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Virtuoso violinista Joshua Bell admite ensaiar pouco

20 mai 2009 - 11h01
(atualizado às 11h03)
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Para muitos artistas, o sucesso representa, mais do que o reconhecimento do talento, às vezes quase divino, a liberdade de fazer exatamente o que se quer na carreira. Foi única e exclusivamente por sua vontade que o violinista Joshua Bell gravou e lançou, há alguns meses, um álbum com As Quatro Estações, de Vivaldi - talvez o concerto mais regravado do mundo.

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"Gravei para deixar para meus netos", brinca Bell, por telefone em entrevista ao Jornal do Brasil, de Portland, nos EUA, onde realiza um concerto, preparando-se para exibição no Rio e em São Paulo no mês que vem, com a Orquestra Sin'fônica Brasileira e em recitais ao lado do pianista Frederic Chiu. Sempre preciso encontrar mais tempo para fazer o que eu gosto. É uma questão de satisfação pessoal, e queria ter minha própria documentação desta obra".

Bell tem justificativas artísticas para a escolha do repertório, que representou, no século 18, um divisor de águas na técnica violinística.

"Por ser muito popular, a obra tem muitas interpretações, claro, mas a música barroca guarda segredos para cada intérprete", acredita o violinista, que no disco foi acompanhado pela Academy of St. Martin in the Fields. "Tenho meu próprio approach, usei minhas influências, muito românticas, mas não tento ser diferente. Afinal, nós da música clássica estamos sempre nesta situação, de gravar um repertório que certamente outros já tocaram muito. Isso é muito normal".

Nascido no estado de Indiana, Bell, de 41 anos, rivaliza com o russo Maxim Vengerov, sete anos mais jovem que ele, o posto de melhor violinista de sua geração. Alternam-se no topo das listas de revistas especializadas como Grammophone e Diapason. Nos últimos dois anos disparou na frente em popularidade, graças a um episódio em que foi, digamos, desprezado. E que, justamente por isso, o tornou famoso mundo afora entre aqueles que não têm qualquer interesse por música clássica.

Em janeiro de 2007, a convite do crítico Gene Wingarten, do The Washington Post, Joshua Bell pôs debaixo do braço seu Stradivarius Gibson de 1713, pelo qual pagou US$ 3,5 milhões e foi tocar numa estação de metrô da capital americana. Seus concertos, cujos ingressos não são nada baratos, vivem lotados. No Rio as entradas já estão à venda e custam entre R$ 88 e R$ 172. Mas poucos pararam para ouvi-lo e, no case de seu valioso instrumento, pingaram pouco mais de US$ 30, bem trocadinhos. A reportagem ganhou o Pulitzer e na ocasião ele disse: "Era uma sensação estranha, de que as pessoas estavam me ignorando. Mas ali minhas expectativas baixaram muito e comecei a perceber, com alegria, o mínimo sinal de reconhecimento".

Artista da Sony, Bell tem cerca de 30 títulos gravados e acumula prêmios - não só os da classe, mas também um Grammy e um Emmy. Sua interpretação contribuiu para o Oscar de Melhor Trilha Sonora Original do filme The red violin, assinada por Jonh Corigliano, e críticas que derramam elogios à sua técnica primorosa. Também é requisitado para muitas entrevistas em programas de TV. Sua imagem e performance ajudam a vender de perfumes a computadores - mas sempre de marcas top de linha. Com tudo isso não sobra muito tempo para ensaiar.

"Minha vida é tão louca, um concerto depois do outro, muitas coisas só vou praticar quando se aproximam as apresentações. É difícil".

Foto: Divulgação
Jornal do Brasil Jornal do Brasil
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