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Quando Verissimo revelou sua alma musical à Rolling Stone Brasil

Em 2012, o cronista abriu as portas de casa e do coração para falar de jazz, futebol e da vida sem pressa numa conversa inesquecível

30 ago 2025 - 17h09
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Veríssimo na sala estar de sua residência, no bairro Petrópolis, em Porto Alegre
Veríssimo na sala estar de sua residência, no bairro Petrópolis, em Porto Alegre
Foto: Raul Krebs / Rolling Stone Brasil

Luis Fernando Verissimo morreu neste sábado (30), aos 88 anos, em Porto Alegre, vítima de complicações decorrentes de uma pneumonia. O cronista mais querido do Brasil nos deixa um legado imenso de humor inteligente e observação certeira do cotidiano. Para relembrar sua figura humana e carismática, republicamos trechos das conversas que ele teve com a Rolling Stone Brasil em 2012, quando nos recebeu em sua casa e revelou sua paixão pelo jazz, pelo futebol e pela vida simples.

"Ok, por hoje deu?" A frase ecoou no pequeno estúdio da rádio minima.fm em outubro de 2012. Era Luís Fernando Veríssimo encerrando seu programa sobre jazz, o mesmo homem que dias depois abriu sua casa no Petrópolis para conversar com a revista.

Descalço, confortavelmente sentado numa poltrona vermelha, Veríssimo se revelou como poucos o viram: um homem que "ouve muito e fala pouco", mas que quando fala, cada palavra tem a medida exata. Naquela manhã de inverno, o escritor de 76 anos mostrou que sua genialidade ia muito além das páginas impressas.

"A música veio antes da escrita", confessou. Aprendeu saxofone aos 16-17 anos, muito antes de sonhar em ser escritor. Foi nos Estados Unidos que viveu o período dourado do jazz americano, vendo Charlie Parker, Count Basie e Louis Armstrong nos lendários clubes de Nova York.

Sobre seu grupo Jazz 6, foi humilde como sempre: "Todos os músicos são profissionais, o único amador sou eu". Já sobre o futebol, a paixão pelo Internacional nasceu de uma lógica peculiar: "Como eu tinha ajudado a ganhar a Guerra pela democracia, não iria torcer pelos alemães" (referência humorada ao Grêmio, que na época tinha forte ligação com a comunidade alemã de Porto Alegre e não aceitava jogadores negros). Quando provocado sobre o pai gremista, desconversou: "Isso é uma coisa que a gente não comenta aqui em casa".

"Gosto muito de uma frase do Zuenir Ventura: ele não gosta de escrever, gosta de ter escrito. O ato de escrever não me dá muito prazer. Bom é ter escrito". A confissão revelou o lado menos romântico da criação literária.

Mas foi falando da neta Lucinda que se mostrou mais humano. "Uma maneira de prepará-la para o que vem aí é formar uma pessoa solidária", disse o avô otimista. A menina de 4 anos chegou durante a entrevista, "escancara um sorriso, um daqueles de fazer qualquer um sentir-se otimista".

"Esta casa é um labirinto", disse ao conduzir o repórter até o portão. Mas não havia labirinto - apenas a simplicidade de quem sabia exatamente onde estava.

Naquelas horas na casa do Petrópolis, a Rolling Stone captou a essência de um homem que transformou observação em arte e silêncio em sabedoria. Um gênio da palavra que preferiu viver em tom menor, encontrando poesia no cotidiano.

As matérias completas de Marcelo Ferla e Stella Rodrigues continuam disponíveis no site da Rolling Stone Brasil e você pode ler a seguir, um registro precioso dos pensamentos e memórias de quem nos ensinou que, às vezes, o resto é mesmo silêncio.

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