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Ocimar Versolato: auge na moda, autoexílio e morte precoce

Estilista que experimentou a fama na alta costura de Paris sofreu AVC aos 56 anos

9 dez 2017 - 14h48
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“A moda passa, o estilo fica”, sentenciou Coco Chanel.

Ocimar Versolato, que morreu na sexta-feira (8), em São Paulo, devido a um acidente vascular cerebral, experimentou o ápice na carreira: foi o estilista de uma grande casa de moda parisiense, a Lanvin. Mas a parceria terminou em frustração.

Mesmo assim, a visibilidade internacional conquistada na década de 1990 o colocou em patamar superior ao ocupado pela maioria dos designers brasileiros.

Selfie de Versolato: um olhar ácido a respeito da moda brasileira.
Selfie de Versolato: um olhar ácido a respeito da moda brasileira.
Foto: Reprodução/Instagram

Versolato, saído de São Bernardo do Campo, cidade industrial do ABC paulista, atingiu tamanha badalação em seu auge que mereceu capas de ‘Caras’ – tipo de futilidade tão desejada quanto desprezada no mundinho fashion.

Assediado por celebridades, vestiu Tônia Carrero, Naomi Campbell, Ney Matogrosso, Luiza Brunet, Betty Lago, Edson Cordeiro e Sonia Braga, para quem criou o figurino de Tieta no filme homônimo de Cacá Diegues, em 1996.

Para ele, desfilaram as tops Gisele Bündchen, Fernanda Tavares, Shirley Mallmann, Silvia Pintor, Karen Mulder e a atriz sueca Emma Sjöberg.

Adepto do hollywoodianismo, criava vestidos para divas: brilho, volume, decote, dramaticidade, volúpia. “O meu trabalho é realizar o sonho das pessoas”, disse em entrevista no ‘Roda Viva’, da TV Cultura, há 22 anos.

O estilista com o amigo Ney Matogrosso, numa capa de ‘Caras’ com Vera Fischer e após desfile em Paris.
O estilista com o amigo Ney Matogrosso, numa capa de ‘Caras’ com Vera Fischer e após desfile em Paris.
Foto: Reproduções/Instagram @ocimarversolato

Crise financeira e decadência da imagem fizeram Ocimar afastar-se dos holofotes. O sucesso inicial jamais foi repetido. “Fui melhor estilista do que empresário”, admitiu.

Nos últimos anos, raramente aparecia em eventos públicos e evitava contato com a imprensa. Trabalhava no mercado financeiro, longe do glamour das passarelas.

No Instagram, ele registrava encontros frequentes com amigos igualmente estelares, como o premiado fotógrafo mineiro Sebastião Salgado, com quem esteve na última viagem a Paris, em outubro.

Versolato, que também trabalhou com Gianni Versace e teve sua própria grife, foi prova viva de uma sabedoria popular: o difícil não é conquistar a fama, e sim mantê-la por muito tempo.

Em 2001, entrevistado pela revista ‘IstoÉ’, fez uma autoanálise. “Tive o meu momento. A grande sacada é não deslumbrar. Porque a moda é um meio muito efêmero.”

Aproveitou a ocasião para alfinetar os estilistas da São Paulo Fashion Week que faziam questão de desprezar sua história: “Ocimar Versolato é criação, não é cópia”.

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