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Paralisação chega ao 8º dia apesar de concessões do governo

28 mai 2018 - 09h20
(atualizado às 09h47)
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Carros do Exército escoltam caminhões-tanque na BR-116 em Canoas (RS) 28/05/2018 REUTERS/Diego Vara
Carros do Exército escoltam caminhões-tanque na BR-116 em Canoas (RS) 28/05/2018 REUTERS/Diego Vara
Foto: Reuters

Caminhoneiros mantinham nesta segunda-feira pelo 8º dia uma paralisação que tem provocado desabastecimento e impactado a economia brasileira, apesar do anúncio na véspera pelo presidente Michel Temer de uma série de medidas para atender demandas da categoria, ao custo de cerca de R$ 10 bilhões.

Após uma semana de paralisação e uma primeira tentativa de acordo frustrada pela recusa dos caminhoneiros, o governo cedeu e fez uma série de concessões, como a redução do diesel em R$ 0,46 e o congelamento do preço por um período de 60 dias, entre outras medidas exigidas pelos manifestantes.

Apenas a redução do diesel terá um custo de R$ 9,5 bilhões no Orçamento deste ano, uma vez que a União irá ressarcir a Petrobras pelo custo do congelamento dos preços. De acordo com o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, o rombo será coberto por uma sobra de R$ 5,7 bilhões que o governo tem em relação à meta de déficit primário, além de um corte de despesas de R$ 3,8 bilhões.

Apesar das medidas anunciadas pelo governo, muitos caminhoneiros mantinham a paralisação na manhã desta segunda-feira em 18 Estados e no Distrito Federal.

A Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), uma das principais entidades responsáveis pelo movimento, disse que os objetivos da greve da categoria foram atingidos e recomendou o fim do movimento, mas ressaltou que muitos manifestantes ainda não tinham tomado conhecimento da decisão.

Segundo a Abcam, a expectativa é que até o fim da tarde o número de caminhões parados tenha sido reduzido de forma significativa, mas a associação ressaltou que nem todos os caminhoneiros concordam com o fim da paralisação.

"A entidade vem trabalhando para que a informação do acordo chegue em toda a categoria. Vale lembrar que ainda que a entidade se manifeste pelo fim das paralisações, nem todos os manifestantes seguem o mesmo entendimento", disse a Abcam em nota.

Um dos líderes dos caminhoneiros autônomos do Rio de Janeiro, Vicente Reis, disse que os motoristas representados por ele não ficaram satisfeitos com as medidas anunciadas pelo governo. Segundo Reis, os autônomos do RJ defendem que a redução dos combustíveis seja mais ampla, englobando gasolina e etanol, e dure até o final do governo Temer.

"Não estamos satisfeitos com o que foi oferecido nem com quem negociou", disse ele à Reuters. "Nosso intuito não é só mais a redução do diesel, tivemos apoios da sociedade e então queremos redução dos demais combustíveis", acrescentou.

A paralisação dos caminhoneiros entrou na sua segunda semana nesta segunda-feira, provocando desabastecimento generalizado pelo país. Na sexta-feira, o governo anunciou que usaria tropas federais para desobstruir rodovias e garantir o abastecimento, o que fez com que caminhões-tanque fossem escoltados das refinarias para atender as necessidades de serviços essenciais nas principais cidades do país.

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse nesta segunda-feira que na avaliação do governo a "greve reivindicatória" dos caminhoneiros foi encerrada com o acordo.

"Todas as lideranças dos caminhoneiros reconheceram que o acordo é positivo, o governo fez tudo que podia para que tivéssemos a partir de hoje a normalização do abastecimento, e nós aguardamos, esperamos, que a partir do dia de hoje o movimento se desmobilize e que os senhores e senhoras caminhoneiros voltem ao trabalho", disse em entrevista à rádio CBN.

Com potencial de agravar a situação de desabastecimento nos postos, as duas federações de petroleiros --a Federação Única dos Petroleiros e a Federação nacional dos Petroleiros -- convocaram greve para esta semana pela redução dos preços dos combustíveis e saída do presidente-executivo da Petrobras, Pedro Parente.

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