Claudia Ohana explora sensualidade em 'A Favorita'
Claudia Ohana sabe que, mais cedo ou mais tarde, fará o que chama de "passagem" na TV. A intérprete da aventureira Cida de
A Favoritausa a expressão para definir o período em que as mulheres deixam de interpretar as mocinhas para fazerem suas mães.
O que ainda não aconteceu com ela na trama de João Emanuel Carneiro. Tanto que, apesar dos 45 anos de Claudia e dos 27 do ator Bento Ribeiro, que vive o sedutor Juca, a diferença de quase 20 anos de idade entre os dois não foi sentida no ar.
"Fiquei espantada com isso. Sem contar que, na história, o Juca tem apenas 21. As pessoas não falam comigo sobre isso nas ruas ou em entrevistas", analisa, concluindo que sua "passagem" ainda pode ser demorada. Mesmo lembrando que, fora da ficção, se orgulha por já ser avó do pequeno Martim, de 3 anos.
Mas Claudia não parece mesmo se preocupar com sua cara de "garotona". E por isso mesmo aceitou, recentemente, voltar a estampar a capa da revista Playboy em um novo ensaio sensual.
"Antigamente eu não ligava para essa história de ser 'sex symbol'. Mas confesso que agora me divirto com a situação", declara. Por isso mesmo não foi surpreendente para a atriz que sua personagem, apesar de ser uma caminhoneira, caísse no gosto do público masculino. "Sempre rolam cantadas. O pessoal pede carona e pergunta se sou eu quem dirige de verdade", diverte-se.
Para garantir que a personagem fosse crível, Claudia passou dois meses aprendendo a guiar caminhões na própria cidade cenográfica da Globo. E jura que, quando a câmara aparece de longe e sua personagem está manobrando ou dando pequenas voltas com o veículo, não se trata de dublê.
"Só nas cenas de estrada é que trabalhamos com um reboque puxando. Não me sinto segura o suficiente para isso", entrega. Além disso, Claudia também conversou com algumas motoristas para conseguir atingir o objetivo de João Emanuel e do diretor Ricardo Waddington.
"Assim que eles me chamaram, me contaram que não queriam a Cida masculinizada. Mas, ao mesmo tempo, ela também não poderia ser um poço de feminilidade. Tinha de ser uma mulher com atitude", lembra.
Para alcançar o tom certo, Claudia contou com a ajuda do próprio figurino. "Gravo sempre de jeans e camiseta. Só que tudo justinho, marcando os traços femininos dela", suaviza.
Outro fator contribuiu a favor de Claudia em sua construção: a personagem apareceu em meados do segundo mês de exibição da novela. Ou seja, quando começou a gravar, a atriz já sabia que tom funcionava no ar para seu núcleo.
"Coincidentemente, no início, os personagens que mais chamavam atenção eram da família Copola. Só tem fera naquele grupo", derrete-se, reconhecendo que deu sorte por pegar "carona" nos conflitos já trabalhados por outros atores.
A forma madura como costuma conduzir seu trabalho se explica pela experiência de Claudia. A atriz começou bem jovem e está prestes a comemorar três décadas de profissão. "Comecei em 80", sinaliza.
Nos primeiros anos, Claudia se dedicou mais ao cinema. Mas, depois de algumas participações tímidas, chamou a atenção quando encarnou a jovem protagonista da primeira fase de Tieta, da Globo, em 1989.
Emendou o trabalho com uma personagem fixa em Rainha da Sucata que lhe rendeu bons frutos no ano seguinte. "O Jorge Fernando me chamou para protagonizar Vamp e fiquei alucinada com aquilo. Até hoje as pessoas me chamam de Natasha", explica a atriz.
Agora, às vésperas de se despedir do papel, Claudia não sabe o que vai acontecer no futuro. A atriz não tem contrato com a Globo e, até agora, nada foi conversado. Com saudades de fazer cinema, chega a pensar em, talvez, se dedicar novamente aos longas em 2009.
E não exclui a possibilidade de assinar com algum canal por longo prazo. "Mas tudo depende. Tem que ver em qual emissora e saber o que pretendem", desconversa, deixando no ar a possibilidade de já ter sido sondada por alguma.
A Favorita - Globo - Segunda a sábado, às 21h15min.
Quase cantora
Claudia sempre gostou de cantar. Mas nunca teve coragem para se aventurar na música. A não ser em seus próprios trabalhos como atriz. E foi isso que fez na época em que foi chamada para protagonizar Vamp, em 1991, na Globo. Sua personagem, a vampira Natasha, era uma estrela internacional do rock. E, por isso, a emissora fez teste com algumas mulheres para que Cláudia dublasse as músicas.
Na época, a atriz se ofereceu para o diretor Jorge Fernando, que pediu para ver o que a jovem era capaz de fazer. Impressionado, Jorge decidiu colocá-la no teste, mas sem informar que se tratava da própria protagonista. "Fui escolhida sem saberem que era eu", recorda, orgulhosa.
Por esse e outros motivos, Claudia ainda se derrete quando se lembra do trabalho. E não hesita em afirmar que só ali aprendeu a fazer TV. "Era impressionante, dava para reparar a minha evolução. Eu não sabia usar direito a linguagem da TV. Nem me posicionar. Ganhei essa noção em Vamp", atesta.
Mesmo com o sucesso da novela, Claudia não quis tentar se lançar na música. "Acho muito brega essa onda de 'agora vou virar cantora'. Um cantor não é feito só de voz. Tem toda uma filosofia musical além disso", critica. Na época, Claudia gravou para a novela as músicas Don't Let the Sun Go Down on Me, de Elton Jonh; Simpathy for the Devil, dos Rolling Stones, Quero que Vá Tudo pro Inferno, de Roberto Carlos, e Doce Vampiro, de Rita Lee.
Instantâneas
# Além de Vamp, outro trabalho não sai da memória de Claudia Ohana. Trata-se do longa Eréndira, de Ruy Guerra, ex-marido da atriz. "São meus dois maiores orgulhos no currículo", elogia.
# Quando posou nua pela primeira vez, em 1985, Claudia Ohana chamou particularmente a atenção por abrir mão da depilação no púbis para o ensaio.
# Cabelo, aliás, sempre foi a marca da atriz no ar. Tanto que Claudia se surpreendeu quando, em 2005, precisou cortá-lo para interpretar uma mãe alternativa em Malhação.
# Em 2006, Claudia participou do quadro Dança no Gelo, do Domingão do Faustão.