Proptech Yuca revitaliza prédio dos anos 60 e expande oferta com nova estratégia
Com novo empreendimento no bairro de Pinheiros, em SP, portfólio cresce em opções para quem deseja um apê só para si
As proptechs de moradia, sejam elas de longa ou curta duração, vivem um momento disputado no mercado. Nomes como Casai competem pela atenção do consumidor, cada qual à sua maneira para agregar serviços e atrair mais inquilinos. Contudo, a Yuca, proptech mais voltada a aluguéis de longa duração, resolveu revitalizar um prédio inteiro para reforçar sua oferta.
A companhia fez o retrofit completo de um prédio dos anos 60 no bairro de Pinheiros, em São Paulo, que agora será o Yuca Maranta. Bancado pelo fundo imobiliário da própria proptech (avaliado em R$ 40 milhões), o prédio de 37 apartamentos foi reformado em 5 meses, a um custo total (de compra e reforma) para os investidores abaixo de R$ 12 mil por metro quadrado, valor 30% menor do que o preço de mercado de novos prédios nos arredores.
Com a entrega das unidades, a Yuca ficará responsável pela gestão dos imóveis, oferecendo apartamentos de 1 (30 m²) e 2 dormitórios (60 m²), cobrando valores de R$ 4 mil a R$ 6,5 mil.
Segundo o confundador e head de real estate da Yuca, Rafael Steinbruch, o novo empreendimento chega para atender uma demanda grande do mercado - a de apartamentos individuais - e representa uma mudança em relação à estratégia inicial da Yuca, que reformava apartamentos e oferecia quartos individuais a preços acessíveis no formato de coliving. Segundo Rafael, este modelo continua, mas agora o portfólio cresce em opções para quem deseja um apê só para si.
"Este novo modelo nos fez repensar nosso modelo de supply, nos aproximando de incorporadoras, o que nos fez olhar para o retrofit de prédios inteiros como uma possibilidade", explica. O Yuca Maranta é o primeiro prédio de 3 que a proptech deve entregar até o ano que vem. No entanto, segundo Rafael, a companhia vai analisar o resultado deste primeiro movimento antes de fazer novos investimentos semelhantes.
"Apesar do momento complicado para o mercado de investimento em imóveis, estamos atingindo o resultado esperado, e podemos retomar este plano caso o cenário se torne mais favorável", avalia, inclusive revelando que incorporadoras estão olhando para o exemplo do Maranta para contratar a Yuca para revitalizar prédios com foco em aluguel. "Nós cuidamos do projeto de reforma em troca de unidades que depois gerenciamos em nossa plataforma", pontua.
Com este novo vetor de crescimento, a Yuca espera ter um influxo alto em sua oferta de unidades - hoje a empresa tem cerca de mil (600 entregues e 400 em reforma). A companhia espera fechar 2022 com 1400 sob gestão, e fechar 2023 perto das 4 mil unidades geridas.
Brigando com o QuintoAndar
Apesar da Yuca colocar sua proposta de valor em aluguéis com serviços agregados, semelhante a proptechs de estadias curtas como a Casai, o foco da empresa está nos clientes que desejam ficar mais tempo nos imóveis. Os contratos partem de seis meses de duração e podem chegar a até quatro anos, e o tempo de permanência médio é de 15 a 18 meses.
No ano passado, a companhia recebeu uma rodada série A de US$ 10 milhões, liderada pela monashees e acompanhada por investidores como Terracota Ventures e ONEVC, além da Tishman Speyer. Segundo Rafael, a empresa ainda está com boa parte desta grana no bolso, investindo principalmente em tecnologia - os investimentos em imóveis partem sempre do fundo que a proptech tem na bolsa.
Ainda de acordo com o cofundador, a Yuca está mais interessada em entregar moradias de qualidade em valores mais competitivos que a média do mercado. "Não estamos tanto competindo pelos imóveis em bairros mais centrais, tanto que a melhor perfomance para long stay está em locais como as zonas norte e leste de São Paulo", explica.
Para Rafael, existe uma grande parcela da população que está procurando seu novo apartamento em sites como o QuintoAndar, que apenas oferece apartamentos, sem a proposta de valor agregado que a Yuca prega, e este é o público que Rafael quer atingir.
"Tem pessoas no pé e no meio da pirâmide que buscam produtos de qualidade no mercado de aluguel, e queremos atendê-las. Não precisamos entrar na briga pelo imóvel triple A no Itaim", finaliza.