Carol Hubner estrela antimusical e diz aceitar o fim da fama
Atriz, vencedora do ‘Casa dos Artistas 4’, vive jovem que sonha com o sucesso em ‘Enquanto as Crianças Dormem’
“Quando se é famoso, você pode ler sobre si mesmo, as pessoas dão opiniões sobre você, mas o que realmente importa é como você se sente sobre quem você realmente é.”
A frase de Marilyn Monroe, o maior mito de Hollywood e talvez a atriz mais estigmatizada de todos os tempos, está em sintonia com o pensamento de uma artista brasileira, Carol Hubner.
Ela venceu o reality show ‘Casa dos Artistas 4 – Protagonistas de Novelas’, exibido há 13 anos no SBT.
Aquela edição transformou o confinamento em uma escola de teledramaturgia, com aulas de interpretação, canto e dança com alguns dos melhores professores do País.
Carol foi a campeã da batalha de talentos. Mas seu prêmio – o tal papel principal em um folhetim da emissora – não fez jus à vitória. Interpretou uma personagem coadjuvante em ‘Esmeralda’, estrelada por Bianca Castanho.
No momento, Hubner encabeça o elenco de ‘Enquanto as Crianças Dormem’, um antimusical tragicômico escrito e dirigido por Dan Rosseto.
A trama não poderia ser mais contemporânea em tempos de exaltação das celebridades da TV e da internet: a atendente de fast-food Kelly é fã do musical ‘O Mágico de Oz’ e sonha imigrar para os Estados Unidos a fim de se tornar uma estrela da Broadway.
Vivendo uma realidade nada glamourosa, ela se apega a delírios para suportar a dura rotina e o anonimato.
Em entrevista ao blog, Carol Hubner comenta a mensagem do espetáculo, a participação no ‘Casa dos Artistas’ e o afastamento da TV:
O espetáculo destaca a busca do sucesso e, ao mesmo tempo, a ilusão pela fama. Você se identifica com sua personagem?
A Kelly é uma garota sozinha, sonhadora e que fantasia demais. Embora pareça que todo ator queira ser famoso, nem sempre este é o objetivo. O meu, por exemplo, foi sempre buscar respeito e não a fama. Kelly é uma garota sem amor, sem respeito pela sociedade, é violentada, hostilizada. Eu estudei em colégio de freira, morei a vida inteira em Moema (bairro de classe média alta em São Paulo) e tive pais presentes. Se eu tivesse que comparar a minha vida com a dela, não saberia nem por onde começar. É maravilhoso defendê-la com a esperança de talvez mudar o caminho de alguma jovem sonhadora que possa viver algo parecido em busca da fama.
A peça sugere que a fama cobra um preço alto. Você sentiu pressão para se manter em evidência na mídia após vencer o ‘Casa dos Artistas’?
Quando me inscrevi na ‘Casa’, não tinha o objetivo de ser famosa. Queria ser protagonista de novela, exercer o meu ofício e ganhar um salário por isso. Embora não tenha sido protagonista, vivi a experiência de fazer um personagem em uma novela e ganhei pelo trabalho. Senti o gosto da fama, vivi aquela ocasião. Ela (a fama) foi se acabando e eu, aceitando o fim, simples assim.
Ex-participantes de reality shows frequentemente são alvo de discriminação. Viveu alguma situação desagradável?
Por incrível que pareça, o único lugar que senti um pouco de preconceito foi na própria novela ‘Esmeralda’, por alguns diretores que não sabiam o que era o programa ‘Casa dos Artistas - Protagonistas de Novela’. Achavam que era um reality com o objetivo de ficar rico e famoso, não sabiam que era para lançar um ator, e que durante as nove semanas por lá, éramos dirigidos por Nilton Travesso, em cenas de teatro e TV, e julgados por jurados como Zezé Motta e Paulo Autran. Foi maravilhoso estar na ‘Casa’, uma das melhores experiências da minha vida.
Sua formação inclui mestres como Beto Silveira e Fátima Toledo. Qual a importância deles em sua trajetória?
O Beto foi o meu primeiro mestre. É o melhor profissional para quem está começando. Ele é muito sensível, e foi lá que comecei a ‘tirar as máscaras’, me conhecer. O trabalho da Fátima tem um objetivo parecido, que é ser o que se é. Fiz curso intensivo com ela. Todos os mestres ou diretores que tive e que ainda terei serão sempre complementares. A busca é individual de cada ator.
Você tem atuado mais em teatro. Decepcionou-se com a TV?
Amo o teatro. Depois de mais de dez anos em cartaz, posso arriscar dizer que o teatro me oferece um espacinho dentro dele. A minha experiência na televisão é muito pequena, fiz uma novela, algumas campanhas de publicidade, participações em séries e programas, não deu tempo de me decepcionar. Não tenho claro o que gostaria de fazer em teledramaturgia, me balançaria muito uma oportunidade em uma série dirigida pelo Fernando Meirelles (diretor de ‘Os Experientes’, ‘Felizes Para Sempre?’ e ‘Cidade de Deus’, entre outros). Sou muito fã dele, artística e pessoalmente.
Elenco: Carol Hubner, Carolina Stofella, Diogo Pasquim, Guilherme Araújo, Haroldo Miklos, Juan Manuel Tellategui, Roque Greco e Samuel Carrasco
‘Enquanto as Crianças Dormem’ (Classificação: 14 anos)
Elenco: Carol Hubner, Carolina Stofella, Diogo Pasquim, Guilherme Araújo, Haroldo Miklos, Juan Manuel Tellategui, Roque Greco e Samuel Carrasco
Teatro Viradalata, Rua Apinajés, 1387, Sumaré, São Paulo.
Toda sexta-feira, 21h. Até 27/10. Informações: (11) 3868-3525.
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