acho que, fazendo trabalho de credibilidade bem-feito, tem bastante dinheiro aí para voltar."

INFLAÇÃO

Campos Neto se limitou a reiterar leitura de que a alta de preços na economia tem sido afetada em três dimensões: repasse cambial, gastos com alimentação em domicílio e transferência direta de renda via auxílio emergencial --esta última vista como "muito importante".

O presidente do BC destacou que essa transferência vai se diluir com o tempo. Ele também ponderou que preços monitorados de serviços industriais ainda estão "bastante bem-comportados", ainda que números recentes tenham vindo um pouco mais altos.

PROGRAMA PERENE

Campos Neto também indicou que o programa de liquidez no sistema bancário em troca de crédito privado, criado pela autoridade monetária como uma das medidas para enfrentamento à crise do coronavírus, seguirá adiante como "mudança estrutural".

Segundo o presidente do BC, serão feitas "algumas variações" em relação ao programa que foi adotado.

"Já ia acontecer antes da pandemia, a pandemia acelerou, e nós acabamos fazendo de uma forma diferenciada, mas é muito importante entender que, para esse mercado de crédito privado crescer, é importante que o banco possa usar o crédito na carteira como veículo de liquidez se houver uma necessidade, como foi feito agora", disse.

Em março, o BC anunciou uma série de medidas para injeção de liquidez potencial de mais de 1 trilhão de reais no sistema financeiro. A ação de maior potência foi a concessão de empréstimos pelo BC a bancos com lastro em letras financeiras garantidas por operações de crédito.

Na prática, os bancos ganharam aval para empacotar suas carteiras de crédito e emitir letras financeiras em cima desses ativos. O BC, então, passou a recursos a essas instituições tomando as letras financeiras como garantia.

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