5 novos golpes via celular: o que fazer se cair
Especialista em cibersegurança comenta golpes de falso emprego, vendas falsas e pedido de dinheiro emprestado
Se os criminosos usassem metade de sua inteligência para coisas positivas, o mundo certamente seria um lugar muito melhor. A realidade, porém, é o oposto disso: a cada dia os golpes ficam mais sofisticados e mais ousados. Como todo mundo ficou muito mais conectado por causa da pandemia, o problema se transformou em um monstro gigantesco.
E os brasileiros são especialmente suscetíveis aos golpes, pois são culturalmente mais sociáveis e passam um tempo considerável interagindo na web, ultrapassando 3 horas por dia no uso de redes sociais, cerca de 55% acima da média mundial, segundo o site de dados Statista. Dessa forma, ficam ainda mais propenso a golpes e crimes virtuais.
Para entender quais os principais golpes atuais e o que fazer em caso de se tornar uma vítima de um deles, consultamos a especialista Regina Acutu, CEO da ferramenta de captura técnica de provas digitais Verifact e eleita TOP 50 Mulheres em Cibersegurança LATAM 2021.
Golpe do falso emprego
No Brasil, a cada minuto dois brasileiros recebem uma falsa oferta de emprego com um link malicioso, segundo levantamento da Psafe.
“Com tantas pessoas desempregadas e em busca de recolocação, os criminosos que enviam mensagens em massa acabam encontrando desavisados, que acabam caindo no golpe”, alerta Regina Acutu. “A dica é nunca clicar em links suspeitos, principalmente de números que não estão na sua agenda. Mas também evitar clicar em links ainda que enviados por amigos, caso pareçam ter direcionamentos suspeitos. Se está em busca de emprego, sempre confirme se aquele é realmente o número da empresa que oferece a vaga, desconfie de ofertas muito vantajosas e não compartilhe dados ou informações pessoais.”
Golpe da falsa venda de produtos em redes sociais
Sempre desconfie de preços atrativos demais, mesmo que tenham sidos enviados por amigos. É comum que golpistas se apropriem do perfil de terceiros para anunciar ofertas falsas, inclusive com a desculpa de que precisam se desfazer logo dos produtos.
“Ao se interessar por qualquer produto online anunciado em redes sociais, verifique se é realmente a pessoa que está fazendo a solicitação ou venda: tente fazer uma visita pessoalmente ou fazer uma videochamada. Se o anúncio partir da rede social de alguma empresa, verifique se há algum histórico de reclamações da empresa em sites que reúnem reclamações de consumidores e se realmente se trata de um canal oficial, geralmente os sites oficiais da empresa informam as redes sociais no canal”, diz a especialista.
Golpe do pedido de dinheiro por aplicativos de mensagens
Esse é o golpe mais popular, porém, ainda assim tem muita gente caindo nele. Os criminosos se passam por um familiar ou amigo próximo e usam da confiança da vítima para acelerar o processo. Geralmente o golpe começa quando se rouba a identidade digital de alguém, seja em um mensageiro como Whatsapp ou em uma rede social como Instagram.
Em seguida, eles dizem que estão precisando de dinheiro para resolver uma questão urgente, mas que estão sem acesso às contas bancárias e pedem que a vítima empreste os valores por apenas algumas horas, prometendo devolver o valor ainda no mesmo dia.
“A principal forma de se proteger é entrando em contato com a pessoa que solicitou o valor por telefone ou videochamada antes de fazer qualquer movimentação, ainda que o número seja o mesmo que você esteja acostumado a conversar, isso porque alguns criminosos estão se apropriando inclusive dos números de telefones de outras pessoas para cometer crimes.”
Apropriação do número de telefone
Usar os contatos das redes sociais ou do próprio telefone também é um golpe muito lucrativo, afinal, as operadoras telefônicas no Brasil não contam com barreiras suficientes para evitar que se apropriem dos números.
“Para evitar cair nele e perder o seu número de telefone, nunca forneça códigos que receba por SMS em nenhuma ligação, cadastre a verificação do número em duas etapas, evite se conectar em redes Wi-Fi públicas, não clique em links suspeitos, principalmente os recebidos por SMS ou whatsapp com ofertas de emprego ou prêmios e fique atento às permissões concedidas aos aplicativos que usa”, aconselha Regina.
Golpe envolvendo Pix
O Pix se tornou um queridinho do brasileiro: é o meio de pagamento mais democrático, que caiu em cheio no gosto popular. Por conta disso, ele se tornou uma maneira rápida de golpistas “distribuírem” frutos de roubos.
Funciona dessa forma: assim que recebe a transferência feita pela vítima na conta, o golpista transfere o valor pago pela vítima para várias contas de diferentes instituições, dificultando a localização e cancelamento da operação pelos bancos. Para se defender, o segredo aqui é que você não deve se preocupar com a forma de pagamento e sim com quem está recebendo os valores.
“É claro que usar cartões virtuais oferecidos pelos bancos ajuda a evitar que clonem ou rastreiem o cartão de crédito, mas nestes casos de transferência de valores, o golpe não envolve o sistema, e sim para quem você está transferindo o valor. Conforme mencionei anteriormente, sempre confirme que a pessoa ou empresa que está solicitando um empréstimo ou vendendo um produto é realmente quem diz ser”, alerta a especialista.
Caí em um golpe, o que fazer?
Antes de qualquer coisa, é importante procurar ajuda de um advogado e denunciar o caso à Justiça. Lembre-se que crimes na internet são crimes reais, deixam rastros e possuem consequências. É preciso cumprir três etapas para fazer a denúncia. São elas:
- • Reúna provas ― Reúna todas as provas que ajudem a comprovar que o fato existiu na web. Um print que exibe as mensagens pode não ser suficiente. É difícil comprovar que a imagem da tela é realmente autêntica e não uma versão editada, principalmente se o original já não está mais na internet. “Opte por uma plataforma de captura técnica de provas digitais que permita registrar as telas dos conteúdos disponíveis na internet utilizando técnicas forenses e que preserve a cadeia de custódia, conforme a legislação”, diz Regina.
- • Denuncie ― Além de órgãos públicos que realizam investigações sobre a autoria do material publicado, é possível contar também com o trabalho de especialistas. “O profissional pode utilizar de inteligência em investigação em fontes abertas (OSINT), obtidas por dados disponíveis abertamente na internet, ou diversas outras estratégias. Afinal, a internet deixa rastros e existem diversos casos onde as pessoas que publicaram conteúdos na internet que violam a lei foram descobertas e sofreram as consequências do ato”, completa ela.