Os Proibidões: veja 10 hits polêmicos do pagode dos anos 90
Quem viveu o Brasil dos anos 1990 sabe o tamanho do barulho que o pagode fez durante toda a década. A partir, em especial, do sucesso dos grupos Só Pra Contrariar e Raça Negra - que iniciaram a carreira nos anos 1980, mas apareceram para o público com força em 90 -, explodiram em todo o País conjuntos com letras românticas e levada lenta e sensível.
Apesar do sucesso na primeira metade da década, o pagode só marcou época mesmo a partir do surgimento de grupos mais descontraídos, como Molejo, Raça Pura, Art Popular e Cia do Pagode. Essa maneira bem humorada e maliciosa de falar de "amor" fez com que grande parte dos nomes da época adotassem a tática.
Funcionou. O pagode se firmou como principal mania daquele tempo e transformou a rivalidade com o axé em parceria. Mas nem para todos a música trazia somente diversão. Incontáveis foram os casos de pais que arrancavam os cabelos ao verem as filhas dançando na boquinha da garrafa ou os filhos cantando sobre a cabeça do pimpolho. Agora que a maioria dessas crianças são homens e mulheres já crescidos, o Terra separou 10 hits que você, filho, com certeza já foi proibido de dançar e você, pai, ou mãe, ao menos uma vez se indignou.
10 - Nêga Vá - É o Tchan / Carla Perez
Nega Vá é um dos exemplos de "união" entre axé e pagode com a descontração das letras maliciosas. A canção, que tinha a coreografia extravagante do É o Tchan, contagiou meninos e meninas. Mesmo que a inocência impedisse que grande parte entendesse o verdadeiro teor das letras, pouco agradou aos pais saber que seus filhos dançavam o hit por aí com os amigos.
De quem é o peitinho, nêgo? / Ele é seu, meu bem / De quem é o umbiguinho, nêgo? / Ele é seu também / E esse lindo piu-piu, neguinho? / Todo, todo seu / Então, chega pra cá / Pra recomeçar / Esse vai-e-vem
9 - Vou Voltar Pra Sacanagem - Molejo
Em uma lista como essa jamais poderia faltar uma canção do Molejo. O conjunto sempre esteve no top 10 dos favoritos do público infantil, muito por conta de suas canções bem humoradas. Até mesmo quando fala de erotismo e outros temas que nada têm a ver com um conteúdo propriamente infantil, a "sutileza" e tom de sátira deixavam a criançada bastante envolvida. O mundo da música, na época, era outro, e pouco se preocupava com um possível "desvio de conduta" de um jovem por conta da letra de um hit. Era tudo pura diversão. Assim, Vou Voltar Pra Sacanagem virou sucesso entre a molecada e trilha sonora das brincadeiras de rua.
Vou voltar pra sacanagem, pra casa de massagem / Ali sempre foi meu lugar / Já tava com saudade das velhas amizades / Hoje eu vou me embreagar
8 - Tanajura - Negritude Junior
A voz fina de Netinho e o jeito romântico e inocente do Negritude Junior fizeram com que muita gente deixasse passar o verdadeiro significado de Tanajura, um dos grandes sucessos da carreira do grupo. Assim, o ritmo animado da música e o carisma do conjunto possibilitou o sucesso do hit não só entre adultos, mas também entres as crianças, apesar de não conter absolutamente nenhum tipo de apelo voltado para o público infantil.
Rebola banda / Vamos dançar La Bamba / Ficar de perna bamba / Remexe tanajura ah
7 - Tô Dentro, Tô Fora - Os Morenos
O refrão "simplão" e fácil de se memorizar, além de correr inteiramente em tom de brincadeira, deixou em segundo plano alguns trechos bastante explícitos desse sucesso de Os Morenos, que ficou famoso quando tocado pelo Exaltasamba. Versos como "se ele for uma gracinha, tô dentro, mas se tiver sem camisinha, tô fora" e "se é gostoso e maneiro, tô dentro, mas se for boiola, tô fora", além da mensagem claramente preconceituosa, colocavam em pauta uma discussão que passava longe daquilo que os pais gostariam que seus filhos pequenos pensassem. Mesmo assim, Tô dentro, Tô fora virou sucesso garantido entre as crianças
Beijo na boca à noite inteira, tô dentro / Se o papo dele for bobeira, tô fora / E se ele for uma gracinha, tô dentro / Mas ele está sem camisinha, tô fora
A sequência "vou não, quero não, posso não, minha mulher não deixa não" ganhou incontáveis versões ao longo do tempo, mas a inconfundível excentricidade do Molejo fez da música um verdadeiro hino da música nacional nos anos 1990. Essa particularidade do grupo fez passar despercebido versos como "tu quer fumar? Quero sim. Fumar o que? Ah...", que obviamente, em situações cotidianas, jamais poderiam ser ouvidas pelas crianças. Mas quando o assunto é Molejo, (quase) tudo está liberado, e até um pagode "proibidão" como este vira hit infantil.
