‘BBB’ é como a política: faz a gente tomar partido e vibrar
Reality show se assemelha a uma boa eleição: envolve e provoca o telespectador
Sentado diante da TV, a maioria do público consome a programação sem se empolgar nem interagir. Não somos mais aquele telespectador das primeiras décadas da televisão no Brasil, quando ainda se confundia ficção com realidade e deixava-se levar facilmente pelas tramas propostas.
Hoje, estamos ‘descolados’. A gente não compra qualquer formato logo de cara. O programa precisa ser muito interessante para fidelizar nossa atenção e audiência.
O ‘Big Brother Brasil’, ainda que tão previsível, é eficiente nesse quesito. Entretém milhões de brasileiros. Estes, geram e compartilham posts a respeito do dia a dia na atração.
Ainda que não pontue no Ibope tão bem como nas primeiras edições, ainda oferece à Globo índices que garantem a liderança folgada.
O sucesso do ‘BBB’ está em exigir um posicionamento do telespectador. Impossível ficar indiferente.
Assim como se escolhe uma ideologia política para militar na internet, opta-se em amar ou odiar o reality show e defender sempre que possível essa opinião – vale até brigar com os amigos virtuais que pensam o contrário.
Como em quase todo ativismo, a atração suscita discursos radicais e tira o público da letargia. Fica ressaltado o poder de influência da TV.
O ‘Big Brother’ já conseguiu mobilizar 155 milhões de votos num único paredão (a escolha do campeão do ‘BBB10’ entre Marcelo Dourado, Fernanda e Cadu).
Como comparação, o acirrado embate no segundo turno da eleição presidencial de 2014 entre Dilma Rousseff e Aécio Neves teve 112 milhões de votos apurados, com 30 milhões de abstenções.
O brasileiro se mostra mais animado a decidir o vencedor do ‘Big Brother Brasil’ do que em definir o comandante do País.