Del Rangel é trunfo do SBT com estreia de 'Uma Rosa com Amor'
- Márcio Maio
- Direto do Rio
Del Rangel não gosta de se prender a nenhuma emissora. Diretor artístico do SBT e geral da nova novela da emissora, Uma Rosa com Amor, que estreia nesta segunda, às 20h15, o cearense até confessa que o trabalho na emissora de Sílvio Santos é instigante e agradável. Mas, apesar de ser uma das apostas do patrão na retomada da dramaturgia do canal, dá a entender que, a qualquer momento, pode abandonar o barco. "Meu contrato não tem multa, pode ser rompido por ambas as partes", entrega. Porém, antes disso, pretende levantar a audiência da emissora. Para isso, se vangloria de ter uma das melhores equipes para trabalhar com novas tecnologias. "A gente manda bem na alta definição. Até porque o grupo inteiro veio de cinema publicitário", explica ele, que não descarta a ideia de adaptar mais uma trama mexicana nesta nova fase. "O importante é como se faz. Se pegarmos a colombiana Betty, a Feia, vemos um grande exemplo. Ugly Betty, adaptação feita pelos americanos, é maravilhosa! E olha a que é feita pela Record. É uma bosta!", critica.
Existe uma proposta de revitalização da teledramaturgia do SBT. O que Uma Rosa com Amor tem que pode ajudar a impulsionar esse movimento?
Essa expressão é perfeita para traduzir o que buscamos. É isso mesmo. Uma revitalização. Mas não começa só na estreia de Uma Rosa com Amor. O SBT vem transformando sua teledramaturgia desde Vende-se um Véu de Noiva, a passos largos. Foram contratações novas de atores e do próprio Tiago Santiago e também essa pegada brasileira, desmistificando todo o passado mexicano que a gente tinha. A emissora estava rotulada por isso. A minha gestão é mais digital porque, além de administrativo, sou um cara muito voltado para a modernidade. Tenho uma formação acadêmica, sim, mas sou totalmente ligado ao que acontece no mundo da tecnologia. Na medida em que crescermos e ganharmos audiência, teremos mais dinheiro para investir em novos recursos e, é claro, em outros autores e atores.
Você acredita que o SBT vai conseguir apagar esse preconceito que sofre por ter traduzido vários folhetins mexicanos?
Acho que tudo se esquece no Brasil. Vende-se Um Véu de Noiva já serviu para mostrar que estamos mudando. Agora, Uma Rosa com Amor mostra o quanto evoluímos em qualidade e nessa desmistificação da antiga mexicanização. E digo mais: ainda temos textos mexicanos aqui. E não tenho o menor pudor de, um dia, voltar a usar. O importante é como se faz. Se pegarmos a colombiana Betty, a Feia, vemos um grande exemplo. Ugly Betty, adaptação feita pelos americanos, é maravilhosa. Olha os cenários! E olha a que é feita pela Record. É uma bosta! Mas trata-se da mesma Betty, a Feia. É uma questão de quem adapta, da qualidade, enfim, de talento mesmo.
Vocês enfrentaram problemas por causa das chuvas em São Paulo. Isso atrasou os trabalhos para a estreia da novela?
Tivemos problemas sim, porque a gente construía a cidade cenográfica e a chuva derrubava. Mas ela já está pronta e estamos gravando nela desde o Carnaval. Foram 48 dias de chuvas ininterruptas em São Paulo, uma crueldade. Tivemos de ir a Itu para gravar. Chegou a hora em que a gente se tocou que, se ficássemos aqui, parados, não iríamos trabalhar. Mas, para mim, foi uma maravilha. Adoro ser colocado à prova, ficar encurralado. Por causa disso, as cenas da casa da Roberta, personagem da Isadora Ribeiro, são todas gravadas em Itu. Enquanto chovia em São Paulo, lá nós tínhamos um clima paradisíaco. A novela deslanchou, adiantamos muito naquele cenário. No final, só ganhamos. Tenho cidade cenográfica, mas grande parte dos nossos cenários está na rua, em locações. E tanto interior quanto exterior, para não ter essa coisa de cortar para estúdio e para externa. Damos uma sensação cinematográfica mesmo.
Como você encara o horário de exibição da novela na faixa das 20h15, sem concorrência de outros folhetins? Tem receio de trocas no futuro?
Sou diretor artístico e o Sílvio Santos, de programação. Sou pago para dirigir e entregar a novela. Essa é a minha função. Quem é da programação fica responsável por programar a exibição. Como não acompanho estratégias de programação, não posso dizer se é bom ir ao ar às 22h, 21h ou 20h. Não tenho tempo de saber quem subiu, quem desceu. Já o Sílvio vive disso. Ele tem uma equipe que fica de olho no Ibope. Se ele muda de horário, se pede para encurtarmos algo, é por motivos de estratégia de programação. Sempre tem uma razão, não é aleatório.
Você vive trocando de emissora. O que o faz não se prender a nenhuma empresa?
Sou um apátrida na TV. Quando vou criando móveis e utensílios, começo a ficar nervoso. Me dá um negócio e não consigo ficar. Fora que aparecem coisas que me instigam. Aí, vou e faço. Geralmente, é por outro trabalho. Agora o SBT está me dando, pela primeira vez, uma certa calma, tranquilidade. Mas meu contrato é sem multa, posso rescindir na hora que quiser.
Uma Rosa com Amor - Estreia segunda, dia 1º de março, às 20h15, no SBT.