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Em meio ao desembarque do governo Temer, tucanos não garantem apoio incondicional à reforma "enxuta" da Previdência

17 nov 2017 - 18h30
(atualizado às 18h33)
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Em meio à provável saída de ministros tucanos do governo do presidente Michel Temer, a bancada do PSDB na Câmara não garante apoio incondicional à versão enxuta da reforma da Previdência, afirmaram à Reuters lideranças do partido.

O Palácio do Planalto conta com uma votação expressiva dos tucanos à reforma a fim de garantir os 308 votos mínimos para aprovar a nova proposta no plenário da Câmara ainda este ano, mesmo diante do rompimento do partido --principal aliado do governo no Congresso-- na convenção marcada para o dia 9 de dezembro.

O PSDB é a terceira maior bancada da Câmara, com 46 deputados, ficando atrás apenas do PMDB de Temer, com 60, e do PT, com 57.

Auxiliares do presidente Temer contabilizam o apoio tucano e, nos bastidores, fazem uma ameaça velada segundo a qual é importante haver uma reciprocidade: o PSDB deve apoiar a agenda do governo se quiser ter o apoio do PMDB --o maior partido do país-- em uma candidatura presidencial.

"O partido é fundamental na agenda de reformas. Portanto, não deve faltar ao país", disse um interlocutor palaciano. "Vamos ver se o PSDB vai cumprir a promessa de apoiar a nossa proposta", reforçou outro.

O governo deve fechar com sua base no início da próxima semana a proposta desidratada da Previdência que contemple, pelo menos, a criação de uma idade mínima para a aposentadoria e a equiparação dos benefícios concedidos a servidores públicos aos pagos a trabalhadores da iniciativa privada.

O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Trípoli (SP), informou à Reuters que o partido pretende apresentar em breve uma proposta "alternativa" que garanta o pagamento do benefício de prestação continuada (BPC), auxílio previsto na Constituição de um salário mínimo a idosos.

Esse texto dos tucanos também deverá prever uma transição gradativa para a aposentadoria dos servidores públicos. A proposta ainda está sendo elaborada e não está fechado se vai contemplar a adoção da idade mínima.

Um dos vice-líderes do partido na Câmara, Miguel Haddad (SP), afirmou que o apoio do PSDB à nova versão da reforma da Previdência vai depender "da proposta que vier" e que o assunto será discutido na bancada. "Tem que ser amplamente discutida, não é qualquer proposta que vamos aprovar", disse Haddad, um dos deputados tucanos mais próximos ao governador de São Paulo e principal pré-candidato do partido à Presidência, Geraldo Alckmin.

Haddad e outro vice-líder, Izalci Lucas (DF), rejeitam uma correlação entre a votação da Previdência e a eleição presidencial.

"Não há nenhuma possibilidade de o PSDB votar a reforma condicionada a coisas diferentes dela. Não conheço nenhum colega que votaria uma proposta só em função de cargo ou de apoio em 2018", avisou Izalci.

"Não há nenhum vínculo (da reforma) com qualquer processo eleitoral", fez coro Haddad, para quem o PMDB vai estar com o candidato que estiver em "melhores condições" para vencer a corrida ao Planalto.

Um terceiro vice-líder da bancada, Silvio Torres (SP), minimizou a fala dos colegas. Segundo ele, o texto da reforma que passou na comissão especial já recebeu uma série de contribuições do PSDB e contou com a votação expressiva da bancada na ocasião. Ele acredita que o apoio do PSDB vai se repetir na votação da nova proposta.

"Não sabemos como vem o texto, mas o PSDB já apoia a reforma da Previdência. Se houver alguma dissidência, será mínima", prevê Torres, que é secretário-geral do partido e também próximo a Alckmin.

Para Silvio Torres, a discussão sobre a reforma da Previdência é um "compromisso" do PSDB e, qualquer que seja a votação do partido, não espera repercussão para a política de alianças de uma eventual candidatura ao Planalto dos tucanos.

"Não estamos fechando as portas para ninguém, queremos ampliar as alianças. O PMDB é sempre bem-vindo", destacou.

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