Velório esvaziado de Cuoco diz muito sobre classe artística e o desprezo à memória no país
Ator merecia mais consideração dos antigos colegas de TV e dos artistas das novas gerações
Francisco Cuoco foi um dos maiores atores da história da teledramaturgia brasileira. Deu imensurável contribuição para popularizar a TV e levar a Globo à liderança de audiência.
Esperava-se que tivesse um velório cheio de colegas — veteranos e jovens — para a merecida derradeira homenagem. Não foi o que aconteceu.
Poucos atores foram à cerimônia em São Paulo. Dois deles, Fúlvio Stefanini e Aldine Müller, conversaram com a imprensa e aparecem com destaque na matéria do ‘Jornal Nacional’.
Onde estavam as celebridades sempre vistas em festas e outras badalações? Talvez não compareceram porque o funeral não oferece glamour nem é ‘instamagrável’.
A ausência de tantos daqueles que conviveram com o ícone diante das câmeras reflete a fragilidade das amizades entre artistas e a indiferença das novas gerações com os pioneiros da TV.
Ainda bem que fãs verdadeiros marcaram presença. Quase todos de idade avançada.
Sob outra ótica, Cuoco recebeu uma despedida discreta como era sua vida, longe do exibicionismo e da ostentação praticados por incontáveis atores.
Ele saiu de cena com elegância e serenidade. Contudo, merecia que mais mãos dessem o aplauso final.
