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Marcelo D2 leva roda de samba pela 1ª vez para os canais de Amsterdã no ‘carnaval holandês’

Músico fez uma apresentação de quase 4 horas pela capital da Holanda no King’s Day; Ação foi promovida pela Amstel

26 abr 2025 - 22h03
(atualizado em 19/5/2025 às 16h48)
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Resumo
Marcelo D2 realizou uma roda de samba inédita nos canais de Amsterdã durante o King’s Day, promovida pela Amstel, com uma apresentação de quase quatro horas que celebrou a cultura brasileira e a renovação musical do artista.

“Amsterdã é como se fosse a minha segunda casa, né? Muito legal estar trazendo o samba de volta para cá”. É assim que o cantor Marcelo D2 descreve o baita show que fez pelos canais de Amsterdã neste sábado, 26, com uma roda de samba durante o King’s Day, feriado em celebração ao aniversário do rei Willem-Alexander. 

O Terra acompanhou a apresentação do músico ao lado de percussionistas e da esposa Luiza Machado, que agitaram a data, conhecida pelos brasileiros que vivem nos Países Baixos como o ‘carnaval holandês’. A festa começou pouco antes das 10h e durou quase quatro horas. Enquanto o barco seguia pelos canais, era possível ver moradores e turistas se aproximando para acompanhar a música. 

Marcelo D2 faz roda de samba nos canais de Amsterdã
Marcelo D2 faz roda de samba nos canais de Amsterdã
Foto: Vanessa Ortiz/Terra

Todos vestidos de laranja – representados por óculos, perucas, brincos, roupas, chapéus – e bebidas nas mãos, eles acenavam e cantavam em alto e bom som junto do artista que fazia a festa ao ar livre. Por coincidência, logo na primeira hora, um barco de brasileiros cruzou ao lado da embarcação com a roda de samba e nos acompanhou em todo o trajeto, vibrando a cada ronco da cuíca.

Durante a ação, promovida pela Amstel, o artista relembrou músicas que são verdadeiros patrimônios culturais do Brasil, como ‘Não Deixa o Samba Morrer’, ‘Vou Festejar’, ‘O Show Tem que Continuar’, e ‘Desabafo’ entre tantos outros hinos do gênero musical, que têm tudo a ver com a festa.

“A ideia de fazer esse samba no meio do 'carnaval' é superinteressante. O carnaval daqui não é o carnaval, mas é como se fosse. E para mim, que tenho feito muito laboratório musical nos últimos meses, ano, é mais uma experiência. A gente fez uma formação completamente diferente, uma roda de samba com três percussionistas e dois caras soltando base, é mais uma chance de eu experimentar essa sonoridade que eu estou buscando”, apontou ao Terra. 

Essa é a primeira vez que o artista se apresenta no King’s Day, embora conheça a festividade há alguns anos, quando veio para terminar umas letras e, claro, fumar maconha. Para ele, a similaridade com a festa brasileira é justamente o lance do ‘direito de ser feliz’ em um dia de celebração, sem pensar em trabalho ou qualquer outra obrigação.

A festa não é uma alienação, na verdade, é uma luta pelo direito de ser feliz. Então, eu acho que todos os povos, principalmente o povão mesmo, que trabalha o ano todo, que tem aquela rotina super cansativa, chega num momento desse, fala: 'Agora é o meu momento'. Nosso carnaval do Brasil tem isso para caramba, é luta pelo direito de ser feliz, festejando”, aponta.

Marcelo D2 e a esposa, Luiza Machado, comandaram o som durante show no King's Day
Marcelo D2 e a esposa, Luiza Machado, comandaram o som durante show no King's Day
Foto: Vanessa Ortiz/Terra

Com mais de 30 anos de carreira, D2 conta como a parceria com grandes marcas, como a Amstel, traz outras possibilidades, além de ser o casamento perfeito: samba e cerveja. Ele acredita que esse match ajude a afugentar o preconceito com o samba. “Ter uma grande marca patrocinando e fazendo eventos de samba é perfeito”. 

Pouco antes de encerrar a apresentação, o artista desceu do barco e cantou em meio aos brasileiros que estavam na rua. 

‘Arco e flecha’

D2 está em um momento diferente da carreira. Recentemente, ele lançou o disco Manual Prático do Novo Samba Tradicional, onde resgata um pouco da sua ancestralidade, musicalidade de quando começou com o Planet Hemp, incluindo cuíca ancestral do Mestre Quirino, pandeiro, repique e tantã do Cacique de Ramos, mesclado com a bateria eletrônica 808. 

Pouco antes de navegar pelos canais de Amsterdã, ele bateu um papo com a imprensa. Em uma conversa muito descontraída, contando como ele se encontra dentro do samba, do rap e do punk rock, todos ritmos que contestam e confrontam a realidade de quem quer que seja.  

