Romeu Benedicto vive deputado corrupto em Os Donos do Jogo na Netflix: 'Instigante'
Ator Romeu Benedicto fala sobre Mandele Neto, político que tenta legalizar o jogo do bicho na trama
Em Os Donos do Jogo, Romeu Benedicto interpreta um dos personagens mais controversos da série: o deputado Mandele Neto, autor do projeto de lei que tenta liberar o jogo do bicho, além de cassinos e caça-níqueis. Conforme o ator contou à Contigo!, o papel exigiu do ator um mergulho profundo num universo bem distante de sua própria personalidade.
"Adoro trabalhar o oposto, é mais instigante, aumenta o desafio e é aí que começa a diversão", conta. "Isso dá uma liberdade na criação, porque posso pegar vários recortes dos políticos que temos no Brasil. O desafio é naturalizar essa persona. Eu brinco com o que existe de sombra, luz e escuridão, bem e mal. Vamos definindo os valores, que são reais em todos nós, e a partir disso construo os do deputado."
Para Romeu, a chave foi não julgar o personagem, e sim entendê-lo. "É importante não julgar a personagem e mergulhar no universo dela. Não foi difícil achar referências de deputados corruptos na nossa política. O resultado foi o que vocês viram em 'Os Donos do Jogo'. Aliás, o deputado ainda tem 15 milhões a receber ainda (rs)", revelou.
Bastidores no Rio e histórias de camarim
As gravações aconteceram no Rio de Janeiro, em fevereiro, e renderam memórias afetivas, e gastronômicas. Romeu lembra com carinho de um almoço que virou troca cultural entre elenco e culinárias de diferentes países.
"No almoço na Marina da Glória, eu, Fabien (ator francês) e Juliana Paes conversávamos sobre as diferenças da culinária francesa e brasileira. Descobri que eu e a Juliana temos a mesma paixão por um prato cuiabano: a farofa de banana da terra."
O detalhe é que foi Romeu quem apresentou o prato tradicional aos colegas. "Falei da culinária típica da minha cidade natal, Cuiabá. A Juliana disse que conheceu a farofa quando gravou Pantanal, novela da qual também participei na primeira fase. Aí ensinei o segredo para fazer a melhor farofa de banana do mundo, como a dos ribeirinhos. Ensinei segredos da culinária cuiabana ao francês e à Juliana (rs)."
Química com o elenco e influência na interpretação
Ao contracenar com nomes fortes como Fabien Caleyre, Juliana Paes, Chico Díaz e André Lamoglia, Romeu diz que o processo foi de parceria total, como nos bastidores de teatro."Foi uma química maravilhosa. O clima era de afeto, generosidade e parceria, como uma equipe de teatro. Uma jornada cheia de aprendizado."
E garante: todo esse acolhimento o ajudou a construir o oposto, o político frio e oportunista que interpreta. "Para o deputado, tudo contribuiu. Bastou ir para o oposto desses sentimentos."
Paralelos com a realidade e estudo do comportamento político
Para compor o personagem, Romeu buscou referências diretas na política brasileira e no comportamento de figuras públicas. "Me preparei vendo muitos políticos e assistindo ao Congresso ao vivo. Via como referência decisões que nitidamente são de interesse próprio, defendidas como se fossem vontade do povo. Essa foi uma das formas de composição."
A análise da dualidade humana também foi fundamental: "Trabalhei o que é sombra, luz e escuridão no comportamento humano, sempre olhando para a personagem sem julgamento e identificando o objetivo dela na cena."
O ator sintetiza a ética duvidosa de Mandele Neto: "A ética e a moral para Mandele Neto são valores pra inglês ver. Aos olhos dele só importa o que lhe beneficia. Ser confiável é relativo. Ele vai para onde a banda toca, com todas as falhas morais e éticas, cheio de hipocrisia — ele tá pro jogo. Resolve as coisas como for preciso, até na bala".
A força do jogo do bicho na trama
A série retrata o jogo do bicho como fenômeno profundamente enraizado no Rio de Janeiro e na cultura brasileira. Para Romeu, essa ligação com a vida real dá ainda mais peso ao projeto: "Histórias baseadas em fatos reais já vêm com uma força tremenda. Ainda mais com o talento do Heitor Dhalia. A série está muito bem contada, dirigida, filmada e interpretada."
Novos projetos
Além de "Os Donos do Jogo", o ator também integra a quarta temporada de "Arcanjo Renegado", que estreia em novembro no Globoplay.
"Faço o ex-policial Cristiano Monteiro, que traz informações importantes para a investigação e ajuda o jornalista Ronaldo (Álamo Faco). Arcanjo vem forte, é uma honra." No cinema, Romeu aparece em vários títulos: "Estou em 'Religare', filme de Marite Azevedo, contracenando com Letícia Sabatella. Também estou em 'Bonifacia', com Zezé Motta, vivendo Major Chagas, e no longa 'Coroa Branca', interpretando Jovenir, chefe de segurança. Todos estão em fase de finalização."
O ator ainda desenvolve um projeto pessoal: "Estou em pesquisa e elaboração do roteiro do filme sobre a história do meu pai." Quanto à escolha de papéis, segue a intuição: "Eu não escolho muito os personagens que aparecem, mas seleciono com a minha intuição. Olho se o personagem é interessante, se tem abrangência, se muda a história. Gosto de personagens que me toquem, me desafiem e permitam explorar várias camadas do ser humano. Seja vilão ou não.
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