Deputado bolsonarista chama Haddad de 'Taxad' e bate boca com petistas; veja vídeo
Em sessão da Comissão de Agricultura da Câmara, ministro rebate e defende taxação de 'BBBs'
BRASÍLIA - A Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural da Câmara virou palco de um bate-boca nesta quarta-feira, 24, após o deputado federal Delegado Caveira (PL-PA) chamar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que compareceu à sessão, de "Taxad".
O deputado alegou que tratava-se de um apeligo usado em redes sociais, e não de uma ofensa. "Esse governo criou 24 impostos. Que saudades do Paulo Guedes", afirmou Caveira, citando o ministro da Economia do ex-presidente Jair Bolsonaro.
As declarações de Caveira abriram uma discussão na sessão com os deputados petistas. Caveira ordenou que os deputados Elvino Bohn Gass (PT-RS) e Dionilso Marcon (PT-RS) "calassem a boca". "Deputado do PT quando não está mentindo, está roubando", gritou Caveira.
Haddad disse lamentar ter de responder ofensas contra a honra das pessoas. "As operações da Polícia Federal estão chegando nos verdadeiros ladrões da nação", respondeu o ministro.
"O seu comportamento em relação aos seus pares precisa ser avaliado nesse momento de diálogo. Esse tipo de desrespeito e ofensa gratuita não colabora", afirmou Haddad.
Quanto à taxação, Haddad respondeu ao deputado classificando a não correção da tabela de Imposto de Renda pelo governo Bolsonaro como a "maior vagabundagem" feita no País.
Ele voltou a defender a taxação de 'BBBs' - bets, bilionários e bancos. "Essa foi a maior taxação. Taxar bets, super-ricos e bancos para isentar quem Bolsonaro cobrou? Isso o senhor pode usar o apelido à vontade. Nós vamos começar a taxar bet, a taxar bilionário que não paga imposto, porque é assim que se busca justiça tributária", rebateu Haddad. "Como alguém pode ser contra a taxar quem não paga?", questionou.
'Negacionismo atrapalha', diz Haddad a bolsonarista
Haddad disse que o negacionismo sobre dados oficiais "atrapalha muito" o debate, ao responder o deputado Evair Melo (PP-ES).
"Aquela coisa do negacionismo que atrapalha muito a terra redonda, a terra plana. Aquela coisa que vocês fazem que acaba resultando num debate franco", disse.
Evair Melo havia questionado dados de desemprego do País e a situação financeira das estatais. O deputado trocou outras farpas com Haddad. "O senhor preste atenção aqui, ministro. Se o senhor quer tempo de deputado, se candidate", disse. "Não tenho a mínima intenção", rebateu Haddad.
O ministro falou que, se o congressista duvida que o desemprego estava em dois dígitos no governo passado e agora está na mínima histórica, ele deveria questionar o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de forma oficial sobre os dados, que é quem divulga as informações. Melo disse que já está questionando a instituição formalmente.
Haddad criticou ainda as decisões do Congresso durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e defendeu a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que, segundo o ministro, foi necessária por causa de "calote" da administração anterior. "A PEC da Transição se deve ao fato que vocês deram um calote nos governadores ao se apropriar o ICMS dos combustíveis", disse.
O chefe da equipe econômica do governo afirmou ainda que a última legislatura aprovou mudanças no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) sem previsão orçamentária e que isso custará R$ 40 bilhões.
Além disso, de acordo com o ministro, o governo Bolsonaro deu o maior incentivo fiscal da história para as bets, que ficaram 4 anos isentas. "O senhor acha que nós deveríamos manter as bets sem cobrança de imposto como vocês fizeram por quatro anos? As bets acabando com a vida das famílias e remetendo todo o dinheiro para fora do Brasil", disse.
O ministro afirmou que tentar enganar os eleitores durante o processo eleitoral pode ser um "golpe prévio". "O que também pode ser visto como uma espécie de golpe prévio. Que é tentar enganar o eleitor durante o processo eleitoral. Vocês deram um calote nos precatórios".