Energia solar deve crescer menos em 2026 com cortes de geração e taxa de juros alta
Absolar também projeta investimentos de R$ 31,8 bilhões na tecnologia no próximo ano, valor menor que os R$ 40 bilhões deste ano
A geração de energia elétrica a partir da fonte solar deve crescer menos em 2026 do que neste ano por conta dos cortes de geração renovável, dificuldades de conexão a novos empreendimentos de geração distribuída (GD) e alta taxa de juros, informou a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
Nas contas da associação, o segmento — incluindo grandes usinas e empreendimentos de pequeno porte — adicionará 10,6 gigawatts (GW) à matriz elétrica do País em 2026, montante 7% menor que o que deve ser acrescido em 2025, quando incorporará mais 11,4 GW. No ano passado, a fonte inseriu 15 GW.
Com isso, a previsão é a de que a fonte solar atinja um volume acumulado de mais de 75,9 GW de potência instalada até o fim de 2026. Deste total, 51,8 GW serão provenientes da GD, enquanto 24,1 GW estarão na geração centralizada (GC), que é conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
No caso das grandes usinas, a associação afirma que a redução no crescimento está associada ao curtailment, jargão setorial para os cortes de geração renovável por razões alheias aos empreendimentos. Já na GD, a instituição diz vivenciar obstáculos de conexão sob o que chama de "alegação" das distribuidoras de incapacidade das redes e inversão de fluxo de potência.
Adicionalmente, a instituição aponta como desafio o alto custo de capital no País por conta da taxa de juros, da alta volatilidade do dólar e de alíquotas que considera elevadas no imposto de importação de equipamentos fotovoltaicos.
Neste contexto, a Absolar projeta investimentos de R$ 31,8 bilhões na tecnologia em 2026, menores, portanto, que os R$ 40 bilhões deste ano. O volume de empregos gerados no setor também deve ser menor, de 319,9 mil novos postos de trabalho previstos, ante os 396,5 mil de 2025. A associação também estima que a arrecadação deve cair de mais de R$ 13 bilhões neste ano para cerca de R$ 10,5 bilhões em 2026.
Próximos passos
Diante deste cenário, o presidente do conselho da Absolar, Ronaldo Koloszuk, afirmou que a perspectiva é de um ano difícil em 2026, mas com um horizonte melhor para 2027. Ele também lamentou o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao trecho da Medida Provisória 1.304 — que foi convertido na Lei 15.269/2025 — que previa ressarcimento integral pelos cortes. Disse ainda que houve "ataques tenebrosos" à GD, mas que foram vencidos ao longo da tramitação da MP.
Já o presidente executivo da associação, Rodrigo Sauaia, destacou que questões como a taxa de juros e as eleições, que influenciam o ambiente de negócios, tem menor raio de ação por parte da instituição, mas destacou oportunidades setoriais como o avanço das baterias, consideradas o "parceiro número 1" para a continuidade do avanço da fonte.
Assim, a Absolar espera apresentar aos candidatos à Presidência da República do ano que vem propostas para uma "solução urgente" de compensação aos cortes de geração, de superação aos obstáculos para GD e para regulamentação adequada dos sistemas de armazenamento de energia elétrica.
Adicionalmente, no próximo ano, a entidade afirmou que reforçará sua atuação em temas como a expansão da infraestrutura de transmissão e distribuição, regras que considera adequadas para os Leilões de Reserva de Capacidade (LRCAP) de Armazenamento, valoração de custos e benefícios da GD, e "defesa da fonte solar na modernização das tarifas de energia elétrica e implantação infralegal da reforma do setor elétrico".