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BC europeu corta juros em meio a incertezas sobre tarifas do governo Trump

Decisão já era esperada e dá continuidade ao processo de relaxamento monetário iniciado em junho do ano passado; BCE reconheceu que perspectivas para crescimento estão se deteriorando

17 abr 2025 - 10h54
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O Banco Central Europeu (BCE) cortou suas principais taxas de juros em 0,25 ponto porcentual, após concluir reunião de política monetária nesta quinta-feira, 17, em meio a incertezas sobre os impactos da política tarifária do governo Trump e indícios de que a inflação da zona do euro segue relativamente sob controle. Desta forma, a taxa de depósito foi reduzida de 2,50% a 2,25%, a de refinanciamento, de 2,65% a 2,40%, e a de empréstimos, de 2,90% a 2,65%.

A decisão, que veio em linha com a expectativa de analistas, dá continuidade ao processo de relaxamento monetário iniciado em junho do ano passado. Considerando o anúncio desta quinta, o BCE reduziu os juros básicos em sete ocasiões desde então.

A nova redução de juros do BCE vem em um momento de incertezas para a perspectiva econômica da zona do euro, após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar tarifas para alguns produtos da União Europeia, incluindo aço, alumínio e carros, e ameaçar impor tarifas "recíprocas" de 20% ao bloco, que estão em negociação.

No campo macroeconômico, a taxa anual de inflação ao consumidor (CPI, pela sigla em inglês) da zona do euro desacelerou para 2,2% em março, segundo os dados oficiais mais recentes, se aproximando um pouco mais da meta de 2% do BCE.

Segundo a presidente do BCE, Christine Lagarde, a decisão de cortar 0,25 ponto foi unânime, embora tenha sido discutido um corte maior, de 0,50 ponto. Ela destacou que fatores como a fragmentação das cadeias globais de oferta e eventos climáticos extremos podem pressionar a inflação no médio prazo, especialmente nos preços de alimentos. Por outro lado, a menor demanda por exportações europeias pode ajudar a reduzir os preços na zona do euro.

Apesar dos desafios, a autoridade monetária vê um possível apoio ao PIB com o aumento de investimentos em defesa e infraestrutura. No entanto, as tensões comerciais devem ter um choque negativo na demanda e no crescimento econômico, cuja extensão ainda é incerta.

"Antecipamos que as tensões terão efeitos negativos, mas não sabemos qual será a extensão desses impactos no curto e no longo prazo", afirmou Lagarde. Ela admitiu que há visões divergentes dentro do BCE sobre como esses fatores afetarão a economia, reforçando a postura de cautela na condução da política monetária.

Tensões comerciais

O BCE retirou trecho que cita política monetária restritiva no comunicado sobre decisão de cortar suas principais taxas de juros. O documento, no entanto, ressalta que os dirigentes não estão comprometidos com uma trajetória específica para os juros e alerta sobre potenciais impactos de tensões comerciais.

A instituição reforçou que as decisões vão continuar com uma postura dependente de dados e serão definidas a cada reunião, "especialmente sob as atuais condições de incerteza excepcional".

O Banco Central vê o processo de desinflação na zona do euro "bem encaminhado" e nota que a maior parte das medidas de inflação subjacente sugerem que os preços devem estabilizar na meta de 2% de forma sustentada no médio prazo. "Os salários estão moderando e os lucros empresariais estão parcialmente absorvendo os impactos de avanço salarial ainda elevado", observou.

Para o BCE, este cenário reflete que a economia europeia está construindo resiliência a choques econômicos globais. Contudo, o Banco Central reconhece que as perspectivas para o crescimento econômico estão se deteriorando graças ao aumento de tensões comerciais e prevê que a crescente incerteza "provavelmente reduzirá a confiança de famílias e empresas, enquanto a resposta adversa e volátil do mercado deve apertar condições financeiras".

Lagarde afirmou que o cenário econômico permanece "obscurecido por excepcional incerteza", mas destacou avanços no controle da inflação e sinais de estabilização na indústria. "O processo de desinflação está encaminhado, e os preços de serviços caíram significativamente", disse.

Apesar dos desafios, ela indicou que a economia da zona do euro provavelmente cresceu no primeiro trimestre, com a indústria mostrando "sinais de estabilização". No entanto, ressaltou que exportadores europeus enfrentam "novas barreiras para o comércio, de escopo desconhecido", enquanto tensões geopolíticas e comerciais pesam sobre o ânimo de empresas e consumidores.

A autoridade monetária reiterou que as decisões futuras sobre juros serão tomadas reunião a reunião, sem compromisso com uma trajetória predeterminada. "Não estamos nos comprometendo com uma trajetória predeterminada para os juros", afirmou. "Nossas decisões continuarão dependentes dos dados."

Lagarde observou que os consumidores seguram gastos em meio ao cenário adverso, mas destacou que a economia europeia está "construindo resiliência". A cautela do BCE reflete os riscos de um ambiente global volátil, marcado por conflitos e mudanças nas cadeias de suprimentos.

Ela advertiu ainda que os riscos para o crescimento econômico aumentaram e devem pesar sobre o PIB da zona do euro. "Os riscos de baixa para o crescimento aumentaram", afirmou, destacando um cenário de incertezas que pode pressionar a atividade econômica nos próximos meses.

Sobre a inflação, Lagarde afirmou que os preços devem retornar lentamente para a meta de 2%, mas destacou fatores contraditórios que podem influenciar essa trajetória. Por um lado, um euro forte pode pressionar a inflação para baixo, assim como possíveis reações adversas nos mercados financeiros. Por outro, o aumento nos preços de importação pode elevar a inflação, criando um cenário de pressões mistas.

A alta recente da moeda europeia também foi mencionada pela autoridade monetária. "O euro se fortaleceu em meio a um sentimento resiliente no mercado", disse. No entanto, ela alertou que a volatilidade pode aumentar a aversão ao risco e apertar as condições financeiras, impactando a economia real.

Estadão
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