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Cerca de 8 em cada 10 empreendedores têm mais chances de não pagar as contas em dia

Mulheres apresentam mais dificuldade para manter adimplência em dia e em conseguir crédito em bancos

5 jan 2023 - 05h00
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Mulheres apresentam mais dificuldade para manter adimplência em dia e em conseguir crédito em bancos
Mulheres apresentam mais dificuldade para manter adimplência em dia e em conseguir crédito em bancos
Foto: Divulgação/Brasil com S

Cerca de 8 em cada 10 empreendedores têm mais chances de não conseguir pagar suas despesas em dia, segundo mostra um levantamento inédito realizado pelo Serasa Experian a pedido do Terra. As mulheres, que são sócias majoritárias em 40,5% das 20,6 milhões de empresas brasileiras, são as que mais sofrem para ter acesso a crédito em bancos.

A pesquisa analisou dados de mais de 20 milhões de empresas ativas no Brasil e mostrou que, quando o assunto é crédito de empresas, 79,7% das mulheres têm o score da pessoa jurídica abaixo de 400. Ou seja, as chances de inadiplência são maiores e a possibilidade de conseguir empréstimo, financiamento ou crediário, por exemplo, é mais baixa. Os homens ficam um pouco atrás, com índice de 78%.

Score, que significa "pontuação" em tradução literal do inglês, é uma métrica calculada pelo Serasa Experian a partir de dados de pagamentos de contas. Essa análise é disponibilizada aos bancos para indicar qual é a probabilidade, baseada no histórico, daquela pessoa ou empresa pagar suas contas sem atraso. 

De acordo com a plataforma, com score entre 700 e 1.000 pontos, o risco de inadimplência é baixo. Dos 300 aos 699 pontos, o risco é médio e, abaixo de 299, o risco já se torna alto.

Veja abaixo o resultado da pesquisa (em scores):

• Até 400: 78% (homens), 79,7% (mulheres)

• De 500 a 700: 16,6% (homens), 16,4% (mulheres)

• Acima de 800: 5,4% (homens), 3,9% (mulheres)

"O grande motivo do score de pessoas jurídicas ser tão baixo é porque as pessoas não separam finanças pessoais das [finanças] da empresa. Isso mostra uma necessidade cada vez maior de planejamento e educação financeira", explica Cleber Genero, vice-presidente de Pequenas e Médias Empresas da Serasa Experian.

Débora Spada, cofundadora da Start Empreendedor, que tem o propósito de apoiar empreendedores nos primeiros passos da abertura de um CNPJ, também vê novos empreendedores se endividando por não administrarem as contas da empresa separadas da vida pessoal.

"O correto é, de fato, começar já com essa divisão: entender que cada lugar é diferente e separar. Quando se começa a juntar num caixa só, começam a surgir pequenas pílulas de desorganização. O segredo está aí", aconselha.

Mulheres enfrentam mais desafios

Apesar de apresentarem números semelhantes aos homens em relação à pontuação de score, as mulheres enfrentam desafios ainda maiores no momento de obtenção de crédito para empresas. Pelo menos, é este o cenário visto por Spada.

"A questão do crédito de investimento deveria se tornar mais personalizado para a mulher, que geralmente está equilibrando vários 'pratinhos' junto com o comando da empresa. Muitas vezes nós somos mães, cuidamos da casa, lidamos com a nossa saúde e ainda tentamos ter nosso próprio negócio", avalia.

Por esse motivo, Spada defende que fornecedores de créditos e investimentos levem em consideração também a vida pessoal da empreendedora, para facilitar sua sobrevivência no mercado. Além disso, acrescenta que uma rede de apoio é essencial para o sucesso.

"Empreender ainda é visto como algo muito difícil, um caminho sofrido e solitário. Não precisa ser assim", pondera.

Como aumentar o score

A pontuação tanto da pessoa física, quanto da jurídica, pode ser consultada no site do Serasa. Para aumentá-la, é preciso não só paciência, já que esse é um esforço de médio a longo prazo. 

"Para isso, é preciso fazer o pagamento das contas em dia, e até mesmo antecipar quando possível, e renegociar dívidas atrasadas enquanto monitora o desempenho de sua pontuação", recomenda Cleber Genero, vice-presidente da Serasa Experian.

Débora Spada, especialista em novos empreendedores, reforça a necessidade de reorganizar as prioridades e métodos de acompanhamento das dívidas. 

"Quais são as mais e menos urgentes? A partir disso, criar o plano de ação para as mais urgentes, o que pode precisar de um empréstimo... Mas cada caso é particular", pondera. 

Ainda conforme Spada, uma comunicação clara e transparente é uma boa saída para lidar com fornecedores em momentos de crise financeira.

"Ainda pior é esconder, não comunicar ou ficar com vergonha. É preciso criar um plano de ação e compartilhar com as pessoas envolvidas, para se chegar a uma solução", conclui.

Fonte: Redação Terra
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