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Dia Internacional do Jazz: artistas brasileiros opinam sobre o gênero no país

30 abr 2024 - 12h51
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O Dia Internacional do Jazz é celebrado anualmente no dia 30 de abril. A data foi proclamada pela UNESCO em novembro de 2011, após uma recomendação do 187º Conselho Executivo. O objetivo é destacar este lendário gênero musical e seu papel diplomático de unir pessoas ao redor do mundo, promovendo a paz, o diálogo intercultural, a tolerância e a compreensão mútua.

A ideia para a criação deste dia veio do icônico pianista Herbie Hancock e as celebrações incluem apresentações ao vivo, aulas virtuais, painéis de discussão e performances de artistas de todo o mundo, refletindo a natureza global e unificadora do jazz.

O cantor Jonathan Ferr /
O cantor Jonathan Ferr /
Foto: Renan Oliveira / The Music Journal

Em 2020, devido à pandemia do coronavírus, as celebrações foram realizadas virtualmente, com a participação de músicos como Danilo Pérez, Igor Butman, Dee Dee Bridgewater, entre outros, transmitindo aulas e performances ao vivo. O Concerto Global de 2020 consistiu em performances pré-gravadas e mensagens de artistas de todo o mundo, além de clipes de shows anteriores do Dia Internacional do Jazz.

Este dia especial é uma oportunidade para reconhecer e celebrar o impacto do jazz como uma forma de arte que transcende barreiras culturais e geográficas, unindo pessoas através da sua linguagem universal.

A origem do Jazz

O jazz é um estilo musical que se originou nos Estados Unidos, mais precisamente na região de New Orleans, no final do século XIX e início do século XX. Com raízes profundas na cultura afro-americana, o jazz é conhecido por seu ritmo não linear e pela improvisação, que é uma de suas características mais distintas.

A história gênero é marcada pela mistura de culturas, melodias e ritmos. Após a abolição da escravidão nos EUA em 1863, os afro-americanos começaram a se aproximar dos instrumentos ocidentais, dando origem a uma fusão cultural que eventualmente levou ao nascimento do jazz. O bairro de Storyville, em New Orleans, foi um dos locais onde essa efervescência sonora ganhou corpo, em bares conhecidos como Honky Tonks.

Com o tempo, o jazz evoluiu e deu origem a muitos subgêneros, como o swing, bebop, hard bop, cool jazz e soul jazz, entre outros. Nomes como Louis Armstrong, Chet Baker, Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Charlie Parker e Dizzy Gillespie são apenas alguns dos nomes importantes que ajudaram a moldar e a difundir o jazz pelo mundo.

Artistas brasileiros de jazz dão sua opinião sobre o gênero no país

Foto: Helen Salomão /Divulgação / The Music Journal

No Brasil do século 21, novos expoentes do gênero estão surgindo e conquistando plateias e admiradores. É o caso do músico Jonathan Ferr, que tem angariado cada vez mais destaque na cena do jazz brasileiro, principalmente pela fusão de gêneros que são observadas em suas obras.

Para Ferr, seu maior desafio é conquistar o público que ainda não dialoga com o jazz: "O jazz no Brasil ainda é muito pseudo-elitizado. Muitas pessoas não conseguem se sentir pertencentes a ele , por esse viés de algo super culto, como se eu tivesse que ter muitos conhecimentos prévios para compreender o jazz", explica. "Para mim, que misturo jazz com hip Hop e eletrônico, sempre vi o estilo como uma forma de romper ideias postas e produzir novas experiências auditivas para quem sempre esteve fora dessa roda. Meu maior desafio foi atrair um público de fora do jazz, para ouvir minha música. E tenho estado muito feliz quando algumas pessoas me dizem que não ouviam jazz até me conhecer. Fico feliz por elas se conectarem e a partir desse lugar ouvirem o tanto de artista incrível que há por aqui", complementa.

Leudji Luna é convicta de que o jazz ainda carece de apelo popular e explica sua experiência no gênero: "Eu assumi o jazz desde o primeiro disco mas principalmente no segundo disco onde propositalmente eu gostaria que tivesse elementos do jazz, que tivesse uma banda de jazz. Fui para o Quênia porque eu também queria trazer também essa identidade. Para mim os desafios de fazer jazz é de fazer música no Brasil. O jazz não é uma música pop, então, eu acho que o desafio é tornar esse gênero mais popular".

O cantor Zudizilla /
O cantor Zudizilla /
Foto: Aline Onayalle / Divulgação / The Music Journal

Outro nome que se destaca na nova vanguarda do jazz brasileiro, o cantor Zudizilla aponta vários desafios para que o gênero consiga conquista mais ouvintes no Brasil, no que ele considera um território com pluralidades culturais: "Eu fico feliz por ser citado como alguém que se firma enquanto um dos apreciadores que exercem com respeito o jazz, que todo mundo sabe que é tronco da árvore genealógica do rap, e as dificuldades do jazz no Brasil não são tão diferentes da do resto do mundo enquanto espaços físicos para se executar ou apreciar. Se tem uma noção de que o jazz se tornou inacessível por ser elitizado e em termos eu concordo com isso, mas também acho que o jazz sempre foi um som que você procura e que se você esperar ele lhe encontrar talvez você nunca o aprecie".

E continua: "O jazz depende muito da boa vontade do ouvinte porque ele não é feito pra ele: é música pra música e isso dificulta um pouco nesse momento onde o produto música nos é ofertado, algumas vezes até em excesso. Fora o fato de que o Brasil já tem ritmos nacionais e regionais que podem muito tranquilamente ocupar o espaço do jazz e isso é uma bela de uma dificuldade que a gente tem que ser feliz por tê-la, mas claro que isso faz com que a gente que ama e pratica a modalidade jazz às vezes precise se empenhar mais pra que ela consiga estar disponível de todos porque todo mundo merece um bom jazz pra vida e pra alma. Mas é difícil. Mas é arte", encerra.

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