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Série 'O Cristal Encantado: A Era da Resistência' retoma lado 'dark' do pai dos Muppets

Produção original da Netflix volta ao universo de filme lançado em 1982

18 ago 2019 - 03h11
(atualizado às 10h38)
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Gravado apenas com bonecos, o filme O Cristal Encantado (1982), de Jim Henson e Frank Oz (Muppets), se tornou um marco no gênero de fantasia. O longa introduziu técnicas inovadoras de animatrônica e arriscou uma narrativa sombria, incomum em filmes com fantoches. Como resultado, criou uma atmosfera complexa, com estética peculiar.

É esse universo que a Netflix retoma e expande na série O Cristal Encantado: A Era da Resistência, que estreia no dia 30 de agosto. Ambientada muitos anos antes do filme original, a produção acompanha Rian, Brea e Deet, três jovens da gentil raça gelfling que descobrem um terrível segredo por trás do poder dos Skeksis, humanoides monstruosos que governam (e exploram) a terra de Thra.

A série busca permanecer fiel ao filme de 1982. Toda a ação é conduzida por bonecos animados, sem atores humanos em cena. Os artistas Brian e Wendy Froud, que assinam os fantoches da produção original, também esculpiram os utilizados na série, produzida pela empresa que gerencia o legado de Henson, morto em 1990.

O Cristal Encantado: A Era da Resistência surge como a primeira grande produção de streaming centrada em fantoches. E é lançada em uma época em que séries e filmes de fantasia, como O Rei Leão (2019), Toy Story 4 (2019) e Homem-Aranha - No Aranhaverso (2018) exploram diferentes técnicas de narrativa e animação.

Para o fundador do Festival Anima Mundi, Marcos Magalhães, há uma tendência comercial em curso no gênero de animação. "A Disney decretou, de certa forma, o fim do 2D, e foi seguida por outras empresas de grande porte", afirma. Para ele, no entanto, o público é aberto a formatos experimentais. "O que vemos hoje é a utilização de narrativas e estilos diversos, que se mesclam", diz. "Grandes animações não concorrem diretamente com produções mais ousadas, porque o gosto para cada linguagem é muito pessoal."

Confira o trailer de 'O Cristal Encantado: A Era da Resistência'

Tecnologia

O lançamento de O Rei Leão é significativo nesse sentido. O diretor, Jon Favreau, inseriu um único frame verdadeiro em meio aos 1.490 planos criados por animadores e artistas de efeitos visuais do filme. A cena passou despercebida pelos espectadores, devido ao realismo do longa.

Animador dos filmes Frankweenie (2012), de Tim Burton, e Ilha dos Cachorros (2018), de Wes Anderson, Matias Liebrecht afirma que novos filmes da Disney, como O Rei Leão e Dumbo, são pensados para um público específico, de entretenimento. Por isso, contam com grande orçamento. "A tecnologia está cada vez mais avançada. Em a Vida de Pi (2012), criaram um tigre inteiro com computação gráfica e ninguém acreditava", exemplifica. "Desde sempre, a tecnologia que é de ponta em um momento acaba se tornando invariavelmente uma tendência. Isso aconteceu com Toy Story (1996) e King Kong (1933)".

O animador Alê Abreu, indicado ao Oscar de melhor filme de animação por O Menino e o Mundo (2016), acredita que a tecnologia traz grandes possibilidades para a animação, mas precisa ser encarada com responsabilidade. "O realismo é muitas vezes empobrecedor", lembra. "Ele pode restringir a força do cinema de animação a uma mera técnica", acrescenta.

Fantoches

A animatrônica envolve processos diferentes da animação. Produtor do filme 31 Minutos, primeiro longa brasileiro filmado com fantoches, Marcos Didonet explica que a técnica empregada no estilo é complexa. "Com bonecos, tudo precisa ser filmado ao mesmo tempo", explica. "Você precisa ter toda a ambientação de um set normal de filmagem, com fotografia, captação de som, iluminação e cenário construído."

Para ele, produções com fantoches têm apelo mesmo em uma época tão tecnológica. "Marionetes despertam sentimentos de nostalgia, muitas vezes quem vai atrás desse tipo de produção é um pai que quer mostrá-la para o filho".

Estadão
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