Ei, tu quer beber? / Quero sim / Beber o que? / Wiskzin / Tu quer fumar? / Quero sim / Fumar o que? / Ahhhh...
5 - Na Boquinha da Garrafa - Cia do Pagode
"No samba ela me diz que rala...", a verdade é que dançar na boquinha da garrafa virou uma espécie de brincadeira de rua após a explosão da música. O tom bem humorado e a sutileza com a qual a letra falava de coisas obviamente impróprias para menores, aliviou, de certa maneira, muitos dos adultos que não conseguiam impedir seus filhos de participar da diversão, o que fez Na Boquinha da Garrafa ser tratada de maneira altamente inocente.
Vai ralando na boquinha da garrafa / É na boca da garrafa / Vai descendo na boquinha da garrafa / É na boca da garrafa / Desce mais, desce mais um pouquinho / Desce mais, desce devagarinho
Se você cresceu na década de 90, com certeza em ao menos uma excursão de escola cantou essa música. Claro, sem fazer a mínima ideia do que a letra realmente dizia. Na voz de Alexandre Pires, A Barata não chega a falar com erotismo, mas sim fazendo piada mesmo. A fórmula, bem bolada, deu certo, e a canção fez sucesso desde seu lançamento, em 1993, e até hoje aparece de vez em quando por aí.
Diz aí Serginho o que cê vai fazer / Eu vou comprar uma furadeira pra me defender / Ele vai dar uma furada na barata dela/ Ele vai dar uma furada na barata dela / Diz aí Alexandre o que cê vai fazer / Eu vou comprar uma bombinha pra me defender / Ele vai dar...
3 - Dança do Maxixe - Cia do Pagode
Depois do lançamento de Dança do Maxixe, não houve mais uma festa de salão ou barraca de praia onde não houvesse, em algum momento, um homem no meio com duas mulheres fazendo sanduíche. E de todas as idades. "A que chegar, eu traço" é um dos trechos mais fortes da letra, que pouco importava, já que, neste caso, a coreografia era o grande atrativo da canção. Foi mais um sucesso nacional que virou hit de criança. Este não chegou a ser censurado mas, mesmo assim, foi responsável por muitos castigos aplicados aos filhos pelos pais durante os anos 1990.
É a dança do maxixe, é a dança do maxixe / É um homem no meio com duas mulheres fazendo sanduiche / Pois é gatinha pode vir você, as suas amigas, que vai pra todas / A que chegar eu traço / Tem salsicha, calabresa, presunto, tem queijo, tem tudo
Apesar de uma óbvia mensagem subliminar, o hit do Raça Pura em poucos casos sofreu resistência da mídia. Frequentemente, o grupo se apresentava em programas de auditório e cantava a música com a plateia a plenos pulmões. Foram mais de 100 mil cópias do single vendidas, e a música se transformou em uma espécie de hino do setlist das excursões escolares.
Esse pinto não é mole / Esse pinto é safado / Não consegue dormir / Sem ter uma galinha ao lado / E pra dormir / Tem que coçar a cabecinha / Fazendo um cafuné / Coitadinha dessa galinha
Talvez um dos principais casos de pagodes um pouco mais explícitos da época, Pimpolho também adotou o ar de sátira, mas longe da sutileza do Molejo. A música chegou até a ser censurada em algumas rádios, mas não adiantou. Virou hit entre crianças, jovens e jovens adultos, deixando os mais velhos ainda mais indignados.
Pimpolho é um cara bem legar / Pena que não pode ver mulher / Na dança ele já pede prá baixar / Já pede prá baixar / Ela quer parar ele não quer / Ela tá dançando / E o Pimpolho tá de ôio / Cuidado com a cabeça / Do Pimpolho.
Pagodes e axés de duplo sentido
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