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Salman Rushdie deve perder um olho e ter saúde comprometida por atentado

12 ago 2022 - 23h10
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Foto: Divulgação/Edinburgh International Book Festival / Pipoca Moderna

O escritor anglo-indiano Salman Rushdie deve perder um olho, além de ter nervos de seu braço e o fígado comprometidos após o atentado desta sexta-feira (12/8), num evento no estado de Nova York, nos Estados Unidos. A informação foi confirmada por seu agente, Andrew Wylie, em nota atualizada à imprensa, afirmando ainda que o autor respira com a ajuda de aparelhos e não consegue falar.

"As notícias não são boas. Salman provavelmente perderá um olho; os nervos de seu braço foram cortados; e seu fígado foi esfaqueado e danificado", disse Wylie.

O agressor foi identificado como Hadi Matar, de 24 anos. Ele invadiu o palco da Chautauqua Institution, localizada na cidade de mesmo nome, a cerca de sete horas de carro de Nova York City, e esfaqueou o escritor de 75 anos no pescoço e no abdômen, segundo a polícia. Uma testemunha contou à agência Associated Press que viu o autor receber entre 10 e 15 golpes.

A endocrinologista Rita Landman, que estava na plateia, subiu rapidamente ao palco para prestar os primeiros socorros e disse ao New York Times que havia uma poça de sangue sob o corpo do autor. Ele foi conduzido às pressas de helicóptero para um hospital e, segundo seu agente, passou por uma cirurgia de emergência durante a tarde.

O entrevistador que o acompanhava no evento também foi ferido.

A polícia nova-iorquina disse que ainda não se sabe a nacionalidade ou motivação do agressor e que o FBI está envolvido na investigação.

Havia agentes policiais no auditório onde Rushdie foi atacado, com capacidade para milhares de pessoas, mas não um esquema especial de segurança com detector de metais.

Um dos maiores escritores de sua geração e conhecido por suas posições libertárias, Rushdie é perseguido por autoridades iranianas por blasfêmia desde a publicação de "Os Versos Satânicos" em 1988, romance de fantasia considerado ofensivo a Maomé e à fé islâmica.

À época do lançamento do livro, o aiatolá Khomeini, então líder do Irã, decretou uma fatwa (um edito religioso) contra o escritor, sentenciando-o à morte. Com a fatwa, seria obrigação dos muçulmanos matá-lo ao vê-lo em público. Além disso, uma recompensa de mais de US$ 3 milhões foi oferecida para quem lhe tirasse a vida.

Por conta disso, Rushdie passou cerca de dez anos sob proteção policial e vivendo na clandestinidade. Mas, com o tempo, passou a relaxar seu temor de morte, chegando a participar de filmes, séries e até de clipes - como "The Ground Beneath Her Feet", da banda U2.

Mais recentemente, ele foi tema e convidado da série "Curb Your Enthusiasm", que ao longo de sua 9ª temporada, exibida em 2017, satirizou a fatwa contra o escritor.

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