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Capal investe R$ 100 mi em fábrica de leite em pó

A fábrica deve estar operante a partir de novembro, conta à coluna Adilson Fuga, presidente executivo da empresa

29 jul 2019 - 05h12
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Para contornar a volatilidade de preços no setor de lácteos, a Capal Cooperativa Agroindustrial está investindo R$ 100 milhões na construção de uma fábrica de leite em pó em Castro (PR). Outros R$ 40 milhões estão sendo aplicados na ampliação da capacidade de armazenagem de leite em duas unidades - uma em Itapetininga (SP), com 8 milhões de litros a mais, e outra em Ponta Grossa (PR), com 5 milhões.

A fábrica deve estar operante a partir de novembro, conta à coluna Adilson Fuga, presidente executivo da Capal. "A vida útil do produto em pó é bem maior; ele pode ser fabricado quando os preços da matéria-prima estiverem em queda e ser comercializado quando se valorizarem", justifica. Como a nova unidade não está pronta, não entrou na lista de 24 laticínios habilitados para exportar lácteos à China - o país deve comprar sobretudo leite em pó e queijos.

Cautela

O executivo da Capal prefere não fazer previsões sobre uma futura habilitação para a China. "A fábrica precisa ficar pronta primeiro e, então, teremos de entrar com o pedido de aprovação", esclarece Fuga. "A China tem todo um processo. Não é automático." Ele adianta que a Capal poderá tentar a habilitação "quando houver nova missão (chinesa aqui) e a possibilidade de mais aprovações". De todo modo, o executivo considera "positiva" a abertura do mercado chinês. "Ajuda a escoar a produção e a estabilizar os preços internos do leite."

No rastro

Quem também acompanha com atenção a abertura do país asiático aos lácteos brasileiros é Paulo Portilho, CEO da Auster, fabricante de aditivos e nutrientes para ração animal. A companhia reforça sua atuação na pecuária leiteira, na expectativa de maior consumo doméstico e das exportações do setor à China. Para atender os produtores de leite, está investindo R$ 14 milhões no aumento da produção e na equipe. "A abertura da China terá um impacto grande no mercado. Só não é possível mensurar se em um ano ou cinco."

Vip rural

A fim de impulsionar as contratações de crédito rural neste início da safra 2019/2020 e enfrentar a concorrência de outros bancos privados, o Santander oferecerá, em agosto, condições diferenciadas nas linhas para o setor. Será, por exemplo, dado um desconto de 10% nas taxas de juros de CDC destinadas ao agro. Para o financiamento de máquinas agrícolas, a taxa do CDC começará em 0,79% ao mês, ou 9,9% ao ano, valor ofertado apenas em feiras. Com a ação, Carlos Aguiar, diretor de Agronegócios do Santander Brasil, espera aumento de 50% do total contratado, em comparação ao esperado tradicionalmente para o mês.

Conte comigo

Norival Bonamichi, sócio-fundador do grupo Ourofino, de produtos veterinários e agroquímicos, está animado com o investimento de R$ 3 milhões na startup Perfect Flight, de São João da Boa Vista (SP). O software da empresa permite pulverizar defensivos via área de forma bastante precisa, reduzindo perdas de produto e evitando que caiam sobre áreas proibidas, como matas e cursos d'água. "Gostaria de ter participação maior na startup (hoje é de 12%); pode dobrar, pelo acordo com os acionistas", diz Bonamichi à coluna. A Perfect Flight deve fechar 2019 com 6 milhões de hectares pulverizados, ante 3 milhões hoje. "No início de 2020 devemos negociar aporte de mais R$ 3 milhões."

Fértil

A demanda crescente pelo siltito glauconítico, fertilizante fosfatado concorrente do bastante utilizado cloreto de potássio (KCl), está levando a Verde AgriTech a rever seus planos de produção. Além de duplicar o tamanho da fábrica inaugurada em agosto de 2018 em São Gotardo (MG), de 200 mil para 400 mil toneladas, também vai construir uma segunda planta no local com capacidade produtiva de 800 mil toneladas. As obras devem começar no primeiro trimestre de 2020. Já a unidade ampliada ficará pronta em setembro. A Verde AgriTech prevê encerrar este ano com produção de 200 mil toneladas, ante 40 mil em 2018.

Tem pra todos

A Verde tem uma mina de 3 bilhões de toneladas da rocha siltito glauconítico em São Gotardo, suficiente para atender a toda a área agrícola do País. No conselho da empresa desde 2014, está o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, que convenceu o presidente, Cristiano Veloso, de que era mais vantajoso vender a própria rocha transformada do que o cloreto. Veloso argumenta que, pelo mesmo preço, o siltito oferece 70 nutrientes adicionais. Enquanto em 2018 a Verde faturou R$ 4 milhões, em 2019 deve chegar a R$ 30 milhões; para 2020, a meta é R$ 100 milhões.

Apreensão

Parcela relevante do agronegócio brasileiro está preocupada com as declarações do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e da imagem que passam à comunidade internacional sobre a agricultura brasileira, conta um executivo de uma entidade do setor. Entre outros episódios, Salles questionou o Fundo Amazônia, criado em 2008 para combater o desmatamento na região, e a atuação de ONGs que usam recursos do programa. O Fundo já recebeu R$ 3,4 bilhões em doações, principalmente da Noruega. "Há grande amadurecimento do agronegócio sobre a importância do desmatamento ilegal zero para as relações do setor com compradores internacionais, inclusive a China", diz.

*COLABOROU AUGUSTO DECKER

Estadão
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