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Com aumento dos gastos públicos, IFI projeta cenário fiscal 'incerto' para o País

Segundo o órgão, a dívida bruta em relação ao PIB deve voltar a subir e terminar o ano em 83,3%; para Felipe Salto, Auxílio Brasil pode agravar quadro de endividamento do País

21 out 2021 - 05h10
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Apesar de o governo celebrar a melhora recente das estatísticas fiscais, a dívida bruta em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) deve voltar a subir em breve, devido ao aumento do pagamento de juros, e terminar o ano em 83,3%, ante 82,7% em agosto, projeta a Instituição Fiscal Independente do Senado (IFI).

Mas o quadro de endividamento do País pode piorar ainda mais, alerta o diretor-executivo do órgão, Felipe Salto, com as medidas discutidas pelo governo para a ampliação do Auxílio Brasil, que pode ter parcelas fora do teto de gastos, e o adiamento de parte do pagamento dos precatórios em 2022.

"É bom dizer que o cenário pessimista é o segundo mais provável. Se as medidas de flexibilização do teto e de mudança do regramento dos precatórios avançarem, a tendência é de a dívida bruta ficar entre o cenário-base e o pessimista. A fotografia fiscal de hoje mostra um futuro incerto", disse. "O debate do teto está em aberto. Já alertamos desde setembro de 2020 sobre o risco evidente de desmonte do teto."

No cenário básico, a dívida/PIB subiria lentamente nos próximos anos até atingir 87,3% em 2030. No pessimista, o endividamento ultrapassaria 100% já em 2026, chegando a 122,3% do PIB em 2030.

Salto comentou que os gastos com juros em 12 meses já aumentaram R$ 20 bilhões entre janeiro e agosto. "Claramente, já há um ponto de inflexão da trajetória da dívida, com despesa com juros."

Ele citou que a chamada taxa de juros implícita na dívida bruta está crescendo desde março, acompanhando o movimento da Selic (a taxa básica de juros), e chegou a 6,6%. Até o fim do ano, a expectativa é de que essa taxa alcance entre 7% e 7,5%, considerando uma Selic de 8,25% em dezembro.

PIB

No cenário básico, a IFI estima crescimento de 4,9% para o PIB neste ano e de 1,7% em 2022. Mas, no pessimista, o PIB pode variar apenas 0,1% ano que vem, considerando um racionamento de energia, que, sozinho, tiraria 0,6 ponto porcentual do crescimento.

"A chance de crescimento muito baixo em 2022 é cada vez mais alta, com riscos fiscais", disse, citando o abalo possível no teto de gastos pela PEC dos precatórios e pelo desenho do Auxílio Brasil.

Quais são as projeções para a relação dívida/PIB da IFI?

  • 1,7%: é a estimativa da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado para a variação do PIB no próximo ano, considerando o cenário básico
  • 8,7%: deve ser a variação acumulada da inflação neste ano. Para 2022, a projeção da IFI é de uma alta de 4%
  • 83,3%: do PIB é o porcentual para a dívida bruta neste ano, valor que pode ir a 84,8% em 2022
Estadão
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