Mesmo sem venda de ingressos, Bienal do Livro recebe uma multidão
Apesar de filas e aglomerações, autores renomados falam diante de mesas vazias
Os ingressos para o último fim de semana da Bienal Internacional do Livro de São Paulo foram esgotados na sexta-feira, 8. A informação estava exposta numa tarja em frente ao logo do evento no portão principal neste sábado, 9. Com o sucesso de público (100 mil ingressos) é inevitável fazer a comparação com shows de rock and roll e festivais de música - e, falando de livros, é esperançoso, para um país que tem índices de leitura baixos historicamente, ainda que isso tenha melhorado.
Chegar para cobrir a Bienal tem sido um desafio. Físico, inclusive, pois, nos fins de semana, principalmente, fica quase impossível se mover de um lugar para o outro. É muita gente. Algo comparável ao fenômeno das vendas pré-Natal da rua 25 de Março, na zona central da cidade. Assim está a Bienal.
Nesse amontoado de cabeças pensantes, alguns intelectuais acabam sobrando, autores renomados têm mesas vazias e pouco público, como a portuguesa Lídia Jorge, uma das escritoras mais respeitadas da literatura lusófona, que falou para um público, digamos, intimista. É frustrante ver essa falta de cuidado da organização. Enquanto isso, celebridades literárias arrebanham um público cativo, que se alonga por filas intermináveis.
Na tarde deste sábado, 9, por exemplo, a organização pecou ao 'confinar' o escritor e ativista da causa indígena Ailton Krenak e o romancista português Valter Hugo Mãe no diminuto salão de ideias. O público ficou bravo. A lotação de 30 cadeiras permitia que poucas pessoas acompanharem o debate. Houve gritaria e acusações, não dos participantes, mas de quem queria escutar do lado de fora e não podia.
Espaços existem, mas o espírito de improvisação é inevitável em um evento tão grande e que traz tanta gente, inclusive de outros estados, que passeiam pela Bienal com malas adesivadas com a tarja GRU (referente ao Aeroporto Guarulhos).
Na entrada do evento na tarde deste sábado, as filas competiam em tamanho: a fila para entrar, a fila do ônibus, a fila para credenciar... Confusão para entrar no evento, que tem várias entradas e pouca sinalização, embora exista, sim, o pessoal da organização (mas é tanta gente, que parece que todo mundo está pedido).