Léo Jaime fala sobre doença que o fez engordar e perder trabalhos
- Guilherme Scarpa
Léo Jaime quer ficar milionário. Emagrecer não é uma urgência, tampouco virar uma celebridade. Prestes a completar 50 anos -em 23 de abril-, ele prefere ser "VUP" em vez de VIP. "Sou very unimportant person (pessoa nem um pouco importante). Aquele que está, mas não é percebido. Esse é o filé mignon", explica.
Cantor, ator, jornalista, radialista e mais o que lhe der na telha, ele considera interpretar o imperador D. João VI no musical Era no Tempo do Rei -que estreia dia 12 no Teatro João Caetano-, um verdadeiro presente de aniversário. "Pela primeira vez, fui escolhido como primeira opção para um trabalho", confessa, sem ressentimentos. "Normalmente, me chamam para substituir alguém", conta, referindo-se, por exemplo, à vez em que substituiu Fernando Caruso na peça Comédia em Pé e acabou ganhando espaço no elenco.
Com 26 anos de carreira, o artista multimídia conta que já passou maus bocados por estar acima do peso. "Já ouvi: 'Emagrece 20 kg que a gente te contrata'. Assim, na lata. Mas lido bem com isso. O problema é que as pessoas pensam que os gordos são decadentes, preguiçosos e têm mau caráter", defende-se, explicando que engordou por conta de um problema de saúde. "Tenho gordura visceral, entre os órgãos. Chama-se pan-hipopituitarismo, uma deficiência hormonal".
Mas isso é passado. Convidado pelo diretor João Fonseca para integrar o elenco do musical baseado no romance de Ruy Castro, com 19 músicas inéditas de Carlos Lyra e Aldir Blanc, Léo só tem o que comemorar. "A vida é um viaduto, às vezes estamos em cima, às vezes, embaixo. Estou muito bem rodeado. Musicais são maravilhosos, representam a junção de todas as artes. Fazer uma releitura do D. João VI, que foi um visionário, é demais", acredita.
Na peça, o monarca tem um caso com a prostituta Bárbara dos Prazeres, vivida por Soraya Ravenle. "Ele é pai, filho e amante. Quis trabalhar todas essas façanhas, humanizar o personagem. Ele não era só um gordo corno", argumenta.
Léo também voltará ao ar no segundo semestre com o programa Amor e, na Globo, ao lado de Fernanda Lima. "Adoro TV. Poderia ser um bom apresentador ou fazer entrevistas. Mas não quero soar pretensioso. Tem sempre alguém que diz: 'Mas esse fdp não era cantor? Tem gente que acha que eu sou da Jovem Guarda!'", diverte-se Léo, ícone do Rock dos anos 80. "Eu queria ganhar na Mega-Sena. Mas preciso começar a jogar, né?", gargalha.