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Bolsas de NY fecham em baixa, com tensões comerciais e questão imigratória

27 jun 2018 - 14h37
(atualizado em 2/7/2018 às 15h06)
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Os mercados acionários americanos encerraram o pregão desta quarta-feira, 27, em baixa enquanto as tensões comerciais entre Estados Unidos e China continuaram no foco dos investidores. A derrota da proposta do Partido Republicano de reforma imigratória também pesou no sentimento dos agentes e ampliou a queda de ações de tecnologia, que lideraram as perdas da sessão. O índice Dow Jones fechou em baixa de 0,68%, aos 24.117,59 pontos; o S&P 500 recuou 0,86%, aos 2.699,63 pontos; e o Nasdaq encerrou em queda de 1,54%, aos 7.445,08 pontos. Já o índice VIX de volatilidade, considerado o "medidor de medo" de Wall Street, chegou ao fim do dia em alta de 12,50%, para 17,91 pontos. Os papéis de tecnologia, que deram amplo suporte às bolsas de Nova York neste ano, deram o tom da sessão desta quarta-feira. O subíndice de tecnologia do S&P 500 fechou em baixa de 0,69%, aos 1.205,57 pontos, à medida que os agentes continuaram a monitorar a possibilidade de que a Casa Branca pudesse restringir o investimento estrangeiro em empresas de tecnologia americanas. Logo no início do dia, o governo de Donald Trump informou que irá se basear nas leis existentes para restringir investimentos da China e de outros países. O otimismo diante da indicação de restrição menor contra Pequim durou apenas algumas horas. No fim da manhã, o diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Larry Kudlow, afirmou que Trump não tem planos de suavizar a posição dos EUA sobre as relações comerciais com a China. Para Kudlow, "as pessoas não devem ver a lei de restrição a investimentos estrangeiros como uma versão mais leve" do que a divulgada pela imprensa no fim de semana. "Ultimamente, o sentimento dos investidores tem sido extremamente volátil porque há um nervosismo sobre cada novo tuíte de Trump", disse o CEO da Evermore Global Advisors, David Marcus. Ele, no entanto, disse que sua empresa está usando a incerteza como uma oportunidade de compra de ações. Nesta quarta-feira, o Ministério de Comércio da China disse que está acompanhando de perto possíveis movimentos dos EUA para restringir o investimento chinês, em meio a sinais de intensificação das tensões entre os dois países. Além disso, o presidente-executivo da SGH Macro Advisors, Sassan Ghahramani, afirmou que o presidente da China, Xi Jinping, em uma reunião com executivos na semana passada, concluiu que parece inevitável a imposição de tarifas americanas sobre produtos chineses e pediu que todas as províncias e ministérios do país estejam preparados para uma "guerra comercial em grande escala". Aumentando a fuga de ativos considerados mais arriscados, o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) fixou o yuan no menor nível em seis meses em relação ao dólar, fazendo a moeda chinesa cair. Para o estrategista-chefe de ações do US Bank Wealth Management, Terry Sandven, "a última semana tem sido um pouco dolorosa. Claramente a incerteza e a volatilidade estão aumentando", embora ele tenha acrescentado que vê os recentes movimentos do mercado como tecnicamente impulsionados e que espera que as bolsas americanas permaneçam sustentadas por lucros sólidos quando os balanços do segundo trimestre começarem a ser divulgados. Papéis do setor financeiro foram fortemente atingidos, assim como ações ligadas ao segmento industrial. O Goldman Sachs caiu 0,63% e o Bank of America recuou 1,05%, enquanto a Boeing cedeu 0,45% e a 3M perdeu 0,84%. Já ações de energia registram o melhor desempenho do dia, dado um novo salto nos preços do petróleo, ainda reagindo à possibilidade de que os EUA imponham sanções contra países que não parem de importar petróleo iraniano até o início de novembro. Além disso, a queda maior do que o esperado do volume estocado do óleo nos EUA na semana passada também ajudou a sustentar os preços da commodity. A ação da Chevron subiu 1,48% e a da ExxonMobil avançou 1,33%. "Há muitas razões positivas para papéis de energia continuarem o bom desempenho e este é o começo de um movimento muito maior", afirmou o estrategista de investimentos da ClearBridge Investments, Jeff Schulze. Imigração Outro fator que atingiu o sentimento dos investidores durante a tarde foi a derrota sofrida pelos republicanos moderados e pelo governo de Donald Trump em relação à questão imigratória. Por 303 votos a 121, a Câmara dos Representantes dos EUA rejeitou um projeto dos republicanos moderados de reforma imigratória. Pouco antes da votação, a Casa Branca emitiu um comunicado dando o aval do presidente à medida. O projeto garantia, entre outros fatores, o financiamento à construção de um muro na fronteira dos EUA com o México e vistos a jovens imigrantes conhecidos como "dreamers".

Estadão
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