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Hot e Oreia: a nova geração do rap mineiro

Da cena de Belo Horizonte que revelou Djonga, a dupla mistura bom humor com letras de protesto

30 jan 2020 - 15h20
(atualizado às 16h39)
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Há quem diga que o rap assumiu a função de protesto que antes pertencera ao Rock and Roll já há algum tempo. Quando indagada, a dupla de rappers Hot e Oreia concorda com a afirmação: “Com certeza. É a necessidade de a juventude gritar, um negócio que sempre rolou com o rock. Pelo menos no Brasil eu tenho sentido que não tem muito a galera representando os jovens.”

Hot e Oreia: Rappers se preparam para lançar novo álbum em 2020.
Hot e Oreia: Rappers se preparam para lançar novo álbum em 2020.
Foto: Reprodução/Facebook

A dupla, que como muitos rappers começou nas batalhas de MCs, alia o protesto do rap com o bom humor. Em um dos clipes, prestam uma homenagem ao filme “Auto da Compadecida”, caracterizando-se de Chicó e João Grilo, enquanto tecem críticas ao governo de Jair Bolsonaro. Em fevereiro, eles se apresentarão no festival Sensacional em fevereiro.

Em entrevista ao Terra, Hot e Oreia discutem sobre o reconhecimento nacional, a cena musical de Belo Horizonte e o papel político do rap. 

Vocês são de BH, participaram das batalhas de MCs, fizeram parte do circuito underground por muito tempo. Como é agora estar ganhando exposição nacional, ter milhares de visualizações no Youtube? Vocês sentem que o reconhecimento tá vindo?

Total, tá vindo muito. Eu acho que a gente tá sendo visto e que, com isso, a parada vai tomando outro rumo. Acaba que as pessoas chamam a gente para outras cidades, que a gente vai e as pessoas nos conhecem. Isso é que mudou. E isso gera uma sustentabilidade pro trabalho. 

E por falar nisso, a cena de BH tem lançado muitos artistas que ganharam projeção nacional. O próprio Djonga, a galera do Rosa Neon… Como vocês enxergam essa nova leva de artistas, a geração de vocês?

Mano, BH é foda há muito tempo. Tanto o DV tribo, que é o grupo que a gente tinha não só com o Djonga mas com a Clara Lima, com o SBC, com o Coyote, já era um bagulho muito foda. Com o Rosa Neon é a mesma pegada, vários artistas cabulosos que tinham um trampo solo, aí juntaram e fizeram o negócio multiplicar. Acho que é meio que um caminho para chegar no mercado. Acho que é isso, BH é foda há muito tempo, a gente só soube usar as ferramentas para poder mostrar isso pro pessoal. 

Vocês lançaram o disco “Rap de Massagem” ano passado, as letras têm críticas explícitas ao governo Bolsonaro, uma posição política bem definida. Vocês acham que é papel do rap se posicionar?

Há muito tempo o rap faz isso, desde que ele nasceu é protesto. Tanto que ele se tornou um ritmo musical há pouco tempo, que agora tem esse tanto de vertente. Na maioria das vezes, negava-se entrevistas, aparecer na televisão, porque era protesto mesmo, daqueles cabulosos. E agora mesmo a gente fazendo uma coisa com humor, mais colorida, o protesto continua ali.

Vocês recebem muita crítica?

Como assim? Que crítica?

Tipo assim, da galera mais conservadora. 

Ah, a gente vê uns comentários no YouTube, né. Mas pessoalmente mesmo, que chega a incomodar a gente, não. No último clipe que a gente lançou, “Eu Vou”, que fala “Jesus chupava Madalena”, tem uns 20 mil deslikes “dos crente” e tal, e a gente acha isso legal. Gerar essa discussão, fazer a galera ficar “de horror” com as frases. Mas a crítica é mais esses comentários de Youtube mesmo.  

E por falar neste lado político, o Rap acabou assumindo o papel do Rock and Roll no sentido da crítica social das novas gerações?

Com certeza. É a necessidade da juventude gritar, um negócio que sempre rolou com o rock. Pelo menos no Brasil eu tenho sentido que não tem muito a galera representando os jovens. E, sei lá, até no show mesmo. A roda punk, os bate-cabeças que rolam nos shows de rap, dá pra ver que a coisa entrou para dentro do Rap de alguma forma. 

Quais os planos para 2020? Algum lançamento, participações, novidades?

Nós vamos lançar um disco novo. Vai sair em breve, com participação do Black Alien.

Quando vai sair? Já tem data?

Ainda não, estamos em processo de gravação.

Vocês vão tocar no festival Sensacional em fevereiro, no mesmo palco que gigantes da música brasileira como Emicida, Nação Zumbi… Como estão as expectativas?

A milhão, daora demais! Tamo feliz, que é na nossa cidade, tamo recebendo esse tanto de artista foda para tocar com a gente e a galera chegando junto… Tocar em BH é sempre bom, tocar em casa, ainda mais no Mineirão. Já tocamos lá algumas vezes, e “tamo” animado pra caramba. 

Serviço:

Festival S.E.N.S.A.C.I.O.N.A.L! 8

Data: 8 de fevereiro de 2020

Horário: 12h

Local: Esplanada do Mineirão

Ingressos: 1º lote - R$50 (inteira), R$ 25 (meia-entrada)

Outras informações: www.festivalsensacional.com | @festivalsensacional

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Fonte: Redação Terra
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