Globo proibia filmar favela “porque era feio” e recusava sotaque nordestino, diz ex-repórter do canal
Fabio Pannunzio revela experiência nos bastidores e afirma que emissora “melhorou demais” a cobertura jornalística
Em entrevista ao Cultiva Cast, do Instituto Cultiva, o jornalista Fabio Pannunzio comentou uma restrição de seus tempos na Globo, entre 1986 e 1991.
“Quando eu era repórter lá, a gente não podia filmar a favela, era proibido pela direção de jornalismo porque era feio, denotava pobreza”, disse.
Ele criticou outro aspecto polêmico da emissora no passado. “Fui mandado para várias praças da Globo. Entre elas, fui para Recife. A Globo enchia de pessoas de sotaque neutro todas as praças do Brasil”, afirmou.
“Havia uma política xenófoba muito clara. Ela não aceitava o sotaque nordestino. Por isso, ela nos mandava para lá.”
Pannunzio citou a famosa fonoaudióloga Glória Beuttenmüller. “Ela ensinava as pessoas a negar o seu sotaque porque elas não tinham direito à identidade regional. Então isso acabou.”
O jornalista reconhece um avanço no canal líder de audiência. “A Rede Globo, a despeito de todas as coisas que ela faz de errado, melhorou demais a cobertura dela. Muita gente diz ‘ah, você está a favor’. Não é que estou a favor, ela tem um monte de defeitos que precisa corrigir.”
Com passagem também por bancadas da Band, Fabio Pannunzio hoje apresenta o ‘Desperta ICL’ no canal ICL Notícias, de linha editorial progressista.