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'Harry's House': Styles está totalmente à vontade em seu novo álbum

Ao longo do disco, cantor está em seu auge: livre, observador e contente

23 mai 2022 - 10h10
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Se as 13 músicas do terceiro LP de Harry Styles são as paredes de onde ele vive, Harry's House é um lugar de autoexpressão, felicidade e cura. Da alegre e estranha Cinema, até a errante Keep Driving, Styles mostra uma abrangência de estilo que casa com a amplitude emocional do álbum.

Styles definiu o tom para o novo álbum com seu single As It Was. A faixa de ritmo acelerado soa despreocupada em um primeiro momento, mas as letras revelam uma premissa mais densa. É um som que explora o medo e a dor associados à aceitação de que você deve deixar algo, ou alguém, ir. É um single que provoca o conforto de Styles com vulnerabilidade - algo que ele demonstra inúmeras vezes na gravação.

De forma parecida, Grapejuice é enganosamente acelerada com buzinas sintetizadas e até um sutil e animado assobio ao fim do segundo verso. A música narra o fim de um relacionamento ("There's never been someone who's so perfect for me/But I got Over It", algo como "Nunca houve alguém que fosse tão perfeito para mim/Mas eu superei", em tradução livre) e, assim como uma simples ressaca parece mais difícil com a idade, é mais difícil, também, esconder de você as emoções que o seu eu mais velho sente ("I pay more than I did back then", algo como "Eu pago mais caro do que antigamente").

Mesmo quando provoca momentos desconfortáveis, a composição musical sugere que há liberdade em abraçar cada sentimento de forma plena. Na abertura Music For a Sushi Restaurant, os sentimentos de Harry Styles são mais sinceros enquanto ele divide seu amor por outra pessoa. A música tem influências do funk, com um vibrante trompete e um baixo groovy.

Liricamente, espelha Keep Driving, com seu estilo de fluxo de consciência e acenos psicodélicos ("If the stars were edible/And our hearts were never full/Could we live with just a taste?", em português: "Se as estrelas fossem comestíveis/E nossos corações nunca estivessem cheios/Poderíamos viver com apenas um gostinho?").

Sua felicidade também parece alcançável em Late Night Talking, Cinema e Daydreaming, que conta com John Mayer ao violão. Em Harry's House, Styles prova seu talento para contar histórias - sejam suas próprias histórias de dor ou alegria ou se colocando nos pés de outra pessoa.

Talvez a faixa mais comovente seja Matilda - uma música que fez diversos de seus amigos chorarem na primeira vez que ouviram, de acordo com sua entrevista para Zane Lowe. Enquanto acena para o romance de Roald Dahl de mesmo nome lançado em 1988, a música se foca em uma amiga que só percebeu recentemente que não recebe o amor que merece de sua família. O uso de harmônicos de violão em um som despojado traz intimidade a uma música que é, ao mesmo tempo, cortante e esperançosa enquanto ele a encoraja a seguir em frente sem a culpa de levar para trás aqueles que a machucam.

De forma parecida, Boyfriends encontra-o empatizando com as mulheres de sua vida que foram desvalorizadas por homens: "They think you're so easy/ They take you for granted.'' ("Eles acham que você é tão fácil/Eles te consideram como garantida")

Ao longo do álbum, Styles é confiante, mas não convencido, trazendo autoconhecimento e conforto em cada música. Harry's House traz Harry Styles em seu auge - livre, observador e contente.

Estadão
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