Após Moody's, S&P retira todos os ratings do BRB, a pedido do banco
Nesta terça-feira, 30, a PF irá ouvir o ex-presidente do banco estatal, o dono do Master e o diretor de Fiscalização do BC e pode pedir uma acareação
A agência de classificação de risco S&P Global Ratings anunciou nesta segunda-feira, 29, que retirou todos ratings de crédito do Banco de Brasília (BRB), de curto e longo prazo, a pedido do banco.
As classificações estavam em observação com implicações negativas no momento da retirada, o que sinalizava possibilidade de rebaixamento da nota do BRB, que era de B- (longo prazo) e B (curto prazo).
"Nossas classificações refletiam as margens apertadas e a rentabilidade do banco, métricas de capital restritas, e governança e gestão de risco, particularmente à luz de investigações sobre suposta fraude em empréstimos adquiridos do Banco Master", ressalta um comunicado da S&P nesta segunda-feira.
A agência destaca ainda que não está claro como a investigação sobre o Master se "desenrolará e quanto isso poderia afetar a reputação, risco financeiro, financiamento e liquidez" do BRB.
Nesta terça-feira, 30, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli determinou que a Polícia Federal irá ouvir o presidente do Master, Daniel Vorcaro, o ex-presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, e o diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Ailton de Aquino Santos. Se a PF julgar necessário, haverá o pedido de acareação para confrontar as versões.
No começo do mês, a Moody's já havia retirado todos os ratings do BRB, também a pedido do banco. A retirada veio poucos dias depois de a agência de risco rebaixar a nota da instituição, no final de novembro, mencionando "fragilidades na capitalização e baixa rentabilidade" e ainda sinalizar nova possibilidade de corte. Para um analista, a falta de ratings pelas agências pode dificultar a captação do banco no mercado.
A Fitch também havia rebaixado no final do mês passado as notas do BRB para a categoria CCC, de B-, no caso do Ratings de Inadimplência do Emissor (IDR, em inglês). Citando "graves deficiências nas práticas de supervisão e gestão de riscos", a agência colocou as notas em "observação negativa", sinalizando novo rebaixamento.
Investigações da Polícia Federal apontaram que o Master, sob o comando de Vorcaro, vendeu falsas carteiras de crédito ao BRB no valor de R$ 12,2 bilhões, com o objetivo de cobrir o rombo nas suas contas.