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Com maior vulnerabilidade ao tarifaço, Nordeste teme desemprego e agravamento da desigualdade

Pesquisador sugere que governo crie planos de ajuda aos produtores levando em conta as diferenças dos impactos regionais do tarifaço

6 ago 2025 - 04h59
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Resumo
Estudo da FGV aponta que o Nordeste é a região mais vulnerável ao impacto socioeconômico do tarifaço dos EUA, devido à predominância de exportações de produtos primários e a maior dependência de mão de obra menos qualificada.
A manga brasileira será um dos produtos mais afetados pela taxação dos EUA
A manga brasileira será um dos produtos mais afetados pela taxação dos EUA
Foto: C.R Soares/500px/GettyImages

O Nordeste é a região do País que corre maior risco socioeconômico relacionado ao tarifaço dos Estados Unidos sobre o Brasil, que entra em vigor nesta quarta-feira, 6. Segundo estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), a região está mais suscetível ao desemprego, retração econômica e agravamento da desigualdade em função da tarifa de 50% decretada pelo presidente norte-americano Donald Trump. 

Cerca de 11,1% das exportações feitas no Nordeste têm como destino os EUA. O percentual é menor do que o registrado pelo Sudeste, em que 22,5% de suas exportações vão para o país governado por Donald Trump. A diferença, porém, está no tipo de produto que é exportado por cada região e quem é a mão de obra inserida nesses processos. 

Veja quais produtos brasileiros ficaram de fora do tarifaço de 50% de Trump:

"Quando eu tenho um produto, por exemplo, já semi-acabado, com uma cadeia produtiva muito mais adensada, a capacidade que esse produto tem de ser redirecionado para outros países, outros mercados, tende a ser maior, à medida que você tem um grau de organização daquela atividade produtiva muito mais alta", afirma Flávio Ataliba Barreto, pesquisador do FGV Ibre. 

No caso do Sudeste, as exportações aos EUA têm alto valor adicionado, correspondendo, principalmente, a manufaturas e petróleo. Enquanto isso, as exportações vindas do Nordeste são majoritariamente produtos primários. 

Flávio Ataliba dá como exemplo o mel vendido pelo Piauí, produzido por cooperativas de pequenos produtores. "Para se realocar esse produto, é bem mais difícil, haja vista que nós temos aí uma atividade ainda pouca institucionalizada do ponto de vista de seus arranjos produtivos", analisa. 

Outro exemplo de caso de preocupação é para onde será redirecionada as exportações de frutas do Vale do São Francisco. O impacto imediato recai sobre a manga, cuja janela crítica de exportação aos EUA começou neste mês, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP).

Na produção destas frutas, estão envolvidos trabalhadores com menores níveis de escolaridade, o que, para o pesquisador, é um agravante da situação de vulnerabilidade.

"Cessar a exportação desses produtos para outros países potencialmente tem um efeito em termos sociais bem maior, porque as pessoas que serão atingidas são de mão de obra intensiva com baixa qualificação. Esse grupo de trabalhadores tenderá a sofrer, em termos relativos, bem mais do que uma estrutura produtiva bem mais organizada", defende Flávio Ataliba.

O intuito do estudo publicado pelo FGV Ibre foi fornecer dados para que o Estado possa montar políticas públicas que atendam às diferenças regionais que virão com o impacto do tarifaço. Ataliba sugere que o governo estruture planos de ajuda aos pequenos produtores e cooperativas, seja por meio de compras governamentais, de oferecimento de linhas de crédito ou de orientação para redirecionamento desses produtos para outros mercados. 

Na outra ponta, a região que deve sofrer menos impacto do tarifaço é a Centro-Oeste. Mesmo sendo reduto do agronegócio, a dependência da região aos EUA é menor e suas exportações possuem maior capilaridade. 

Fonte: Redação Terra
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