D2 quebrou tudo durante apresentação no King's Day
D2 quebrou tudo durante apresentação no King's Day
Foto: Divulgação/Amstel

“Nos últimos 30 anos [tenho buscado uma sonoridade diferente]. Não sei se tem uma mudança muito radical, não. O punk rock foi um movimento de muita contestação e isso me chamou muito [na época do Planet Hemp]. Essa confortabilidade, sabe qual é? Que tem no punk, no rock, no rap. Eu acho que o samba tem isso também, e foi um caminho natural de eu estar ficando mais velho, querendo renovar o meu som”, explica. 

O músico usa a metáfora do arco e flecha: quanto mais puxa lá atrás, mais lá na frente se atinge. O que ele quer dizer com isso? Que revisitou o samba carioca e até mesmo a sua própria carreira, para se renovar. Ele até confessou que chegou a pensar em largar a música, mas que encontrou na renovação um propósito. 

“Quanto mais eu vou puxando lá atrás, mais isso embasa muito. Já pensei em não fazer mais música e tal, mas para mim, trabalhar com música tem que ter muito propósito, tá ligado? Estou aqui para fazer isso: samba. Samba tem essa coisa de poder ser resistência e festa ao mesmo tempo, no mesmo lugar. Isso para mim é essencial”, destaca. “Está meio ridículo eu falando essas coisas sérias com essa roupa assim, mas tudo bem”, brinca. 

Amsterdã e a verdinha

D2 quebrou tudo durante apresentação no King's Day
D2 quebrou tudo durante apresentação no King's Day
Foto: Divulgação/Amstel

D2 esteve pela primeira vez em Amsterdã em 1995, quando veio cobrir a Cannabis Cup, ou a Copa do Mundo da Maconha, onde são reunidos os maiores competidores canábicos, entre fabricantes de produtos ou cultivadores da planta. Também era a sua primeira vez saindo do Brasil. 

“Não lembro de p*rra nenhuma”, brinca ao ser questionado sobre como foi a viagem. Mas logo admite que foi um grande choque de cultura chegar na capital holandesa e se deparar com um mercado de cannabis tão vasto, com produtos medicinais e até uma política de redução de danos. 

“A Holanda é um país super liberal, então, já tinha uma política de redução de danos que foi um choque para mim. Voltei com a cabeça tipo: o mundo pode ser melhor, tem outras alternativas, outras maneiras de pensar, de viver. Desses últimos 30 anos de lá para cá, eu rodei o mundo. Já toquei em 37 países, e aquilo foi uma maneira de olhar e saber que o mundo é maior do que aquele bairro que eu vivia, maior do que a minha vista alcançava”, declara. 

Quanto à legalização da maconha para consumo na Brasil, ele pontua a seguinte questão: As terras tupiniquins foram o último país a adotar educação pública na América do Sul, assim como a escravidão. “A gente tem essa vanguarda do atraso. A América do Sul quase que inteira já é legalizada e o Brasil não. Acho que o Brasil se aproveita muito dessa política do medo em cima dessa conversa sobre as drogas. Mas se a gente for pensar enquanto Brasil, a gente está indo. Enquanto mundo, a gente está muito atrasado”, reforça. 

D2 quebrou tudo durante apresentação no King's Day
D2 quebrou tudo durante apresentação no King's Day
Foto: Divulgação/Amstel

King’s Day no Brasil

Neste fim de semana e no próximo, nos dias 3 e 4 maio, rola o King 's Day promovido pela Amstel em São Paulo. Com entrada gratuita, o evento acontece na região do Rio Pinheiros, com entrada na altura da Roda Rico, dentro do Parque Cândido Portinari, e rola até passeio de balsa que vai desde a ponte Jaguaré até a ponte Cidade Universitária.

Além disso, muita música e rodas de samba marcam a passagem da festividade na capital paulista. Neste sábado, 26, comandam as apresentações das rodas de samba Samba da Rainha e Pagoterapia, e ainda o show de Leci Brandão com participação especial da vocalista da Sambaianas, Ju Moraes.

No domingo, 27, é a vez do Samba do Aguidá, Samba do Adilson e Fundo de Quintal. Todos os dias, DJ Well comandará as pick-ups entre as apresentações.

Todos os quatro dias serão gratuitos, com retirada dos ingressos pelo site da Amstel. Ao clicar em “ingressos aqui”, o usuário é direcionado para a plataforma da Sympla, onde poderá obter sua entrada somente para o segundo final de semana do evento a partir desta segunda-feira, 28 de abril, às 18h, pois os ingressos para este final de semana já estão esgotados.

*A repórter viajou para Amsterdã a convite da Amstel.

Fonte: Redação Terra
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