O que aconteceu com Arlindo Cruz? Médico comenta caso após óbito: 'Ele já estava'
Médico explica quadro que pode ter levado Arlindo Cruz a óbito após mais de oito anos lutando contra sequelas do AVC
Nesta sexta-feira (8), faleceu o sambista Arlindo Cruz, aos 66 anos, após semanas internado em um hospital no Rio de Janeiro. Ele vinha enfrentando batalhas contra as sequelas de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) sofrido em 2017, e veio a óbito após complicações de uma pneumonia.
Em conversa com a Mais Novela, o médico neurologista Rodrigo Silveira, do Hospital Icaraí, falou sobre o quadro de saúde do cantor e as fragilidades enfrentadas desde que precisou passar por uma traqueostomia e uma gastrostomia para respirar melhor e conseguir se alimentar com uma sonda.
"O AVC (Acidente Vascular Cerebral) pode também receber o nome de Acidente Vascular Encefálico, o nome mais completo, quando engloba o cérebro, o tronco encefálico e também o cerebelo. Mas também essa condição que a gente vai nomear popularmente como AVC e alguns chamam também de derrame, é uma condição que é uma das principais causas de morbidade e também de mortalidade em todo o mundo. Disputa sempre entre os cinco lugares das causas de mortalidade no mundo todo", iniciou o profissional da saúde.
E continuou: "Essa condição, chamada de AVC, pode ser dividida em duas formas: uma forma isquêmica, quando não tem sangramento, e a forma hemorrágica, quando tem sangramento, ocorre a ruptura de vasos sanguíneos e assim ocorre o extravasamento de sangue para a região do encéfalo".
"O AVC pode deixar diferentes sequelas. As mais comuns são as alterações motoras: dificuldade para mexer um lado do corpo como braço, perna, rosto. Pode evoluir com a alteração da sensibilidade, dificuldade para sentir algum lado do corpo. Mas também pode afetar fala e até mesmo a respiração. Tudo depende da localização do AVC e a extensão do AVC. No caso do AVC hemorrágico, existe a maior chance de ter uma extensão do AVC para outras regiões", explica Rodrigo Silveira.
Já sobre o caso do cantor, ele explica os procedimentos que foram necessários para que ele continuasse vivo nos últimos anos: "Agora no caso do Arlindo Cruz, ele já estava com uma traqueostomia, que é no caso de colocar uma sonda para respirar através da traqueia, e também uma gastrostomia, que é uma sonda através do estômago para conseguir se alimentar, esse paciente que fica muito tempo com esse tipo de dispositivo, ele fica mais propenso a ser infecções, infecções das vias respiratórias. E da mesma forma, o corpo fica mais enfraquecido quando acontecem as sequelas do AVC".
"Então a longo prazo pode ocorrer o risco de óbito, principalmente se tiver infecção, se tiver com a imunidade mais debilitada. O próprio paciente quando tem um AVC ele pode ter dificuldade de tossir, dificuldade para colocar a secreção para o lado de fora, porque a tosse é uma maneira de proteger o nosso pulmão. Então muito possivelmente essa é uma das complicações que podem ter levado ao óbito do Arlindo Cruz", detalha o médico.
Por fim, Rodrigo Silveira também explicou como o procedimento cirúrgico pode ter desencadeado a pneumonia que levou o sambista a óbito: "A traqueostomia, como ela favorece a ocorrência de infecções na via respiratória, pode evoluir para a pneumonia, que também é uma das causas de óbito, porque a infecção, dependendo da gravidade, pode acabar comprometendo a saúde e a vida do paciente".