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Demissionária desde março, Susana Guerra deixa IBGE nesta sexta-feira

Entre os últimos atos da atual presidente do órgão, está um acordo com a ONU para administrar uma plataforma digital que vai facilitar a divulgação e o intercâmbio de informações com outros países

7 abr 2021 - 21h07
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RIO - A presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Susana Cordeiro Guerra, vai deixar oficialmente o cargo nesta sexta-feira. Ela pediu exoneração no mês passado, um dia após o Congresso Nacional aprovar um corte orçamentário de 96% no Censo Demográfico previsto para este ano, inviabilizando o levantamento. O nome do sucessor de Susana ainda não foi divulgado, mas nos bastidores há esforços pela nomeação de um nome técnico, que já esteja familiarizado com o funcionamento do instituto.

Em um de seus últimos atos à frente do instituto, ela assinará um acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) que torna o Brasil um dos cinco países do mundo administrador de uma plataforma digital de processamento de dados estatísticos e geocientíficos. Além do Brasil, somente China, Emirados Árabes, Ruanda e um representante europeu ainda não anunciado têm acesso a essa ferramenta, que facilitará a divulgação e o intercâmbio de informações.

Com o acordo, Susana espera abrir as portas do órgão, que viraria um hub de big data, não apenas para a modernização da produção de conteúdo como para futuros financiamentos, que poderiam inclusive ajudar na viabilização do Censo Demográfico. A cerimônia de assinatura terá adesão do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), embora não envolva transferência de recursos financeiros, mas sim de tecnologia e de treinamento para tratamento de dados.

"Por conta da pandemia, outros órgãos de estatística estão passando por dificuldades análogas e gerando soluções em tempo real. Então, isso abriu um espaço tremendo para uma cooperação multilateral. E essa cooperação internacional visa essa abertura, e também é uma alavanca para o IBGE continuar levantando recursos com outros órgãos para que consiga levar adiante outros projetos de tecnologia e modernização que serão cruciais em um período tanto de pandemia mais branda, mas também de restrição orçamentária", contou Susana.

Segundo fontes ligadas ao instituto, a escolha da ONU foi um desdobramento do aprendizado do órgão durante a pandemia, com novos processos de trabalho que podem ser aproveitados para a realização do censo. O primeiro é um modelo misto de coleta, que passa do presencial e online para agora também telefônico. Os cadastros de endereços também foram aperfeiçoados. O acesso e tratamento de dados cadastrais de beneficiados pelo auxílio emergencial pago pelo governo federal já permitiram ao IBGE um mapeamento remoto de grande parte dos domicílios a serem visitados, e equipamentos de segurança sanitária seriam adquiridos para permitir as visitas domiciliares.

Vacinação

Antes que a verba do censo fosse cortada, o órgão estatístico pediu em ofício ao Ministério da Saúde a vacinação dos mais de 200 mil recenseadores que deveriam visitar os cerca de 71 milhões de lares brasileiros a partir de agosto deste ano. A demanda teria recebido uma sinalização favorável do ministério, embora tenha havido sucessivas trocas de ministros desde então.

Segundo fontes do IBGE, a presidente chegou a conversar com deputados, senadores e integrantes do Ministério da Economia para tentar assegurar os recursos para levar o censo a campo. Realizado a cada 10 anos, o censo deveria ter ido a campo em 2020, mas foi adiado para 2021 por causa da crise sanitária. Quando a pandemia se agravou no Brasil, em março do ano passado, o IBGE suspendeu as coletas presenciais de diferentes pesquisas desenvolvidas pelo órgão, digitalizou processos de trabalho, ampliou entrevistas por telefone e coleta de dados pela internet, além de criar pesquisas novas, como a Pesquisa Pulso Empresas e Pnad Covid, para aferir o impacto de curto prazo da pandemia sobre a sociedade.

Estadão
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