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'É triste o ódio contra mulheres negras na internet', diz Any Gabrielly

Em entrevista ao 'Estadão', a cantora brasileira da banda Now United fala sobre carreira, indicação a prêmios e como amadureceu com a vida pública

1 ago 2020 - 10h10
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Any Gabrielly é a única integrante brasileira da banda pop Now United
Any Gabrielly é a única integrante brasileira da banda pop Now United
Foto: Divulgação / Estadão

Com apenas 17 anos, a cantora Any Gabrielly é sucesso entre milhões de adolescentes fãs do grupo pop Now United, produzido por Simon Fuller, criador do reality show Idol. A única brasileira da banda já tem mais de quatro milhões de seguidores tanto em seu Instagram quanto no Tiktok.

Any contou como foi ser selecionada para a banda, em 2017, e revelou que passou por algumas dificuldades em seu caminho. A jovem chegou a ficar separada de sua mãe por um tempo e ainda sofre preconceito dentro e fora da internet.

Antes de começar a carreira, ainda com seis anos, Any teve que morar por poucos meses com a tia, que era cantora, pois sua mãe, Priscila Franco, tinha perdido a guarda da filha. "Minha mãe não merecia isso, tinham muitas pessoas que não queriam a felicidade dela. Por um momento, conseguiam me manipular e eu a coloquei como culpada".

A artista explica que, por ser muito nova, não entendia o que estava acontecendo, mas que, assim que sentiu falta da mãe, logo voltou pra casa, pois Priscila rapidamente recuperou a guarda. Ela também contou que foi nesse período que começou a desenvolver seu lado artístico e, aos nove anos, pôde conquistar um de seus primeiros trabalhos: o papel da leoa Nala, no musical O Rei Leão.

"Eu sempre era a diferente nos cursos e nas escolas. Eu era a mais pobre, negra e as pessoas faziam comentários negativos sobre mim, as minhas roupas, de onde eu vim e onde eu moro. Quando eu conquistava coisas, elas ficavam revoltadas por acharem que eu não merecia", explicou.

Anos depois, em 2016, sua mãe estava trabalhando em uma escola de dança para que Gabrielly pudesse fazer as aulas e foi aí que ela soube dos testes para a Now United, que seria feito com meninas de dezesseis a dezenove anos. Mesmo tendo somente treze, resolveu participar e, desde então, sua vida mudou completamente.

Foram três audições no Brasil e a última em Los Angeles. Any já tinha catorze anos quando foi anunciada como integrante da banda, no dia 24 de novembro de 2017, juntamente com outros catorze integrantes de diferentes países.

Na semana passada, ela foi indicada a quatro categorias dos Meus Prêmios Nick 2020: Inspiração do Ano, TiKToker do Ano, Instagram do Ano e Conteúdo Digital do Ano (com seu quadro de entrevistas Any Gabrielly Convida).

Como foi entrar para a Now United?

Foi bem intenso. Eu lembro que sempre me sentia testada: era a forma que eu me portava, com quem eu conversava, o meu jeito de cantar e dançar, etc. Mas, quando passei, eu pensei: aquelas sete aulas de dança que eu fazia por dia, curso de inglês e momentos que estive cansada, tudo valeu a pena! Agora minha vida vai mudar e finalmente vou conseguir ajudar a minha família da forma que eu sempre quis.

Dois dias depois, já fomos gravar a primeira música, Summer in the city. Esses dias foram muito corridos. A partir daquele momento, nós éramos um grupo e queríamos nos conhecer melhor, mas não tinha tempo, porque eram muitas atividades, fotos e gravações. A conexão com a banda foi acontecendo naturalmente.

Vocês já têm planos de quando voltarão a se apresentar?

Antes da pandemia, tínhamos planejado uma tour aqui no Brasil e algumas gravações de clipes que foram adiadas. Mas, é um pouco mais complicado no nosso caso, porque estamos em países diferentes e cada situação é diferente. Ainda não temos planos de nos reunirmos de novo, mas, assim que for seguro viajar, voltaremos.

Você acredita que amadureceu muito rápido, devido a desafios da carreira?

Ou você surta ou amadurece! Eu tive que amadurecer não só por ter muitas responsabilidades, mas por causa da vida pública. Quando você vira uma pessoa de influência, tem que se posicionar em alguns assuntos e isso dá um medo enorme, porque parece que a sua margem de erro fica menor.

Meu grande desafio foi meu primeiro contato com o ódio na internet. Eu tinha só 15 anos e, durante uma participação em um evento, coisas horríveis estavam sendo postadas sobre mim. Quando resolvi responder alguns tweets, começaram a dizer que eu era podre, grossa, etc. O ódio que artistas recebem diariamente é algo do tipo: pessoas mandando você se matar, desejando a sua morte, etc.

Outra questão foi a seletividade, porque eu senti que comigo e algumas outras mulheres, dependendo da raça delas, o julgamento é muito maior. É triste o ódio que propagam contra mulheres negras. Isso foi muito dolorido. As vezes, acabo me frustrando de novo, mas eu tento mudar isso com a minha influência, tento mudar a cabeça das pessoas com as questões sociais.

Apesar dos desafios, você foi indicada aos Meus Prêmios Nick 2020, como se sente com a repercussão positiva?

Eu lembro que quando eu era pequena, sempre lutava pra ter um ingresso pra essa premiação e agora estou sendo indicada para quatro categorias e uma delas é inspiração do ano. É por isso que eu virei artista, eu quero inspirar as pessoas, especialmente na questão da representatividade. Essa indicação é o lembrete que estou no caminho certo.

Saber que o meu quadro de entrevistas no Instagram, Any Gabrielly Convida, também está sendo indicado é uma honra e eu amei conhecer e entrevistar tantos artistas que admiro.

Estadão
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