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Cartões de crédito estão com os dias contados e devem acabar? Entenda

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, disse que mudanças estão sendo estudadas na utilização de cartões

20 jun 2023 - 05h00
(atualizado às 15h17)
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Cartões de crédito estão com os dias contados e devem acabar em breve; entenda
Cartões de crédito estão com os dias contados e devem acabar em breve; entenda
Foto: CÉLIO MESSIAS/AE

Os cartões de crédito devem acabar em breve. Pelo menos, essa é a opinião de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, ante a possibilidade de obter crédito através do Pix de maneira mais simples e com menos taxas do que no método tradicional.

“Com o crédito no Pix você não precisa mais, em tese, de cartões de crédito ou de MDR (taxa de desconto que as credenciadoras recolhem dos lojistas). Você consegue replicar o fluxo que hoje o cartão de crédito faz entre o banco, o lojista e o consumidor”, disse Campos Neto.

A declaração foi dada em um evento realizado no Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), com a presença de grandes nomes do mercado. Na ocasião, Campos Neto também revelou que o BC estuda mudanças na utilização do cartão de crédito, o maior responsável pelo endividamento no País. "Cartões puxam o spread [diferença entre o preço de compra e venda de uma ação, título ou transação monetária] muito para cima. A inadimplência no cartão de crédito subiu para 52%", afirmou.

Essa, porém, não foi a primeira vez que o presidente do BC tocou no assunto

O que pode mudar?

A ideia do Banco Central é que, futuramente, cada pessoa tenha instalado em seu smartphone um aplicativo que irá integrar bancos, com o sistema chamado open finance. Isto é, não será necessário ter mais de um aplicativo de instituições bancárias para acessar suas contas e fazer transações — todas as informações serão concentradas em um único lugar, inclusive as taxas de crédito para todas as contas disponíveis.

O Pix, que se tornou o método de pagamento mais usado pelo brasileiro pouco tempo depois de ser lançado, já oferece a possibilidade de fazer compras na modalidade crédito.

Com a integração do open finance e Pix no crédito, a necessidade de usar os cartões de crédito deixa de existir, segundo explica o economista e fundador da Rota Investimentos, Tiago Velloso. "A ideia é substituir o cartão de crédito físico para o que hoje já é utilizado, o celular, com transações feitas pela carteira digital e aplicativos. A grande transformação é o open finance", diz.

A mudança pode ser impulsionada com os baixos custos da transação, visto que as operadoras de crédito - que 'mordem' uma fatia da compra em taxas ao vendedor -, deixam de participar da equação. Além disso, com o Pix, o vendedor não precisa esperar o prazo de 30 dias para ter acesso ao dinheiro das vendas, como acontece geralmente com as maquininhas.

Quem pode ser impactado

O maior impacto negativo deve recair sobre as bandeiras, como Visa e MasterCard, por exemplo. Isso porque, sem a necessidade de uma intermediadora entre banco e vendedor, elas perdem sentido. Para que continuem no mercado de pagamentos brasileiro, será preciso alguma adaptação, segundo Orli Machado, CEO da C&M Software, uma das empresas autorizadas pelo BC a transacionar o Pix no País.

"Elas [bandeiras] estão em uma situação um pouco complicada neste momento, porque precisam criar um sistema de mecanismo que tenha repasse de valores em tempo zero", explica. Desta forma, o vendedor receberia os pagamentos instantaneamente, seguindo a proposta do Pix. "Embora elas tenham bastante tradição no mercado, agora têm que provar que conseguem fazer algo melhor", conclui.

É mesmo o fim?

Ao Terra, a ABECS (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) disse que o consumidor seguirá tendo diversas opções de meios de pagamento à disposição, adequadas a diferentes realidades e situações, e tendo o poder de escolher qual delas oferece a experiência mais conveniente, segura e adequada ao seu objetivo naquele momento.

"A Abecs entende que o Pix é mais uma ferramenta que ajuda a ampliar a digitalização da economia e a inclusão financeira da população. A competição entre os arranjos, desde que sob as mesmas regras e condições, é saudável e acarretará benefícios para o consumidor e a sociedade como um todo", acrescenta.

Para a associação, o sistema de cartões seguirá em crescimento "por oferecer soluções seguras e eficientes, que agregam valor ao cliente e ao comércio, além de apresentar características específicas, como a possibilidade de contestar despesas, a segurança e a fluidez do pagamento em compras pela internet, aplicativos e também por aproximação", pontua em nota enviada à reportagem.

Como exemplo, a ABECS cita o crescimento do pagamento por aproximação, que já representa 44% do total de pagamentos com cartões realizados presencialmente.

"Os meios eletrônicos de pagamento – cartões de crédito, débito e pré-pagos – representam cerca de 60% do consumo das famílias e continuam crescendo de maneira importante no Brasil, tendo movimentado R$ 840 bilhões em compras apenas no primeiro trimestre do ano, o que representa alta de 10,7% em comparação com o mesmo período de 2022", completa.

Por fim, a associação ressalta inovações no setor, como pontos, cashback, transações internacionais, entre outros benefícios, além do desenvolvimento de iniciativas como a padronização de soluções como o débito online, os pagamentos recorrentes e o click to pay (compras online sem necessidade de informar dados do cartão).

Fonte: Redação Terra
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