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Visual é ponto forte no premiado 'Famosos e os Duendes da Morte'

1 abr 2010 - 12h13
(atualizado às 13h01)
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Foto: Divulgação
Os Famosos e os Duendes da Morte

, o premiado curta-metragista Esmir Filho estreia na direção de longas mergulhando numa adolescência bastante típica ¿ mas, ao mesmo tempo muito particular ¿ de um grupo de personagens, moradores de uma pequena comunidade rural no sul do Brasil.

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O protagonista do filme, que estreia em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, não tem nome e é interpretado pelo estreante Henrique Larré. Ele é um garoto cuja alienação é tão forte que seu mundo se resume a quase nenhum amigo e à tela de um computador. Tal qual praticamente toda a sua geração, a janela para o mundo é formada por pixels e bites e o pseudônimo Mr. Tambourine Man.

Ao mesmo tempo, o jovem parece fruto de outra época. Seu cantor preferido é Bob Dylan - a canção Mr. Tambourine Man é bastante importante para o filme - e a melancolia é o sentimento que o domina. Na sua cidadezinha, de colonização alemã, algo bastante estranho também acontece: há um alto número de suicídios. As pessoas se matam, talvez por causa do isolamento do local, talvez por conta de depressões e angústias, pulando de uma ponte.

Fantasmas, reais e imaginários, realistas e metafóricos, perseguem o protagonista. As memórias das pessoas que se foram, especialmente a irmã de um amigo, o consomem. A possibilidade de estourar a bolha nada confortável onde ele vive aparece quando Bob Dylan - sim, "a voz de uma geração", "o poeta do folk" em pessoa - dará um show em São Paulo. Uma pessoa , a bites de distância do protagonista, o encoraja: "Vá embora desse lugar. Vá atrás de seu sonho".

Nessa jornada de autodescoberta, uma figura periférica, aos poucos, vai tomando o centro. Trata-se de Julian - interpretado por Ismael Caneppele, autor do livro em que o filme é baseado, e corroteirista, ao lado do diretor. Ele é o ex-namorado da irmã do melhor amigo do protagonista, Diego (Samuel Reginatto). A garota (Tuanne Eggers) é vista em imagens de webcam e vídeos.

Basicamente, Os Famosos e os Duendes da Morte é um filme sobre a crença nos próprios sonhos, sobre o rompimento dos próprios laços, da própria alienação para descobrir e conquistar o mundo - ou ser engolido por ele. Primeiramente, o personagem central tenta isso pelo computador. Afinal, é mais cômodo, mais fácil, menos doloroso. Mas também, menos prazeroso. Romper com a bolha, cortar o cordão umbilical, são processos lentos que respeitam a velocidade de cada um.

No filme, que foi o grande vencedor do Festival do Rio no ano passado, o diretor Esmir Filho (Saliva, Alguma Coisa Assim, além do sucesso da Internet Tapa na Pantera) passa boa parte do tempo estabelecendo um clima, delineando personagens e retratando suas angústias.

O longa é repleto de belas imagens ¿ assinadas por Mauro Pinheiro Jr. (Linha de Passe). Ainda assim, elas nunca parecem atender a uma necessidade narrativa. Os simbolismos do filme também são exagerados, carregados. Uma bruma define o tom de isolamento e melancolia. Os personagens parecem sair do nada quando andam pelas ruas. As casas parecem não existir, engolidas pela névoa.

Com vários pontos de contato com o cineasta Gus Van Sant - especialmente seu filme Paranoid Park -, Os Famosos e os Duendes da Morte, tal qual um adolescente, parece levar-se a sério demais, sem levar tanto em conta que existe um mundo (e um cinema) antes dele e que o aqui e agora são efêmeros. Se este é um retrato da juventude, parece ser algo bem específico, no lugar e no tempo.

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