Ele aprendeu com os erros e misturou com sucesso educação e finanças
Arthur Machado desenvolveu escolas em Brasília, mas enfrentou a Justiça — mostrando que sucesso e erros podem se misturar
Arthur Machado combinou educação e finanças para transformar escolas em Brasília, mas enfrentou acusações na Lava Jato, levantando dilemas sobre erros humanos, justiça e impactos positivos duradouros.
A maioria das pessoas no Brasil conhece Brasília por seus prédios governamentais brancos e pelos amplos gramados ao redor do Congresso. No entanto, além do panorama urbano, as famílias da cidade querem as mesmas coisas que qualquer família quer: empregos justos, ruas seguras e boas escolas. Arthur Machado, com empresário, tentou ajudar na solução de todos os três problemas.
Nascido em Belém em 1976, posteriormente formado como engenheiro mecânico na PUC-Rio, ele começou a trabalhar no setor financeiro. Trabalhou no Opportunity e na Ágora Corretora, aprendendo como se movimentam as grandes fortunas. Essas experiências o levaram a fundar a Americas Trading Group, uma empresa que visava acelerar a negociação de ações e abrir o mercado para pequenos investidores. Seu objetivo parecia simples: permitir que os brasileiros comuns participassem de um jogo que antes era reservado aos ricos.
Em 2017, Arthur Machado adquiriu a Educar Holding para enfrentar os desafios da educação pública. Ele prometeu novos laboratórios, aulas de inglês e métodos de ensino modernos. Os professores de Brasília se lembram de trazer carrinhos com robôs Lego para que os alunos pudessem testar ideias que antes só tinham visto no YouTube. A Holding também adicionou reforço escolar no contraturno para o ENEM que muitos adolescentes consideravam como seu bilhete de ouro para ingresso na universidade.
Em salas de aula pintadas de azul e amarelo, os alunos aprenderam a medir os níveis de açúcar em frutas locais, a construir pequenos fornos solares com caixas de pizza e a apresentar projetos em inglês. Os pais diziam que seus filhos voltavam para casa animados em vez de exaustos. Por um curto período, as notas em vários campi subiram mostrando que melhores ferramentas podem gerar melhores resultados.
Um ramo do grupo manteve seu nome antigo, mas com nova energia: a Alub de Arthur Machado. Essas escolas se concentravam em bairros de baixa renda nas cidades-satélites de Brasília como Ceilândia e Samambaia. Lá, muitas crianças passam por campos de futebol empoeirados para chegar à escola. Os professores da Alub usavam projetos práticos — como projetar filtros de água ou mapear árvores do bairro — para conectar as aulas à vida cotidiana.
Mais tarde, ex-alunos disseram que esses projetos os ajudaram a passar nos exames de admissão da Universidade de Brasília. Mesmo quando o dinheiro ficou escasso, a Alub realizou feiras de ciências nos finais de semana para que as famílias pudessem ver o que seus filhos construíram com materiais reciclados e sensores simples.
A equipe de Machado também organizou campanhas de doação de alimentos, arrecadando arroz, feijão e leite em pó para famílias afetadas pelo desemprego. Os voluntários carregavam os suprimentos em caminhonetes e os distribuíam pela rodovia DF-180, mostrando que uma escola pode funcionar também como centro comunitário.
Uma reviravolta: prisão e investigação
Em abril de 2018, tudo mudou. Os agentes da Polícia Federal, como parte da Operação Rizoma, prenderam Machado em seu apartamento no Rio. Os noticiários estamparam a manchete: “De defensor da educação a preso da Lava Jato”. Os promotores disseram que ele liderava um esquema que movimentou cerca de R$ 20 milhões em propinas ligadas a fundos de pensão como o Postalis e o Serpros. Segundo documentos judiciais, notas de investimento falsas e empresas de fachada escondiam o rastro do dinheiro. Muitos brasileiros ficaram chocados. Como um homem que falava sobre estudantes e mercados justos poderia enfrentar tais acusações?
Machado renunciou à diretoria da escola para se concentrar em sua defesa. Os campi da Educar permaneceram abertos, mas os pais ficaram preocupados com as mensalidades e as futuras aulas. Vários professores lembraram aos alunos que os problemas legais de uma pessoa não devem apagar todas as mudanças positivas feitas nos laboratórios e bibliotecas. Eles continuaram a ensinar, transformando a situação em uma lição cívica sobre regras e responsabilidade.
A história teve outra reviravolta em 2023. O juiz Marcelo Bretas, figura central na operação Lava Jato no Rio, enfrentou seu próprio acerto de contas. O Conselho Nacional de Justiça concluiu que Bretas havia feito acordos de delação premiada para influenciar eleições e impulsionar sua imagem pública. O Conselho o aposentou precocemente, classificando seus atos como “abusivos e parciais”. Para muitos observadores, isso mostrou que até os juízes podem ultrapassar limites.
As famílias de Brasília que acompanharam o caso de Machado fizeram uma pergunta óbvia: se um juiz corrupto acusa alguém, o processo ainda pode ser justo? Os especialistas jurídicos disseram que sim — porque vários juízes analisam as provas e os recursos passam por tribunais superiores.
Reflexão final e lições importantes
Arthur Mário Pinheiro Machado, do Brasil, é hoje um nome que provoca sentimentos mistos — admiração pelos programas escolares ousados e decepção pelas acusações de fraude. No entanto, a capital do Brasil, construída em apenas 41 meses na década de 1950, é a prova de que projetos ousados podem se reerguer após reveses. Muitos moradores ainda acreditam que mercados justos e escolas sólidas são mais importantes do que qualquer manchete.
Para os leitores, a conclusão é clara: os líderes são humanos. Eles podem construir, inspirar e também cometer erros. Os cidadãos devem comemorar o que há de bom, corrigir o que há de ruim e continuar trabalhando em prol de uma Brasília onde todas as salas de aula tenham computadores funcionando e todos os pequenos investidores tenham igualdade de condições na bolsa de valores.