Música Eletrônica: Jo Mistinguett faz ode tropical ao ritmo das máquinas industriais
A produtora e DJ de Curitiba lança seu quarto trabalho e promove um debate sobre a produção musical feita por mulheres
O cenário da música eletrônica feita por mulheres vai muito bem! Tata Ogan, Eli Iwasa, Leandra Lambert, Bad Sista, Malka, Mari Rossi, Carol Mattos, Cashu, Elle são alguns nomes. Jo Mistinguett é o nome potente que chega na cena. Ela vem de Curitiba e lança o EP TECHNO MUNDO, continuação de Apocalipse Now, seu terceiro trabalho.
Musicista, produtora musical e sonoplasta, Jo lança em todas as plataformas digitais seu quarto EP. “É a continuidade da estética, é um desenvolvimento, um aperfeiçoamento da minha pesquisa. TECHNO MUNDO é a indústria tecnológica, é o ritmar das máquinas no calor tropical. O mundo aqui é o Brasil, onde a dança vem aos prantos em meio ao eterno ressurgir da fênix, inspirou o dançante, visceral e ruidoso TECHNO MUNDO”, conta a artista. “É uma continuação narrativa porque diz respeito a minha vida e ao que diz respeito a minha fase atual de vida. Acho que é mais otimista sim, não no sentido esperançoso, mas adaptativo. O outro era sobre a pandemia mesmo e a fase política no país”, completa.
Produzido no Brasil e com tecnologias aqui disponíveis, TECHNO MUNDO mistura gêneros musicais, renova e desafia fronteiras, extrapolando limites estéticos-sonoros. Utiliza-se de equipamentos eletrônicos e digitais, vozes faladas e melódicas, batidas quebradas, sons retrôs, sintetizadores, ruídos, instrumentos orgânicos, improvisações e efeitos. O trabalho compõem a pesquisa desenvolvida pela artista há mais de 20 anos através de sua experiência como DJ em clubes underground no Brasil e outros países e produzindo suas próprias músicas. “TECHNO MUNDO é inteiro criado e gravado em meu home studio. Basicamente sou eu sozinha mexendo em máquinas, com os equipamentos que consegui adquirir durante esses quase 20 anos trabalhando com música eletrônica. Eu não tenho uma base musical acadêmica ou teórica, crio através de improvisações e experimentações.”
“Sempre pensei em multilinguagens. Pensar sons, imagens, luz, movimento e objeto é algo que faz parte de qualquer composição minha. Penso em músicas como paisagens sonoras, que trilham emoções e sensações. Camadas sonoras coloridas, e geográficas. Conto histórias e invento narrativas”, explica. Para isso, Mistinguett convidou Strangepeo para desenvolver a arte gráfica em 3D, “a arte 3D relaciona as novas discussões sobre Inteligência Artificial e tecnologia. E também fala sobre como se relacionam corpos latino americanos em 2024”.
O EP conta com criação e produção musical da artista, masterização pela engenheira de som Florencia Saravia e produção executiva de Helen Kaliski. Na sequência do lançamento de TECHNO MUNDO, Jo propõe como parte do projeto o bate-papo online sobre ‘’Produção Musical Dissidente’’, com mediação de Leandra Lambert, participação de Florencia Saravia-Akamine e Marina Vello aka Marina Gasolina, e - “Música Eletrônica Resiste", documentário acerca da Cadeia de Produção da Música Eletrônica Independente e da produção do EP TECHNO MUNDO, com acesso gratuito, universal e legenda.
