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Soprano Maria Pia Piscitelli apresenta três rainhas de óperas de Donizetti

Maria Pia Piscitelli interpreta cenas finais de 'Anna Bolenna', 'Maria Stuarda' e 'Roberto Devereux', no Theatro São Pedro

25 ago 2019 - 03h11
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Uma rainha acusada injustamente de traição; outra presa em meio a disputas pelo trono e condenada à morte; e uma terceira às voltas com seu desejo pessoal e o dever de estado. Em comum, Anna Bolenna, Maria Stuarda e Elisabeth I compartilham um sentido de tragédia, mas não só. Pertenceram à dinastia Tudor - e suas vidas transformaram-se em grandes óperas pelas mãos do compositor italiano Gaetano Donizetti no início do século 19.

Donizetti não imaginou Anna Bolenna, Maria Stuarda e Roberto Devereux (em que Elisabeth I é uma das protagonistas) como uma trilogia, mas assim a história da ópera as trata. E, neste domingo, 25, a soprano italiana Maria Pia Piscitelli sobe ao palco do Theatro São Pedro para interpretar as cenas finais das três óperas, acompanhada da Orquestra Sinfônica de Santo André, do maestro Abel Rocha e de jovens cantores brasileiros selecionados pela Cia. Ópera São Paulo (ela apresenta o mesmo repertório no dia 31, no Theatro Municipal do Rio, com a orquestra do teatro e o maestro Ira Levin).

"Donizetti é o máximo representante do bel canto, com uma escrita para a voz que é acima de tudo teatral, está a serviço do drama", diz ela em entrevista. "A voz não é um fim em si mesmo." Piscitelli é uma especialista em Donizetti e já cantou esses papéis em teatros importantes, como o Scala de Milão. Vê entre eles algumas semelhanças - e diferenças.

"Maria Stuarda é uma personagem quase angelical. Sabemos que a figura real não era exatamente uma santa, mas é assim que Donizetti a retrata. Ela é muito lírica, tem grande doçura, delicadeza. Apenas seu dueto com Elisabeth é mais dramático, ali vemos o acento de uma grande rainha. Mas, no resto, até quando está seguindo em direção ao patíbulo, Donizetti e seu libretista ressaltam sua delicadeza", afirma.

Anna Bolenna, de alguma forma, é uma mulher marcada por contrastes. "Há momentos de grande dramaticidade, como quando ela reivindica sua inocência, com muita coragem, diante da corte. Mas há também uma vocalidade pacata, que cria um contraste com os momentos em que há explosões de raiva, de dor." Já Elisabeth, diz Piscitelli, "é uma personagem muito moderna". "É uma mulher que sacrifica sua vida privada em favor de seu dever de estado. Eu me sinto muito atraída pelo personagem histórico. Ela consegue ser muito doce, como no dueto com o tenor, mas há sempre momentos duros, em que ela se mostra severa, áspera. É muito interessante." É sua personagem preferida, ela confessa.

TRILOGIA TUDOR

Teatro São Pedro. R. Albuquerque Lins, 207, tel. 3661-6600. Dom. (25), 17h. Ingressos gratuitos na bilheteria a partir das 16h

Estadão
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