'O Perigo de Estar Lúcida', de Rosa Montero, é simplista ao relatar manias de escritores 'geniais'
Novo livro da autora de 'A Ridícula Ideia de Nunca Mais Te Ver' tem chamado a atenção por associar criatividade ao desequilíbrio mental. No livro, a escritora espanhola usa experiências pessoas; leia a crítica
O Perigo de Estar Lúcida, livro da jornalista e escritora espanhola Rosa Montero, em tradução de Mariana Sanchez, tem despertado a atenção, em parte por causa do tema abordado pela autora: "a relação entre a criatividade e uma certa extravagância. Sobre se a criação tem algo a ver com a alucinação. Ou se ser artista te torna mais propenso ao desequilíbrio mental como se tem suspeitado desde o início dos tempos".
Além de relatos curiosos e sensacionalistas, o livro também traz conselhos, pois, como diz a escritora, "acredito que todos nós, artistas, compartilhamos a sensação de sermos meros portadores de uma mensagem que não sabemos direito de onde vem", mas Montero sabe, respondendo entre parênteses: "(na verdade vem do inconsciente, claro)". Essa frase retórica vazia não é a única que o leitor encontrará em seu livro.
Para não deixar o artista só no pedestal, como o faz Montero, lembro de uma máxima do artista francês Marcel Duchamp: "o ato criador não é executado pelo artista sozinho; o público estabelece o contato entre a obra de arte e o mundo exterior, decifrando e interpretando suas qualidades intrínsecas e, dessa forma, acrescenta sua contribuição ao ato criador".
Por fim, fica também um conselho do artista estadunidense Richard Serra: "se você realmente quiser diferenciar o seu trabalho do de todo mundo, toda vez que chegar a uma bifurcação na estrada, não pense sobre qual rumo tomar; automaticamente, escolha o caminho mais difícil. Todo mundo está escolhendo o mais fácil".
O Perigo de Estar Lúcida
Autora: Rosa Montero
Tradução: Mariana Sanchez
Editora: Todavia (272 págs.; R$ $67,41 | E-book: R$ 49,90)