Phoenix quer show "memorável" no Planeta Terra Festival
- Osmar Portilho
O inglês com sotaque carregado denuncia. É um francês ao telefone. A voz que lembra a do inspetor Clouseau, imortalizado por Peter Sellers no clássico A Pantera Cor de Rosa, na verdade é de Thomas Mars, vocalista da banda Phoenix. O cantor, empolgado com o show no Planeta Terra Festival 2010, conversou com o Terra nesta quarta-feira e falou sobre a apresentação, que será a última da turnê do quarteto.
Formado em 1999, o Phoenix nasceu em Versailles, na França, e estreou com o álbum United, de 2000. Too Young foi a primeira canção a fazer barulho quando foi trilha de Encontros e Desencontros, filme dirigido por Sofia Coppola, mulher de Thomas. De lá pra cá ainda lançaram Alphabetica, It's Never Been Like That e o último, o badalado Wolfgang Amadeus Phoenix, que carrega hits como Lisztomania, 1901 e Fences.
Para finalizar com sucesso essa turnê, Mars afirma que espera que a nova passagem pelo Brasil seja "como uma fotografia". "Este será nosso último show da turnê. Com certeza será um momento emocionante por finalizar um ciclo. É como se fosse uma fotografia que você revela e prega na parede para se lembrar sempre. Quero que seja um show memorável para os fãs e para nós", disse.
Confira a entrevista
Terra - Vocês tocaram no Brasil em 2007. O que lembra dessa passagem?
Thomas Mars - Muita frustração. Chegamos da Argentina no dia anterior e tivemos que voltar logo em seguida. Ficamos muito pouco tempo para conhecer o Brasil. Espero que dessa vez a gente possa conhecer melhor os brasileiros e um pouco mais de São Paulo. Quero ver mais coisas. Da última vez foi muito rápido.
Foi uma passagem rápida pelo Brasil. Você conseguiu sentir algo dos fãs?
Era algo mais voltado para um festival e não um show nosso. Sinto que muitas não estavam lá para nos ver. Sei que alguns fãs queriam nos ver, mas não pude sentir como algo nosso. Espero que realmente possamos melhorar isso dessa vez.
Seu último disco, Wolfgang Amadeus Phoenix, teve muitos hits. De lá pra cá, o que mudou?
Acho que não mudou muita coisa. Para nós é a mesma coisa. Às vezes a gente sente que está sendo muito egoísta ao fazer alguma música e algo acontece. Não sabemos ao certo de onde essas coisas surgem ou nos levam aos lugares. No final, não queremos saber o segredo do sucesso. Se você descobre isso, acaba querendo uma receita, uma fórmula. Não é o que estamos procurando. Quando lançamos o álbum sem nenhum amparo de gravadora sentimos que estavamos fazendo a coisa certa. Havia algo objetivo e direto, mais satisfatório para nós como músicos.
Em 2006 vocês cantavam "if I ever feel better" (se eu me sentir melhor um dia, em português). Vocês já se sentem melhores?
(Risos) É muito "francês" escrever músicas tristes quando se está feliz e vice-versa. As pessoas devem se preocupar conosco se cantarmos algo do tipo "que vida maravilhosa". Você não está exatamente em contato com o sentimento, mas projeta algo.
Vocês têm se divertido no palco?
É uma coisa muito diferente. A gente se diverte, mas conforto não é algo bom para música, é um tipo diferente de estresse. Fora do palco, precisamos falar sobre erros. É algo muito importante para melhorar nossa performance. Estamos mais preocupados com as coisas do que antes. Quando fazemos muitas turnês ficamos muito confiantes e perdemos essa preocupação.
Há uma coisa muito forte dos franceses com sua língua. Mesmo assim, vocês cantam em inglês. Vocês recebem muitas críticas?
Sim, mas foi uma escolha que fizemos no começo. Hoje, isso não nos afeta mais. Há muitas bandas em países, como a Suécia, que cantam em inglês. Isso nunca existiu na França. Sempre que você começa algo novo, pessoas vão te amar ou odiar. Esse sentimento é muito bom para a criatividade da música. Não queremos algo lógico ou que faça sentido necessariamente.
No Brasil há grupos como Sepultura ou Cansei de Ser Sexy que cantam em inglês.
Sim, eu conheço. Não sei como é começar uma banda no Brasil, mas gosto da ideia de começar a fazer algo que as pessoas não façam normalmente, algo único. Na música, todo mundo acaba parecendo um com o outro. Nós precisamos fazer algo diferente. É algo que nos atrai. Cansamos de ir em festivais que uma banda parece com a outra.
Você acha que essa onda de bandas iguais é um reflexo da indústria?
Não sei e realmente não me importo. Acho que muita gente acredita que faz algo inovador quando realmente não é nada de novo. Acho que a indústria acaba ajudando um pouco. Estamos em uma fase de transição e todos sempre acham que estamos no fim do mundo. Eu fico empolgado. Uma hora volta tudo ao normal. Ficamos feliz que a gente tenha começado em uma época de transição e gostamos de lutar contra as coisas ruins da música. É ótimo participar de um momento como este e ter um pouco de controvérsia.
A indústria se expandiu tanto que chegou até aos games. Vocês mesmo possuem uma música no Guitar Hero. Já jogou a faixa no vídeo-game?
Não, não. Já joguei Guitar Hero por causa do novo filme da Sofia (Coppola) em que há uma sequência do jogo. Tive que treinar um pouco, mas não joguei a nossa música. Você chegou a jogar? É fácil ou difícil?
Já joguei. É divertida. Creio que no palco seja melhor.
Com certeza deve ser. Para nós é mais fácil ainda no palco.
O que os fãs brasileiros devem esperar desse retorno do Phoenix ao País?
Este será nosso último show da turnê. Com certeza será um momento emocional por finalizar um ciclo. É como se fosse uma fotografia que você revela e prega na parede para se lembrar sempre. Quero que seja um show memorável para os fãs e para nós.