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Governo corre para regularizar exportação de carne à China antes da visita de Lula

Após confirmação de caso da doença em animal no Pará, objetivo é confirmar que ocorrência é isolada e retomar comércio antes de Lula viajar

23 fev 2023 - 14h41
(atualizado às 15h57)
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BRASÍLIA - O governo brasileiro tenta acelerar os protocolos sanitários para regularizar a exportação de carne bovina para a China. O objetivo é que as relações comerciais estejam regularizadas antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcar para um encontro bilateral com o presidente chines Xi Jinping, previsto para o dia 28 de março.

Nesta quarta-feira, 22, o Ministério da Agricultura (Mapa) e o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA) confirmaram a ocorrência de um caso isolado do mal da "vaca louca", em um animal de uma pequena propriedade em Marabá (PA). Imediatamente, o governo brasileiro tratou de suspender a exportação de carnes para o gigante asiático, conforme determinam os protocolos sanitários adotados por Brasil e China.

Segundo o ministro do Mapa, Carlos Fávaro, a confirmação do caso de "encefalopatia espongiforme bovina" (EEB), nome científico do mal da vaca louca, foi registrada em apenas um animal de nove anos, que foi abatido, seguindo os protocolos. O animal fazia parte de um rebanho de 60 animais, segundo o ministro, que estão isolados na pequena propriedade.

Pelos exames já realizados, o touro apresentava degeneração cerebral, por ser um animal mais velho, e desenvolveu a doença. Segundo o Mapa, não houve nenhum tipo de contaminação, até porque os animais eram criados em pastos, sem uso de ração animal. Por isso, a ocorrência tem sido tratada como um caso atípico, ou seja, isolado, e não um tipo "clássico", que envolva a contaminação de um rebanho, por exemplo.

Ministério da Agricultura diz que caso do mal da vaca louca identificado em uma pequena fazenda em Marabá, no Pará, é caso isolado, decorrente de degeneração cerebral de um animal
Ministério da Agricultura diz que caso do mal da vaca louca identificado em uma pequena fazenda em Marabá, no Pará, é caso isolado, decorrente de degeneração cerebral de um animal
Foto: Leonardo Soares/Estadão / Estadão

Amostras do animal e informações foram encaminhadas ao laboratório da Organização Mundial de Saúde Animal (Omas), localizada em Alberta, no Canadá. A expectativa do governo é de que, em cerca de cinco dias, haja uma contraprova sobre o caso. A partir daí, as relações comerciais poderiam ser regularizadas nas próximas semanas.

"Acreditamos que tudo estará normalizado antes da ida do presidente Lula à China", disse Carlos Fávaro. "Aguardamos o resultado do teste para confirmação de caso atípico, mas, com transparência e segurança, ressalto: não há motivos para os consumidores se preocuparem com a carne que comem em suas casas. Estamos adotando todas as providências no ministério para o mais rápido restabelecimento do mercado."

O envio do material para o Canadá deve-se ao fato de o Brasil ainda não ter concluído a estrutura de um laboratório local para realizar esse trabalho. A expectativa é de que uma base em Pernambuco esteja em operação até dezembro deste ano.

O governo declarou que não há nenhum risco de consumo da carne nacional, seja dentro do Brasil ou para outros países, e que a decisão relacionada à China foi protocolar, por conter esse tipo de regra rígida e de transparência. Um protocolo assinado pelos países em 2015 prevê a comunicação imediata à China sobre a identificação da doença e a suspensão voluntária das exportações pelo Brasil.

A China é o maior comprador da carne brasileira, tendo respondido por 57% das exportações do produto nacional em janeiro, com a movimentação de US$ 485 milhões. O segundo maior consumidor são os Estados Unidos, com 9,4% das exportações e movimentação de US$ 79 milhões em janeiro, conforme dados oficiais da balança comercial brasileira.

Estadão
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