La Casa de Papel: Como imprimir € 984 milhões em 114 horas
Nadar em dinheiro tal qual o Tio Patinhas, um sonho distante para 99% da população. Mas sempre tem aquele 1%...
Na série La Casa de Papel, acompanhamos um grupo de criminosos (eu deveria dizer quadrilha, mas alguém consegue chamar esse bando de bandidos simpáticos de quadrilha?) invadindo a Casa da Moeda da Espanha com o intuito de imprimir muitas notinhas e fugir por um túnel. Não sabemos os nomes verdadeiros deles, apenas seus apelidos, que são nomes de cidades famosas. Guiados pelo Professor, o encabeçador idealista do assalto, a história se desenrola.
Como toda boa série latina, não podia faltar muito amor, sangue, suor e lágrimas para temperar os ânimos.
No oitavo episódio da segunda parte de La Casa de Papel, o Professor, o único integrante da quadrilha (pronto, falei) que estava fora da Casa da Moeda, termina de abrir o túnel e entra no local, é conduzido por Nairóbi até a sala onde todo o dinheiro impresso está guardado. Ao todo são 984 milhões de euros, devidamente empacotados à vácuo.
A série faz questão de nos informar o dia, horário e quanto tempo se passou desde o início do assalto. A ação começa às 08h35 de sexta-feira e termina às 18h28 de quarta-feira – cerca de 130 horas, no total.
Se descontarmos o tempo de entrar na Casa da Moeda, na quarta, e toda a ação depois que Berlim ordena que Nairóbi pare as máquinas, na sexta, temos 114 horas de impressão ininterrupta de dinheiro. São 8,6 milhões por hora – nada mal, não acha?
Nairóbi também menciona, no segundo episódio da primeira parte, que as máquinas funcionarão 24 horas por dia, com paradas técnicas a cada 3 horas. Além disso, a cada meia hora que a máquina ficar parada, eles perdem meio milhão.
Eu sei que estamos falando de uma ficção e que ela é tipo Lua de Cristal: o que você quiser, basta acreditar. Mas você acha mesmo que seria possível imprimir tanto dinheiro em tão pouco tempo?
Bem, a resposta mais direta é não.
Não encontrei informações sobre como funciona a Casa da Moeda espanhola – acredito mesmo é que os euros não são impressos lá. Além disso, a verdadeira Casa de la Moneda está mais para um centro cultural do que um local onde se imprime dinheiro.
Por isso, transfiro a comparação para a Casa da Moeda brasileira, onde nosso dinheiro é (quase sempre) impresso. Segundo um artigo no site Superinteressante, são impressas cerca de 10 mil folhas por hora – e cada folha rende 50 notas. Ou seja, se imprimíssemos apenas notas de R$ 100, em uma hora seria possível produzir 50 milhões de reais. Até aí, nada de errado.
O problema é que não dá pra sair imprimindo e empacotando a grana, as notas precisam secar por dois dias. Cada nota recebe 15 pigmentos diferentes, fora o número de série e a faixa holográfica na lateral das notas de R$ 100.
No fim das contas, o processo completo de impressão, análise e acabamento de cada nota leva cerca de dez dias. Não restam dúvidas: Sr. Torres é o melhor empregado de todos os tempos.
Vale lembrar, ainda, que no segundo episódio da primeira parte de La Casa de Papel, Tóquio menciona que eles almejam sair com dois bilhões e quatrocentos milhões de euros – mas, no final, eles não conseguem arredondar nem 1 bilhão. De qualquer forma, entre mortos, feridos e novas famílias formadas, eles devem ter saído nadando em dinheiro – 196,8 milhões de euros para cada um dos cinco sobreviventes.
E você, o que faria com toda essa grana?
[Parceria Coisas que Aprendi com Séries]