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Microsséries, filmes e seriados curtos ganham terreno na TV

22 jan 2013 - 15h50
(atualizado às 15h50)
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Buscar e testar novos formatos é uma constante na televisão. Atualmente, o setor de teledramaturgia de emissoras como Globo e Record – as duas que mais injetam investimentos na área – vem sendo invadido por produções que vão além da duração e do conteúdo tradicional já conhecido pelo público. Nesta nova ordem, percebe-se a aposta em microsséries de quatro episódios – exibidas em dias consecutivos –, novelas de pouco mais de 70 capítulos, seriados de temporadas curtas e telefilmes. "Depois de algumas modificações, acabamos criando um novo modelo. As minisséries de longa duração, que sempre estreavam em janeiro, viraram as novelas que são exibidas às 23 h. As microsséries de quatro episódios e com influência do cinema ficaram com esse espaço na grade", explica Guel Arraes, principal incentivador do diálogo entre o cinema e a TV dentro da Globo. São de seu núcleo produções de sucesso como a pioneira O Auto da Compadecida – concebida como série e transformada em longa-metragem –, de 1999, até mais recentes, feitas para o cinema e adaptadas para as telinhas, casos de Xingu e Gonzaga – de Pai Para Filho.

Autores avaliam que telespectadores não têm mais paciência de acompanhar produções muito longas
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Foto: Afonso Carlos/Carta Z Notícias / TV Press

Ao longo dos últimos anos, a concepção de uma produção que pudesse funcionar tanto na televisão quanto no cinema também influenciou outros realizadores dentro da emissora carioca. No ano passado, Jorge Fernando gravou cenas extras e mais ousadas de Dercy de Verdade, com a intenção de lançar um filme. No caminho inverso, O Tempo e O Vento, de Jayme Monjardim, estreia no circuito comercial em agosto de 2013 para logo depois chegar à TV em quatro episódios. "A produção é toda idealizada e formatada como um filme. Na hora da exibição na TV é que a gente adequa a questão da linguagem e do tom mais popular e abrangente", entrega Fernando. Fora deste diálogo entre mídias, o formato de microssérie também conquistou diretores e autores por sua concisão ao contar a história e pela estética apurada, como aconteceu com  Dennis Carvalho em Dalva e Herivelto – Uma Canção de Amor, de 2010, e com José Luiz Villamarim, diretor-geral da novíssima O Canto da Sereia. "A duração é perfeita para contar qualquer história de forma ágil e sem firulas", admite Villamarim.

Ao lado da microssérie, o formato de telefilme vem sendo cada vez mais utilizado no Brasil, seja na forma de especial de fim de ano ou com a função de testar o apelo de um seriado na audiência. É o caso de Doce de Mãe, longa para a televisão dirigido por Jorge Furtado, exibido durante a programação de fim de ano da Globo, que tem grandes chances de virar um seriado. Na Record, a criação de telefilmes passa por um viés literário. Sempre em parceria com produtoras independentes, o "filão" foi inaugurado em 2008, com a adaptação do conto Os Óculos de Pedro Antão, de Machado de Assis. Nos anos seguintes, contos de autores prestigiados, como Jorge Amado,  Érico Veríssimo, Aluísio de Azevedo e o português Eça de Queiroz, foram escolhidos para integrarem o projeto de adaptação de clássicos da emissora. "A ideia da Record é fazer disso uma espécie de série. Algo que, ao longo dos anos, torne-se um dos grandes acervos de adaptações literárias do país", conta Adolfo Rosenthal, da produtora Contém Conteúdo que, em parceria com a Record, já fez cinco longas para o meio, entre eles o recente O Milagre dos Pássaros.

Foi com outra produtora, a Gurlane, que a Record também testou o formato de séries de temporadas curtas e exibição semanal. Apesar da desorganização de horários e da audiência abaixo do esperado – em torno de cinco pontos –, a experiência com Fora de Controle, trama policial do autor Marcílio Moraes, agradou a direção da emissora. E há chances de que a produção ganhe uma segunda leva de episódios. Na Globo, enquanto Tapas & Beijos e A Grande Família são os únicos seriados que conseguem se manter no esquema anual de produção, a emissora testa ideias e textos em programas variados com duração entre 5 e 13 episódios. Só nos últimos dois anos, a emissora apresentou ao público títulos como Aline, Divã, A Mulher Invisível, Macho Man, Clandestinos – O Sonho Não Acabou e produções mais recentes como Como Aproveitar O Fim do Mundo e Suburbia. "Infelizmente, é a audiência que define quem fica e quem sai. Mas acho que essa diversidade de produções mais curtas é positiva para a emissora, oxigenandi a programação e dando mais opções ao público", acredita Luiz Fernando Carvalho, diretor de "Suburbia".   

Obra objetiva

Além das modificações no formato dos produtos de dramaturgia na linha de shows, as novelas das 18h da Globo passaram a ter uma função mais experimental. Seja para lançar novos autores ou para testar o apelo de folhetins mais curtos, como Cordel Encantado e A Vida da Gente, ambos de 2011 e com pouco mais de 135 capítulos - número bem inferior dos 221 episódios a O Cravo e A Rosa, sucesso exibido no início dos anos 2000. "O bom de contar a história em menos tempo é a possibilidade de o autor desenvolver a trama de maneira mais objetiva, sem as famosas 'barrigas', que enfraquecem o trabalho", analisa Lícia Manzo, autora de A Vida da Gente.

Na Record, mesmo antes do fracasso de Máscaras na audiência, Lauro César Muniz já reclamava dos mais de 200 capítulos recorrentes nas tramas da emissora. "É possível fazer uma novela menor e ter equilíbrio comercial. Nem o telespectador consegue mais se interessar e acompanhar novelas tão grandes", teoriza ele. Seguindo os passos da Globo e seus remakes de novelas clássicas com duração de 70 capítulos – cuja estreia se deu em 2011, com O Astro –, a Record se prepara para lançar uma nova versão de Dona Xepa. Enquanto isso, a Globo, depois dos bons índices de O Astro e Gabriela, vai investir na recriação do realismo fantástico de Saramandaia, de Dias Gomes. "O trabalho mais curto e o horário das 23h fazem a trama ficar mais ousada e livre. Trabalhar dessa forma é uma alegria para qualquer autor", avalia Ricardo Linhares, responsável pelo texto da novq versão da novela.

Fonte: Terra
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