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Controle biológico traz reconhecimento mundial a brasileiros

24 jun 2013 - 07h07
(atualizado às 07h07)
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Responsável pelo sucesso da Bug, vespa da espécie Trichogramma galloi parasita ovos da broca-da-cana
Responsável pelo sucesso da Bug, vespa da espécie Trichogramma galloi parasita ovos da broca-da-cana
Foto: Bug Agentes Biológicos

Um projeto criado por alunos da Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) deu origem a uma das companhias mais inovadoras do mundo, premiada por sua atuação sustentável no agronegócio brasileiro.

Com sede em Piracicaba/SP, a Bug Agentes Biológicos surgiu em 2001 como uma startup, em um projeto de inovação tecnológica da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo. Atuando no controle biológico de pragas, desenvolveu um método para multiplicar insetos capazes de eliminar seres que atacam as lavouras.

Alexandre de Sene Pinto, sócio-proprietário da Bug e diretor de P&D da empresa, diz que o objetivo é levar o controle biológico a todas as culturas do Brasil e de países vizinhos, dominando a maioria das pragas. O objetivo está sendo premiado: a companhia foi a 33ª na lista das 50 empresas mais inovadoras do mundo, publicada em 2012 pela revista americana Fast Company. Já no The 2012 World Technology Awards, foi a primeira colocada na categoria ambiental e ficou entre as 15 maiores do mundo em inovação.

Segundo Pinto, o sucesso se deve a um pequeno inseto parasitoide, a vespa Trichogramma. “Além de termos aprimorado a tecnologia de produção dessa vespinha para uma escala industrial, nós fomos os únicos no mundo a conseguir, em apenas dois anos, atingir 500.000 hectares de área agrícola”, diz, em referência ao uso da Trichogramma galloi para o controle da broca-da-cana-de-açúcar.

Como comparativo, o maior programa de controle biológico do mundo atingiu 3,3 milhões de hectares em 40 anos, com o uso da vespinha Cotesia flavipes para o controle da broca-da-cana no Brasil.

Vespa da espécie Cotesia flavipes adulto parasitando broca-da-cana
Vespa da espécie Cotesia flavipes adulto parasitando broca-da-cana
Foto: Bug Agentes Biológicos

Helicoverpa

Atualmente, a Bug desenvolve mais dez programas de controle biológico para culturas diversas. “Hoje, nosso foco é a nova lagarta Helicoverpa armigera, que foi introduzida no País. Por sorte, temos um produto biológico desenvolvido e pronto para uso, que é a vespinha Trichogramma pretiosum, utilizada com sucesso em outros países onde a praga já existia”, revela.

Criação

A criação e a multiplicação da Trichogramma galloi ocorre a partir do hospedeiro alternativo, a traça Anagasta kuehniella. A prática é inovadora, pois a maioria dos laboratórios cria apenas em ovos da broca-da-cana.

Para a criação de Trichogramma spp., há salas separadas para as diferentes etapas: desenvolvimento de formas imaturas de A. kuehniella (caixas plásticas), sala de emergência (caixa de adultos), de coleta de ovos e de confecção de dietas, além de local para limpeza e desinfecção de material.

As salas de criação são mantidas com luz por 14 horas, temperatura e umidade controlada. As caixas coletoras de ovos são exploradas por cinco dias (o inseto adulto vive de cinco a sete dias). Eles são comercializados em cápsulas de liberação desenvolvidas pela Bug, com data prevista de emergência, baseando-se nas exigências térmicas do inseto, através da soma dos graus-dia.

Conforme Pinto, a Bug já exportou ovos de traça para o Canadá e Europa, mas atende hoje apenas o mercado interno, em razão da demanda crescente por produtos biológicos no País.

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