É bonito ver atores de 70, 80, 90 anos brilhando na TV
Veteranos exibem vigor físico e grandiosidade artística em novelas atuais
“Os que amam profundamente jamais envelhecem; podem morrer de velhice, mas morrem jovens”, escreveu o monge alemão Martinho Lutero.
Prova disso se vê diariamente na teledramaturgia brasileira: atores com idade avançada mas exalando o frescor de quem ama o que faz – e renova constantemente o amor pela própria existência.
Boa parte deles encabeça o elenco em papéis essenciais. Nenhuma novela pode dispensar a experiência artística e a sabedoria de vida desses mestres.
Em ‘Tempo de Amar’, trama de época das 18h30 da Globo, Nívea Maria hipnotiza o telespectador a cada aparição na pele da amorosa e sofrida Henriqueta. A grande atriz festejou 70 anos.
Na mesma novela, Tony Ramos surpreende mais uma vez num papel dramático: o ríspido José Augusto, um homem que faz o possível para sufocar sentimentos e minimizar manifestações de afeto. O ator vai completar 70 em 2018.
Outro destaque da requintada produção é Regina Duarte. A rainha dos folhetins sai de sua zona de conforto ao viver a cafetina Madame Lucerne. Mais um destaque na carreira da artista, sete décadas de vida.
Na comédia policial ‘Pega Pega’, o público acompanha o desfile de talento e elegância de Irene Ravache como Sabine, uma milionária tão esnobe quanto enigmática. A artista completou 73 em agosto.
Ao lado dela, a magnificência de Milton Gonçalves. Referência para várias gerações e ícone para os negros, o ator de 83 anos faz de um personagem pequeno – o humilde Cristóvão – uma oportunidade para exprimir intensidade dramática a cada cena.
No denso novelão das 21h, Fernanda Montenegro impressiona como Mercedes, a médium rezadeira que é uma espécie de farol da trama.
Aos 88 anos, a dama da TV despiu-se de qualquer vaidade para o papel: lá estão os cabelos brancos e a pele do rosto com todos os desenhos e relevos esculpidos pelo tempo.
A outra âncora de ‘O Outro Lado do Paraíso’ tem 71 anos: Marieta Severo, a vilã Sophia. Uma atriz magnética que pulsa energia no corpo e no olhar.
O que escrever a respeito do ‘idoso’ Lima Duarte como Josafá? Diante das câmeras, vira um rolo compressor a esmagar qualquer limitação imposta por seus 87 anos. Um espetáculo ambulante.
Quem também dá show é Laura Cardoso. Uma diva de 90 anos. Sua participação em poucos capítulos, vivendo a dona de bordel Caetana, pode ser classificada como um presente luxuoso ao público da mesma produção global. A fragilidade física compensada pela força cênica.
Em ‘Belaventura’, novela de enredo medieval da Record, há uma atriz com porte de rainha: Ester Góes, 71. A personagem, Leocádia, está em sintonia com a intérprete: uma mulher sábia e referencial.
Estes são alguns exemplos de sexagenários, septuagenários, octogenários e nonagenários – perdão por esses palavrões – que encantam, emocionam e divertem as famílias brasileiras.
São homens e mulheres ativos profissionalmente, com valiosa produção artística, em um País que envelhece em ritmo acelerado.
Os velhos, tão desrespeitados e desprestigiados nesta jovem nação, vão representar 30% da população em 2050, de acordo com projeção do IBGE.
Tomara que a maioria de nós envelheça com igual lucidez, vitalidade e produtividade desses incríveis atores e atrizes da TV.
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