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IPCA de julho registra deflação de 0,68%, a maior desde início da série histórica

Índice acumula alta de 4,77% neste ano e de 10,07% nos últimos 12 meses

9 ago 2022 - 09h28
(atualizado às 11h10)
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Mercado Municipal de São Paulo, na Rua Cantareira, região central da capital
Mercado Municipal de São Paulo, na Rua Cantareira, região central da capital
Foto: Estadão

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou queda de 0,68% julho, a maior deflação registrada desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1980. Com esse resultado, o IPCA acumula alta de 4,77% no ano e 10,07% em 12 meses.

A deflação foi puxada pelas quedas nos preços dos combustíveis e da energia. O preço da gasolina caiu 15,48% e o do etanol, 11,38%. A gasolina, individualmente, contribuiu com o impacto negativo mais intenso entre os 377 subitens que compõem IPCA, com -1,04 ponto percentual (p.p.). Além disso, também foi registrada queda no preço do gás veicular, com -5,67%.

O único combustível com alta em julho foi o óleo diesel (4,59%), cujo resultado ficou acima do mês anterior (3,82%).

O grupo de Transportes (que contém combustíveis, entre outros itens) teve queda de 4,51% na comparação com o mês anterior e teve impacto de -1 p.p. no IPCA de julho.

O único outro grupo a ter deflação foi o de Habitação, que caiu 1,05% na comparação com junho e teve impacto de 0,16 ponto percentual. A queda está relacionada à redução do preço da energia elétrica residencial (-5,78%) após vários estados reduziram a alíquota de ICMS cobrada sobre os serviços de energia elétrica. Além disso, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou as Revisões Tarifárias Extraordinárias de 10 distribuidoras espalhadas pelo país, reduzindo as tarifas a partir de 13 de julho.

Mesmo com a indicação de que o pior já passou para a inflação, o BC elevou na semana passada a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, a 13,75%.

A queda do IPCA em julho teve forte influência da lei que estabelece um teto para as alíquotas de ICMS sobre os setores de combustíveis, gás, energia, comunicações e transporte coletivo. O maior impacto dela, no entanto, deve ficar restrito a julho.

Isso garantiu que os grupos Transportes e Habitação registrassem respectivamente recuos de 4,51% e 1,05% nos preços, os únicos com variação negativa no índice do mês. "Energia, para além do ICMS, teve redução de PIS e Cofins e redução tarifária. E, no caso dos combustíveis, ainda tem o efeito da queda nos preços promovida pela Petrobras”, disse o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov. “(Mas) a partir de agosto esse efeito deve ser residual. A queda do ICMS deve ficar mesmo concentrada nesse resultado de julho."

Felipe Sichel, sócio e economista-chefe do Banco Modal, disse em nota acreditar "que o cenário inflacionário permanecerá benigno para o mês de agosto dado o corte de preço de gasolina anunciado pela Petrobras no final de julho". No entanto, "a dinâmica do mercado de trabalho e a nova rodada de estímulos fiscais representam riscos altistas no médio prazo".

Leite

Leite
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Foto: engin akyurt/Unsplash

Por outro lado, a maior alta no mês veio do grupo Alimentação e Bebidas, com forte peso no bolso do consumidor, que avançou 1,30%, de 0,80% em junho. A alta da alimentação no domicílio acelerou de 0,63% em junho para 1,47% em julho, e o maior impacto positivo no índice mensal veio do leite longa vida, que subiu 25,46%, devido à entressafra e aos custos de produção elevados.

Já o índice de difusão, que mostra a disseminação da alta dos preços entre os produtos, vem apresentando queda, passando de 72% em maio para 67% em junho e 63% em julho, segundo o IBGE.

"A leitura reforça a visão de que o pior ficou para trás. Quanto à qualidade da inflação, temos visto os primeiros sinais de uma melhora nas medidas gerais (núcleos e difusão), mas a inflação de serviços ainda é fonte de preocupação no médio prazo, especialmente com o mercado de trabalho aquecendo", avaliou Daniel Karp, economista do Santander Brasil.

Em julho, a inflação de serviços desacelerou a 0,80%, de 0,90% no mês anterior, mas ainda acumula em 12 meses alta de 8,87%, segundo os dados do IBGE.

Embora o BC tenha dito que avaliará a necessidade de ajuste residual nos juros em sua reunião de setembro, boa parte dos mercados parece acreditar que este ciclo de aperto monetário já chegou ao fim.

As expectativas do mercado para a inflação este ano vêm diminuindo graças ao alívio nos preços administrados. Mas, para 2023, as contas estão subindo, uma vez que as medidas de alívio não devem ter impactos duradouros.

A ata do encontro da semana passada do BC, divulgada nesta manhã, alerta ainda que o prolongamento de políticas temporárias de apoio à renda pode elevar prêmios de risco do país e as expectativas de inflação.

*Com informações da Reuters e Estadão Conteúdo

Fonte: Redação Terra
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