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Aversão a risco faz estrangeiro tirar R$6 bi do mercado secundário no começo de outubro

8 out 2019 - 16h19
(atualizado às 16h22)
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A bolsa brasileira começou outubro com forte saída de capital externo das negociações no mercado secundário, em meio ao aumento da aversão a risco externo e receios sobre o ritmo de crescimento das economias dos Estados Unidos e China, que vivem um embate comercial ainda sem sinal claro de desfecho.

REUTERS/Bruno Domingos
REUTERS/Bruno Domingos
Foto: Reuters

Nos primeiros quatro pregões do mês, as saídas de estrangeiros já superam as entradas em 6,2 bilhões de reais. Tal movimento vem após setembro registrar o primeiro saldo positivo mensal desde março. No ano, os números mostram saída líquida de 27 bilhões de reais.

O Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, acumulou queda de 2% de 1 a 4 de outubro, chegando a cair abaixo de 100 mil pontos na quinta-feira. Até a véspera, a perda no mês estava em quase 4%. Os números sobre a movimentação de estrangeiros têm defasagem de dois pregões.

De acordo com o gestor Ricardo Campos, sócio-fundador da Reach Capital, se em setembro observou-se uma aproximação entre Donald Trump e Xi Jinping, combinada com o andamento da reforma da Previdência, calmaria no panorama político do Brasil e bons dados econômicos do país, em outubro esse cenário mudou.

"Tivemos uma 'escassez' de informações da China devido ao feriado naquele país na semana passada gerando assim um vácuo para possíveis novos focos de problemas envolvendo o presidente Trump, como o inquérito de impeachment, além de dados alemães decepcionantes , questões relacionadas ao Brexit... Tudo atrelado a um cenário com atraso na reforma da Previdência", ilustrou.

Na visão de Campos, todos esses eventos geraram "um turbilhão de incertezas", o que afasta os estrangeiros, que já estão em modo 'risk off'. "Mesmo que os fundamentos da economia brasileira estejam se mostrando mais sólidos e a retomada da economia vindo aos poucos, os estrangeiros não se atrevem a alocar capital com tamanha incerteza ocorrendo."

A equipe da XP Investimentos também ressaltou a semana conturbada experimentada pelo cenário político brasileiro.

Eles destacaram que o Senado aprovou em primeiro turno a reforma da Previdência, após adiamento e incertezas com relação a sua potencial desidratação, mas o noticiário mostrando falta de articulação para a divisão dos recursos do megaleilão do petróleo previsto para novembro pode prejudicar o seu andamento.

"A economia global ainda está assombrada pelo aumento das incertezas para os próximos anos", observa a equipe do BTG Pactual, acrescentando que os mercado continuam atentos e permeados por grandes volatilidades em razão de novas preocupações relacionadas à guerra comercial.

Outubro prevê uma série de oferta de ações de companhias brasileiras, entre IPOs e follow ons, que têm sido o meio preferido por investidores estrangeiros para comprarem ações brasileiras em 2019. Quando incluído tais dados, o saldo externo está negativo em 'apenas' pouco mais de 1 bilhão de reais.

Entre as operações previstas para o mês estão a oferta inicial de ações da Vivara, que deve ser precificada nesta terça-feira e pode movimentar 2,4 bilhões de reais, bem como as ofertas da Helbor (dia 10), do Banco do Brasil (dia 17), da C&A (dia 24) e do Banco BMG (dia 24).

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